Convidei um amigo e apaixonado enófilo, para almoçar em minha
casa com a promessa que eu prepararia alguns pratos clássicos da cozinha
piemontesa se ele fornecesse os vinhos.
Os pratos: “Carne Cruda Battuta al Coltello” (carne crua
picada com faca) em quatro versões, “Risotto aí
Funghi Porcini” (risotto com cogumelos secos” e “Ossobuco al Civet” (ossobuco ao
molho de vinho)
Receitas calóricas, condimentadas e importantes, que exigiam
vinhos tintos, também, importantes.
O amigo não decepcionou e se apresentou com um Lessona Sella 2007
e um Taurasi
Mastrobernardino 2008.
Uma pequena pausa antes do almoço....
O Lessona, desde sempre um dos meus tintos preferidos, nasce
nas terras da aldeia homônima, no extremo norte do Piemonte, é produzido por meia dúzia de produtores e as vinhas cobrem um total de 34 hectares.
A pequena área, todavia, produz um gradíssimo vinho.
Fazendo uma conta rápida é possível deduzir que a produção, da
DOC Lessona, não supera as 200-220 mil garrafas.
Vinho raro, mas nem por isso caro, o Lessona Sella custa 20-25 Euros nas enotecas italianas.
Vinho, de proverbial elegância, produzido pela vinícola Sella
desde 1671, é vinificado com 85% de Nebbiolo e 15% de Vespolina e afina,
durante 24 meses, em toneis de carvalho de 25 hectolitros.
Por sua incrível elegância poderia comparar o Lessona à sofisticada
classe de Audrey Hepburn.
O Lessona Sella 2007
acompanhou perfeitamente a “Carne Cruda” e o risotto.
O “Taurasi Radici”, que
estava respirando, tranquilamente em um canto, foi servido quando o ossobuco
chegou à mesa.
Já ao nariz pude perceber que Taurasi da Mastrobernardino falava inglês e, pior, com o sotaque americano da
Winespeculeitor: Garrafas “fabricadas”
para agradar aos enófilos que continuam “mastigando” vinho.
Na boca a certeza e o desespero…. Se o Lessona me lembrara a Audrey Hepburn,
aquele Taurasi trazia à mente o Mike Tyson.
Madeira em quantidade industrial, excessivas notas balsâmicas
(parecia que estava cercado por uma floresta de eucaliptos), taninos
agressivos, equilíbrio zero…um horror.
Não quis melindrar meu convidado declarando que aquele Taurasi
era uma “tremenda bosta”, mas encostei a taça e não bebi mais nem meio gole.
A Aglianico, casta que o origina, se adaptou perfeitamente nas
terras montanhosas da sub-região “Irpinia” (província de Avellino), mais
precisamente em Taurasi, cidade que lhe empresta o nome e nas aldeias
limítrofes.
O “Taurasi” é um vinho soberbo que recomendo com entusiasmo, mas,
sem pensar muito, afirmo que o “Taurasi Radici”, da Mastrobernardino, “fa cagare”.
Bacco
Winespeculeitor. Rindo ate o carnaval acabar.
ResponderExcluirEu estou chorando, até agora, quando lembro daquela porcaria
ResponderExcluirmuitas vezes me pergunto qual a quantidade de vinhos ruins que tomei na vida comparado aos vinhos bons, que realmente marcaram, deixaram saudades. 3 para 1? 4 para 1? Salute e fortuna, peste.
ResponderExcluirpena que o Lessona deixou de ser importado pela Cellar....não encontro mais no Brasil
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