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sábado, 2 de março de 2019

LESSONA SELLA X TAURASI RADICI


Convidei um amigo e apaixonado enófilo, para almoçar em minha casa com a promessa que eu prepararia alguns pratos clássicos da cozinha piemontesa se ele fornecesse os vinhos.
 

Os pratos: “Carne Cruda Battuta al Coltello” (carne crua picada com faca) em quatro versões, “Risotto aí Funghi Porcini” (risotto com cogumelos secos” e “Ossobuco al Civet” (ossobuco ao molho de vinho)
 

Receitas calóricas, condimentadas e importantes, que exigiam vinhos tintos, também, importantes.
 

O amigo não decepcionou e se apresentou com um Lessona Sella 2007 e um Taurasi Mastrobernardino 2008.

Uma pequena pausa antes do almoço....

O Lessona, desde sempre um dos meus tintos preferidos, nasce nas terras da aldeia homônima, no extremo norte do Piemonte, é produzido por meia dúzia de produtores e as vinhas cobrem um total de 34 hectares.
 

A pequena área, todavia, produz um gradíssimo vinho.

Fazendo uma conta rápida é possível deduzir que a produção, da DOC Lessona, não supera as 200-220 mil garrafas.

Vinho raro, mas nem por isso caro, o Lessona Sella custa 20-25 Euros nas enotecas italianas.

Vinho, de proverbial elegância, produzido pela vinícola Sella desde 1671, é vinificado com 85% de Nebbiolo e 15% de Vespolina e afina, durante 24 meses, em toneis de carvalho de 25 hectolitros.
 

Por sua incrível elegância poderia comparar o Lessona à sofisticada classe de Audrey Hepburn.
 

O Lessona Sella 2007 acompanhou perfeitamente a “Carne Cruda” e o risotto.

O “Taurasi Radici”, que estava respirando, tranquilamente em um canto, foi servido quando o ossobuco chegou à mesa.

Já ao nariz pude perceber que Taurasi da Mastrobernardino falava inglês e, pior, com o sotaque americano da Winespeculeitor:  Garrafas “fabricadas” para agradar aos enófilos que continuam “mastigando” vinho.

Na boca a certeza e o desespero…. Se o Lessona me lembrara a Audrey Hepburn, aquele Taurasi trazia à mente o Mike Tyson.
 

Madeira em quantidade industrial, excessivas notas balsâmicas (parecia que estava cercado por uma floresta de eucaliptos), taninos agressivos, equilíbrio zero…um horror.

Não quis melindrar meu convidado declarando que aquele Taurasi era uma “tremenda bosta”, mas encostei a taça e não bebi mais nem meio gole.

O Taurasi é um dos mais importantes tintos italianos.

 

A Aglianico, casta que o origina, se adaptou perfeitamente nas terras montanhosas da sub-região “Irpinia” (província de Avellino), mais precisamente em Taurasi, cidade que lhe empresta o nome e nas aldeias limítrofes.
 

O “Taurasi” é um vinho soberbo que recomendo com entusiasmo, mas, sem pensar muito, afirmo que o “Taurasi Radici”, da Mastrobernardino, “fa cagare”.
 

Bacco

4 comentários:

  1. Winespeculeitor. Rindo ate o carnaval acabar.

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  2. Eu estou chorando, até agora, quando lembro daquela porcaria

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  3. muitas vezes me pergunto qual a quantidade de vinhos ruins que tomei na vida comparado aos vinhos bons, que realmente marcaram, deixaram saudades. 3 para 1? 4 para 1? Salute e fortuna, peste.

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  4. pena que o Lessona deixou de ser importado pela Cellar....não encontro mais no Brasil

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