Hawaii, para quem pode dar uma escapada, surpreende, até, o
mais exigente viajador.
Em poucos lugares há tanta coisa bonita e útil.
A expansão do universo foi provada graças aos instrumentos de
lá, menção honrosa ao observatório da Big Island (cientistas afáveis e
bem-dispostos perdem um tempão conversando com Zé ruelas de qualquer origem ou
formação, basta ter boa vontade para aprender e escutar).
Comida deliciosa (peixe fresco faz um poke imbatível), praia,
natureza, mares quentes, estrelas, gente de bem com a vida, nenhum flanelinha,
nenhum carro arrombado, talvez o melhor café do planeta........ e um monte de
picareta.
O “Kona Café” é algo
inesquecível.
Aromas e gostos únicos de
um lugar tão especial, conduzido por americanos (que quando resolvem fazer as
coisas, fazem bem feito), com uma DOC bem regulamentada e inspecionada.
Kona produz
café nas encostas de uma montanha que, em priscas eras, jogou um monte de lava
ali.
Lava que foi quebrada
pelo tempo e forrou o solo com minerais e cátions e ânions perfeitos para o
café.
Café que, aliás, saiu do bananal em 1800 pelas mãos de um
chileno (tinha que haver um chileno num artigo sobre picaretagem).
As condições climáticas, também, beiram a perfeição para a
plantio do café.
Chuva na hora certa, uma cobertura de nuvens sobre a área do
plantio (isso se vê da estrada).
Sombra perfeita que possibilita a produção dos melhores grãos
gourmets.
Altitude, também, na medida certa.
A colheita é manual, observa critérios ultra rigorosos na
escolha da café cereja, as várias seleções (manual ou mecânica e por
cromatografia, essa cada vez mais comum) são feitas até que todos os grãos obtenham
um padrão de qualidade.
Somente após, a comprovação da alta qualidade, os grãos são
processados
Os que, por ventura, não passam pelo rigoroso controle, viram
algum creme, sorvete ou são vendidos a um preço bem menor.
“Kona Café”: Um show
que custa um rim.
No mínimo USD 90.00 por kg.
E aí que a picaretagem (que reduz os gaúchos a alicate de
manicure na comparação) pega forte.
Prenda a respiração:
O verdadeiro e 100% “Kona Café” deve ser
produzido exclusivamente com de grãos provenientes da região demarcada e de
qualidade superior (há várias camadas).
Dentro do ‘’distrito” de Kona há a lei mais absurda de todas: Se o BLEND tiver
ao menos 10% de “Kona Café”, pode ser vendido com o nome “KONA BLEND”.
O “Kona Blend”, logicamente,
é obtido com uma mistura de cafés de qualidade inferior e muito mais barata.
A grande maioria dos consumidores não conhece a malandragem e
muitos deles, não percebendo o engodo, acabam comprando o blend por uma verdadeira
fortuna
Elvis Presley deve estar rolando no tumulo de vergonha (se
estiver morto mesmo......).
Ainda assim, pasme, há gente que abusa do 10% mínimo na
mistura (colocam menos) e acaba indo parar na cadeia.
E paga uma multinha por fraude fiscal ao fisco (aquele que pôs
na cadeia o Al Capone e o talentoso Wesley Snipes).
Picaretagem é algo realmente uma marca d’agua do homo sapiens,
não somente do homo bombachus ou homo bananicus.
Pão com bromato, vinho
envelhecido em tonel revestido de ouro, biodinamismo, time share de condomínio
na praia, metanol no álcool... formol no leite, água oxigenada no leite,
bitcoin, etc etc.
Percamos quaisquer esperanças.
Vamos durar menos que os dinossauros.
Bonzo
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