Já não lembro quantas vezes visitei a Borgonha, mas sei,
perfeitamente, quanto é preciso de paciência para comprar, diretamente, do
produtor os grandes brancos produzidos na região.
Quando falo "região" estou me referindo
especificamente aos vinhos de Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet, Meursault
e Aloxe-Corton.
Comprar as denominações "Bougogne"
e "Village" é fácil, o problema
aparece quando se desejam os Premiers Crus e
os Grand Crus.
Aliás, não é um problema, são dois: o peço e a quantidade.
O preço: É praticamente impossível encontrar um
Premier Cru abaixo de 40 Euros.
As razões? A
qualidade incomparável dos Chardonnay locais, a "pequena" produção e
a sempre maior procura.
Os chineses, também, descobriram a Borgonha e, como se já não
bastassem os russos e americanos, estão comprando tudo o que aparece pela
frente sem dar a mínima para o preço.
Para que se tenha uma idéia, da importância que é reservada
aos consumidores de olhos amendoados, as duas vendedoras que atendem na "Caveau
Municipal" de Chassagne-Montrachet, são chinesas.
Visitei, até agora, quatro vinícolas e consegui comprar dez
garrafas do "quase amigo" Thomas Morey.
"Quase amigo" porque conheço e compro do Morey há vários
anos.
Marc me vendeu 2 garrafas de Chassagne-Montrachet " Les Dent de
Chien", 4 de "Vide Bourse" e 4 de Puligny-Montrachet "La
Truffiere" e...... au revoir.
O mais interessante, do papo com Thomas Morey, foi uma
revelação que veio, como sempre, após a segunda taça degustada.
Quando perguntei qual de seus vinhos ele preferia, sem pensar
duas vezes, Morey respondeu: "La
Truffiere".
É preciso saber, antes de continuar, que Morey produz, entre
outros, mil garrafas do Grand Cru Bâtard-Montrachet.
Intrigado com sua preferência, indaguei: "Mas o Bâtard é um Grand Cru e LaTruffiere é
um Premier Cru?"
"E daí? O Batârd é mais "gordo",
possante, enche mais a boca, mas não tem a elegância, finesse e mineralidade do
"La Truffiere"
"Porque é um Grand Cru! É mais
conhecido, procurado e há um exército de bobos que só compram nome e não vinho".
Risadas e mais uma taça de "La
Truffiere" para brindar o final nosso encontro.
Jean Claude Bachelet, como de costume, não me vendeu uma única
garrafa e estou pensando, seriamente, em deixar de visitá-lo e quase implorar
para comprar seus vinhos.
O Bachelet produz grandes vinhos, mas já me cansou....
Bruno Collin estava viajando e Gilles Bouton, apesar da minha
insistência, em apertar a campainha, não me atendeu.
Aguardem a próxima matéria.
Bacco
Sensacional!
ResponderExcluirCiao, Peste-mor.
ResponderExcluirPor falar em Morey: Pierre Morey, conhece os vinhos dele? Eu vi ampolas (arghhh, eca, socorro) por aqui, mas resolvi nao arriscar. Alguns chardonnays inclusive sao de 1999.
Mas nada de premier ou grand cru, sao apelacao borgonha somente.
Auguri.
Morey,Bachelet, Collin, na Borgonha são nomes muito comuns. O Pierre é um respeitado produtor de Meursault e seu vinhos são bons ,mas eu não arriscaria como um denominação Village ou Bourgogne 1999. Aliás não arriscaria nem com o Grand ou Premier Cru.
ResponderExcluirMerci. Sou meio teimoso....carteira esta cocando para comprar uma garrafa do 1999. So $ 25.00, da para encarar. Se nao for bom (acho que nao he nada especial), vai temperar algum salmao bem gordinho.
ExcluirTomei seu Alessandria 2012. Gostei.
Boa sorte. Uma pergunta: qual Alessandria você bebeu?
ExcluirBom dia, muito interessante seu texto, sempre leio e fico "viajando". Sou apaixonado por borgonha, bebo pouca coisa fora de lá, paixão mesmo, amor...sei lá. Planejando minha primeira viajem para aquela terra santa em breve, porque também concordo com você que para conhecer um vinho, não basta apenas bebê-lo, é preciso também conhecer onde e quem o faz. Agora, me deixou curioso o seu comentário que não arriscaria nos 1999, isso se deve ao produtor mencionado ali, ou a qualquer vinho de qualquer produtor? Afinal a safra 99 foi espetacular, já bebi alguns villages que estavam sublimes e ainda aguentavam guarda fácil, fácil...abraços.
ExcluirFoi o Gianfranco Alessandria 2012. Creio que aguenta mais um tempao debaixo da cama. Boa dica.
ExcluirAnônimo Veneziano, um dos axiomas mais furados do mundo dos vinhos é justamente aquele que declara: "O vinho quanto mais velho melhor". Acredito que a declaração foi inventado por alguém que nada entedia de vinho. O Vinho é vivo: nasce, emadurece e morre. Vou lhe dar uma dica: esperar para ver até onde uma safra pode ir pode ser um exercício de paciência e de sorte. Raramente vinhos com mais de 20 anos se apresentam com características intactas . É muito melhor beber, qualquer vinho , por mais badalado que seja, com 10 - 15 anos do que tentar descobrir sua longevidade máxima. Exemplo: uma mulher, ou um homem, não atinge seu esplendor com 15 anos ,mas com 60 "fa cagare". Com 35 anos está no ponto..... O vinho é exatamente igual . Esqueça o desafio do tempo e vá na certa
ResponderExcluir