Você sempre sonhou em conhecer a Borgonha, beber, todos os dias,
seus grandes vinhos, provar os pratos da rica gastronomia regional e, quem
sabe, viver em uma das calmas, lindas e famosas aldeias da Côte D'Or?
Conhecer, beber seus grandes vinhos e apreciar a gastronomia
local é viável, possível..... dispendioso, mas viável e possível.
Viver, em uma calma aldeia da Côte D'Or, nem pensar.
Depois de um mês, morando, por exemplo, em
Chassagne-Montrachet ou você vira alcoólatra, se suicida, morre de tédio, ou se
muda, desesperado, para Beaune ou Dijon.
Enlouqueci?
Não, nem um pouco.
Antes de amaldiçoar o Brasil, suas caóticas e perigosas
cidades e se transferir, de mala e cuia, para Puligny-Montrachet, Saint Aubin, Chassagne-Montrachet,
Pommard, Vougeot, Chambolle-Musigny etc., algumas dicas.
É preciso saber que raras são as vilas que superam os 1.000
habitantes (Meursault e Volnay superam).
Quase nenhuma , pasmem , tem, sequer, uma farmácia.
Bares para beber um bom vinho?
Raros, caros e em muitas aldeias não há nenhum.
Resultado: Se você resolver encher a cara, em Chassagne-Montrachet,
deverá levar garrafas, saca-rolhas, taça, sentar em um banco qualquer e tomar,
tranquilamente, seu porre.
Em Chassagne não há um bar, em Saint Aubin, idem.
Em Puligny há dois: O
primeiro fecha as portas às 20 horas e o segundo as 22.
Em Saint Aubin não há nenhum restaurante.
A população, de todas as vilas produtoras de vinhos famosos, é
composta por vignerons que dormem cedo, cedo acordam e não são, exatamente,
lembrados por suas intensas vidas sociais.
Um pouco mais agitada, com seus 1.400 habitantes, Meursault
acolhia três bares.
Um fechou e os outros dois encerram as atividades bem antes da
meia noite.
Estou relatando a vida noturna da primavera e verão.
No inverno?
Bem no inverno.... Você tem presente o personagem vivido por Jack Nicholson em "Shining"?
É isso aí!
Estou exagerando?
Veja as fotos que bati as 20 e às 22 horas e
Puligny-Montrachet e depois tire suas conclusões.
Uma das raras notícias excitantes dos últimos anos, na região,
foi proporcionada por um casal de palhaços brasileiros que, para recordar suas
origens circenses, escalaram a cruz medieval da Romanée-Conti.
Os palhaços serão rapidamente esquecidos e a monotonia voltará
às aldeias da Côte D'Or.
Bacco
Estimado Baquinho,
ResponderExcluirQual o motivo para o qual os moradores da regiao nunca se dispuseram a inventar alguma coisa para atrair mais $ para a regiao tipo agroturismo italiano, os wine spas da america, ou os jardins da babilonia nas vinicolas gauchas? Nao precisam da enxecao de bagos que trazem os turistas (ha idiotas como o Tropeco Beato, mas ha gente do bem tambem)? Fatura-se bastante com 'wine clubs' e vendas diretas, muito mais que vendas aos varejistas.
Me lembro como se fosse ha 15 anos quando estive em Beaune e fui atendido por senhoras gordas usando aventais (daqueles de quem trabalha mesmo) que me venderam algumas pecas de arte.
SDS, bastardo.
A tênue linha entre o romântico e o entediante. Bela prosa, Bacco! Forte abraço!
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