Estou acompanhando com atenção as matérias em que o Dionísio
tenta simplificar e desmistificar o reconhecimento dos aromas presentes nos
vinhos.
É boa a iniciativa, especialmente se lembramos o total
despreparo das AB$ da vida na formação de competentes profissionais do ramo.
Poderíamos resumir, o corpo docente das AB$, da seguinte
forma: Os
que não sabem tentam ensinar aqueles que desconhecem.
Meia dúzia de degustações, sempre com os onipresentes Cabernet
Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Syrah (preferencialmente chilenos, nacionais
e argentinos) Carmenere, Tannat etc., algumas palestras, muita encheção de
linguiça e.…. Um tsunami, de despreparados sommerdiers,
acaba invadindo o mercado de trabalho.
Resultado?
Patético…tragicamente patético.
Querem conhecer um episódio emblemático que aconteceu, há
alguns anos, no “Gazebo dos
Pardais Perdidos”, na QI 28 do Lago Sul?
No antigo endereço, antes que os pardais nidificassem na
proximidade da” Ponte dos Suspiros Candangos” (eu suspirava a cada reajuste no
custo) ordenei, ao sommerdier da casa, uma garrafa de Chablis.
Após dez longos minutos de espera o “profissional” retornou à
mesa.
Com ar desolado e voz
grave anunciou: “Doutor o Chablis tinto acabou. Serve o
branco?”
Na hora da conta restaurante teve a coragem de cobrar 10% pelo
(des)serviço.
Outro belíssimo exemplo, de despreparo profissional, aconteceu
na grande enoteca brasiliense “xaxaxaxa”.
Tenho boas relações com os vendedores da empresa que, por sua vez,
conhecem minha predileção pelos vinhos franceses e italianos.
Um dos profissionais, após as brincadeiras de praxe, foi logo
dizendo:
“Bacco recebemos uma batelada de vinhos franceses e os preços estão bem acessíveis. Veja, por exemplo, este Beaune........”
“Bacco recebemos uma batelada de vinhos franceses e os preços estão bem acessíveis. Veja, por exemplo, este Beaune........”
O vendedor pronunciou o nome da cidade francesa exatamente
como se escreve em português.
Levei um susto e fui logo falando:
“Se não fosse meu amigo te detonava agora mesmo. Você nem sabe pronunciar corretamente o nome do vinho. Está na cara que desconhece totalmente o produto e não pode aconselhar ninguém”
“Se não fosse meu amigo te detonava agora mesmo. Você nem sabe pronunciar corretamente o nome do vinho. Está na cara que desconhece totalmente o produto e não pode aconselhar ninguém”
O rapaz confessou que o curso, que havia frequentado na AB$,
não abordava nada profundamente e todos os vendedores, também, se sentiam inseguros,
despreparados e muitas vezes informavam incorretamente os clientes.
Percebendo suas deficiências e a de seus colegas, o vendedor, sugeriu que eu ministrasse uma pequena aula
sobre vinhos da Borgonha.
Argumentei que não era professor e não me sentiria à vontade
no papel.
O amigo insistiu tanto que finalmente aceitei.
“OK! Conheço
bem a região, tenho mapas da Côte d’Or e em duas horas, ou pouco mais, acredito
que poderei repassar algumas informações interessantes sobre denominações, terroir,
castas etc. além de responder às perguntas do pessoal, mas não vou perder meu tempo….
Quero duas garrafas de Taittinger”
O amigo, contente com minha anuência, respondeu:
” Vou falar agora
mesmo com o Zé (nome fictício do proprietário) e acredito que a gente pode
marcar para próxima segunda feira “
Como era mais que previsível já se passaram umas dez segundas
feiras e eu continuo esperando sentado o convite e o Champagne.
Os vendedores da “xaxaxaxaxa” continuam não entendendo nada de
vinho francês.
Os empresários brasilienses sabem cobrar, mas não sabem
investir na especialização e aperfeiçoamento dos funcionários.
Viva Brasília, capital mundial dos sommerdiers!!!!
PS. Dois esclarecimentos: Não revelei o nome da loja para não
prejudicar os funcionários. O Taittinger custava, para os clientes, R$ 189,00. É
mais que obvio: Minha “aula” custaria, para a enoteca, R$240/250.
Investir na especialização dos funcionários eles não querem, mas várias lojas e algumas importadoras mandam vinhos para eno(bobos)bloggers avaliarem e falarem bem nos seus blogs ridículos.
ResponderExcluirSds,
Jean
vc aceitaria fazer este curso para mim e uns (poucos) amigos? Pagaríamos as duas garrafas de Taittinger com o maior prazer!! Abraços e parabéns pelo blog, a cada dia melhor!!
ResponderExcluirEstou escrevendo uma matéria que responde às suas perguntas
ResponderExcluirTambém pagaria feliz as duas garrafas...
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