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sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

O GRANDE E ESQUECIDO GRIGNOLINO 2

 


O garçom despejou um pouco de vinho na taça, com olhar esperançoso aguardou minha aprovação, anotou os pratos de minha escolha e rapidamente desapareceu por entre as mesas.



 Olhei para o vinho, que girava em minha taça e finalmente pude saborear, com a tranquilidade merecida o “Grignolino del Monferrato CasaleseTenuta Migliavacca 2019”.



Ótimo vinho que parecia ainda melhor ao ser degustado admirando o fantástico panorama que a varanda do restaurante “Leon D’Oro” proporciona a seus afortunados clientes.



Enquanto girava a taça, admirava a linda cor rubi-claro (quase um rosé carregado) do Grignolino, me deliciava com seus aromas floreais e de especiarias, o paladar agradecia a fina harmonia de seus taninos, o retrogosto de amêndoas, o longo e refinado final, Umberto Eco invadiu minha mente.

Alguém perguntará: O que o autor de “O Nome Da Rosa” tem a ver com o Grignolino Tenuta Migliavacca? ”



Muito!

Na entrevista, de 2015, “Comunicazione e Cultura dei Media”, o grande semiólogo italiano comentou sobre a internet: “ ...as mídias sociais deram voz a uma legião de imbecis....é a invasão dos imbecis”.



Através da taça, do transparente e brilhante “Grignolino del Monferrato Casalese 2021” era possível admirar a calma e misteriosa “Isola del Silenzio”.

 Diante de tanta beleza a mente divagou, pelo passado e tentou lembrar quantos sommelliers, influenciadores, críticos, jornalistas, youtubers, ticktokers etc. etc. etc. do Brasil, haviam degustado, criticado, comentado, recomendado, qualquer coisa, enfim, sobre aquele vinho do Monferrato.



A resposta?

 Um zero total...

 Foi neste exato momento que Umberto Eco e “seus eno-imbecis” invadiram minha mente:

No Brasil, a imensa maioria dos que escrevem, comentam, recomendam e divulgam vinho, são os típicos imbecis a que Eco se referia, mas com uma atenuante: os que os seguem são, também, imbecis...é uma grande família.



Não é a primeira e não será a última vez, que escrevo uma matéria sobre o Grignolino, que, desde sempre, é um dos meus vinhos tintos piemonteses preferidos.

Quiser mais informações é só acessar o link abaixo.

https://baccoebocca-us.blogspot.com/2018/10/grignolino-2.html


Para conhecer realmente o Grignolino seria necessário percorrer, algumas vezes, o Monferrato, pátria da casta piemontesa.

O Monferrato, sub-região do Piemonte, se estende pelas províncias de Asti e Alessandria.

Confina, ao norte, com o rio Po e ao sul com a Ligúria.

O território do Monferrato, em sua quase totalidade, é coberto por colinas e a viticultura é mais importante atividade econômica.



Barbera, Moscato, Timorasso, Dolcetto, Freisa, Ruchè, Cortese (Gavi), Brachetto, Gamba di Pernice e naturalmente, Grignolino, são as variedades mais cultivadas e vinificadas no Monferrato.



As novas gerações de enófilos, que já não endeusam os mastigáveis “vinhões parkerianos”, não possuem muita grana para torrar, com as caras e manjadas etiquetas, estão aposentando antigos ícones vinícola e buscando vinhos bons, mais baratos e fáceis de beber…o Grignolino é exatamente um destes vinhos.



O “Grignolino del Monferrato Casalese Tenuta Migliavacca 2021” me impressionou a tal ponto que no meu retorno, para Santa Margherita, resolvi abandonar a rota principal, percorrer estradas secundárias, conhecer San Giorgio Monferrato e comprar algumas garrafas diretamente na vinícola “Tenuta Migliavacca”

Boa ideia!  

                                                           

Visitei a pequena aldeia, de pouco mais de mil habitantes, o belíssimo Castello di San Giorgio que, apesar de seus 1.200 anos, continua em boa forma e bem conservado.

....e por falar em castelo.... Para os abonados de plantão informo que o castelo, seus, 4.000 m²de superfície coberta, 17 quartos, 12 banheiros e mais 90 cômodos (salas, salinhas, salões, biblioteca, cozinhas, adegas, subterrâneos, torres etc.), 7.000 m² de terraço, 3,5 hectares de vinhedos etc., está à venda por 2.800.000 Euros.



Mais uma ótima oportunidade para um dos nossos intrépidos viticultores migrar e ensinar, aos italianos, como vender garrafa de Grignolino por 80 Euros.....

Três quilômetros separam o centro da aldeia da “Tenuta Migliavacca”.

Um bom papo como proprietário, Francesco Brezza, degustação de Grignolino 2021, 2022, de Barbera 2020, uma rápida negociação e ......54 Euros depois, 6 garrafas de “Grignolino del Monferrato Casalese Tenuta Migliavacca” 2021 foram para o porta-malas do meu carro.



Para quem gosta de vinho e não de etiquetas, recomendo, com entusiasmo, uma visita ao Monferrato, suas colinas, aldeias, castelos, sem esquecer a ótima gastronomia e lembrar, enfim, que algumas garrafas de Grignolino nunca fizeram mal a ninguém...

Confira

Bacco

27 comentários:

  1. Se essa uva fizesse vinhos tão bons assim, deveria haver correria por eles. E nao ha. Acho que nosso Bacco sofre de síndrome afetiva pela região dele. Para não mencionar que ali na fonte o vinho sofreu quase nada....ao passo que para nós mortais o vinho já chega bagaçado, sofrido. Não pode ser o mesmo.

    JJ Botelho.

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    1. Mr.Botelho, sendo de uma cidade bem quente sofro com o mesmo problema dos vinhos que chegam aqui maltratados. Uma coisa que ameniza é tentar comprar seus vinhos entre junho e outubro, pois provavelmente chegaram aqui com climas menos destrutivos. Evito a todo custo comprar vinho importado em meses de calor extremo. Com um importador que gira rápido o estoque, essa dica ajuda.

      Tagarela

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    2. Tagarela, bem-vindo de volta. Como quase sempre, direito ao ponto, rapido e rasteiro. Já pensou em quantos importadores não utilizam sistema de refrigeração no transporte e armazenagem dos vinhos? JJB. Nao tenho esperanças faz tempo.

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    3. Os grandes certamente usam, tipo a Mistral, mas o sobrepreco deles é violento, quase proibitivo. Ainda assim é difícil garantir a temperatura constante em 100% do trajeto até a sua residência.

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  2. Sr. Botelho, é exatamente esse o ponto no qual Dionísio está batendo. O Grignolino é uma grande uva e os que provei são realmente impressionantes e olha que quando experimentei pela primeira vez fiquei muito intrigado, pois parecia um rosé. Porém fiquei surpreendido com a qualidade e complexidade do vinho. O problema é que as pessoas preferem comprar o que conhecem e os pontos de Barolos, Brunellos, Basbarescos, etc

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    1. Valeu, anonimo. Me convenceu. Vou comprar uma garrafa para alegrar o fim de semana. JJ Botelho.

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    2. Concordo, Bacco não quis convencer ninguém de que Grignolino é uma uva de fazer fila como a Nebbiolo, e sim, uma uva q vale muito a pena merecer destaque numa escolha em sua origem, quiçá distante também? Um bom vinho mais leve e saboroso é sempre uma bela cartada em Todas ocasiões.

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    3. Bacco, e quais foram os pratos de sua escolha? Harmonizou, teve mais vinho?

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  3. Não me lembro de matéria sobre vinho de sobremesa, se puder me lembrar através de link, por favor, agradeço. Adoro Vin Santo mas chegam caro por aqui

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    1. Não sou muito fã de sobremesa e os únicos vinhos que aprecio, depois do almoço ou jantar, são o Madeira ou Porto. Quando ainda havia o Picolit , também bebia, mas já não existe

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  4. Antipasto: Trota salmonata finocchio, arancia e Castelmagno. Petto di anatra miele e peperoncino ( Truta salmonada, erva doce , laranja e Castelmagno. Peito de pato , Mel e pimenta) adicionei a foto do prato na matéria

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  5. Se não me falha memória, em 2020 ou 19 Bacco já tentou vender um castelinho num vilarejo italiano, parece q animou de novo

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  6. Comprei, tomei e aqui estou para alguns comentarios sobre esse vinho e regiao:

    Custo: Um pouco menos que um brunello de segunda divisao. Bem menos que um barolo ou barbaresco de combate.

    Na taca: Vinho delicioso. Eu tinha acabado de matar um cabernet sauv americano muito encorpado, mas sem acidez e taninos. Dai um dia depois experimentei esse vinho (nao do mesmo produtor que o nosso Bacco mostrou aqui). Leve, complexo, todo gostoso. Pede uma comidinha, o bicho tem acidez boa.

    Veredito: Volto a comprar dessa raca. Voltarei a regiao e a uva certamente.
    Coitado do Tagarela que tem que encarar vinho Argentino regularmente.

    Janjao Botelho P.

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    1. E daí? O dinheiro é meu e faço dele o que eu quiser.

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    2. Aqui fala o tagarela. Tentaram se passar por mim. Quanto aos vinhos argentinos, na verdade tomo muito vinho do novo mundo, pois viajo frequentemente a esses países a trabalho e comprar na vinicola diminui muito os problemas que falamos de transporte, fora o preço convidativo. Agora, não fecho as portas ao velho mundo de forma alguma. Tomo regularmente bons vinhos Europeus. Os vinhos portenhos são mastigaveis mesmo, encorpados e muito amadeirados, entendo que não agrade a todos. Abs

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    3. Caramba! O tagarela já tem até clone? Vão acabar com o estoque de vinho argentino da fronteira.

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    4. A auto-estima do vivente está tão baixa que ele quer fama assinando como Tagarela. O fundo do poço não tem fim. Todo unidos online para preservar a identidade do Tagarela, patrimônio argentino e dessa sala de bate papo virtual também.

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  7. Conhece o Grignolino D’Asti de Bagarolli di Fabri, Bacco?

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    1. Há inúmeros produtores e este é um dos que não conheço

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  8. Olá. Aqui fala seu amigo connoisseur. Voltando a este blog reparei em uma matéria excelente postada por outro anônimo no último artigo. De veras este é um prosecco espetacular. Talvez ele não saiba que prosecco é o nome da uva e por isso podemos sim ter proseccos no Brasil. Nada que umas aulas na ABS nao ajudem. E para vocês que reclamam de transportar vinhos, nossos vinhos gaúchos chegam melhores que os da Europa com toda certeza. Tim tim!

    https://quemmexeunomeuvinho.com.br/2023/10/02/garibaldi-prosecco-sweet-rose-ganha-medalha-de-ouro-duplo-com-impressionantes-99-pontos-em-concurso-na-argentina/

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    1. Caro connoisseur, sua presunção em achar que leitor de Bacco Bacco não sabe que prosseco é uma uva vai te afundar ainda mais, seu papel está jocoso..

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  9. Connoisseur, conselho de filho de adoção, tira Bacco e bocca de seus favoritos e vai levar sua vida patrocinada enganando entusiastas..

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  10. Só que desde 2009 "Prosecco" é o nome da DOC e a uva utilizada na vinificação passou a ser chamada "Glera".

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  11. B&B sempre foi um espaço democrático, aceitando várias opiniões. Vejo agora comentaristas tentando expulsar outros comentaristas? Que estranho.

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