O garçom despejou um pouco de vinho na taça, com olhar esperançoso
aguardou minha aprovação, anotou os pratos de minha escolha e rapidamente
desapareceu por entre as mesas.
Olhei para o vinho, que
girava em minha taça e finalmente pude saborear, com a tranquilidade merecida o
“Grignolino del Monferrato CasaleseTenuta Migliavacca
2019”.
Ótimo vinho que parecia ainda melhor ao ser degustado admirando
o fantástico panorama que a varanda do restaurante “Leon D’Oro” proporciona a seus afortunados clientes.
Enquanto girava a taça, admirava a linda cor rubi-claro (quase
um rosé carregado) do Grignolino, me deliciava com seus aromas floreais e de
especiarias, o paladar agradecia a fina harmonia de seus taninos, o retrogosto
de amêndoas, o longo e refinado final, Umberto Eco invadiu minha mente.
Alguém perguntará: “O que o autor de “O Nome Da Rosa” tem a ver com o
Grignolino Tenuta Migliavacca? ”
Muito!
Na entrevista, de 2015, “Comunicazione e Cultura dei Media”, o grande semiólogo italiano comentou sobre a
internet:
“ ...as mídias sociais deram voz a uma legião de
imbecis....é a invasão dos imbecis”.
Através da taça, do transparente e brilhante “Grignolino del
Monferrato Casalese 2021” era possível admirar a calma e misteriosa “Isola del
Silenzio”.
Diante de tanta beleza
a mente divagou, pelo passado e tentou lembrar quantos sommelliers,
influenciadores, críticos, jornalistas, youtubers, ticktokers etc. etc. etc. do
Brasil, haviam degustado, criticado, comentado, recomendado, qualquer coisa, enfim,
sobre aquele vinho do Monferrato.
A resposta?
Um zero total...
Foi neste exato momento
que Umberto Eco e “seus eno-imbecis” invadiram minha mente:
No Brasil, a imensa maioria dos que escrevem, comentam,
recomendam e divulgam vinho, são os típicos imbecis a que Eco se referia, mas
com uma atenuante: os que os seguem são, também, imbecis...é uma grande
família.
Não é a primeira e não será a última vez, que escrevo uma
matéria sobre o Grignolino,
que, desde sempre, é um dos meus vinhos tintos piemonteses preferidos.
Quiser mais informações é só acessar o link abaixo.
https://baccoebocca-us.blogspot.com/2018/10/grignolino-2.html
Para conhecer realmente o Grignolino seria necessário percorrer,
algumas vezes, o Monferrato, pátria da casta piemontesa.
O Monferrato, sub-região do Piemonte, se estende pelas províncias
de Asti e Alessandria.
Confina, ao norte, com o rio Po e ao sul com a Ligúria.
O território do Monferrato, em sua quase totalidade, é coberto
por colinas e a viticultura é mais importante atividade econômica.
Barbera, Moscato, Timorasso, Dolcetto, Freisa, Ruchè, Cortese
(Gavi), Brachetto, Gamba di Pernice e naturalmente, Grignolino, são as
variedades mais cultivadas e vinificadas no Monferrato.
As novas gerações de enófilos, que já não endeusam os mastigáveis
“vinhões parkerianos”, não possuem muita grana para torrar, com as caras e
manjadas etiquetas, estão aposentando antigos ícones vinícola e buscando vinhos
bons, mais baratos e fáceis de beber…o Grignolino é exatamente um destes
vinhos.
O “Grignolino del Monferrato Casalese Tenuta
Migliavacca 2021” me impressionou a tal ponto que no meu retorno,
para Santa Margherita, resolvi abandonar a rota principal, percorrer estradas
secundárias, conhecer San Giorgio Monferrato e comprar algumas garrafas diretamente
na vinícola “Tenuta Migliavacca”
Boa ideia!
Visitei a pequena aldeia, de pouco mais de mil habitantes, o belíssimo
Castello di San Giorgio que, apesar de seus 1.200 anos, continua em boa forma e
bem conservado.
....e por falar em castelo.... Para os abonados de plantão
informo que o castelo, seus, 4.000 m²de superfície coberta, 17 quartos, 12
banheiros e mais 90 cômodos (salas, salinhas, salões, biblioteca, cozinhas,
adegas, subterrâneos, torres etc.), 7.000 m² de terraço, 3,5 hectares de
vinhedos etc., está à venda por 2.800.000 Euros.
Mais uma ótima oportunidade para um dos nossos intrépidos
viticultores migrar e ensinar, aos italianos, como vender garrafa de Grignolino por
80 Euros.....
Três quilômetros separam o centro da aldeia da “Tenuta Migliavacca”.
Um bom papo como proprietário, Francesco Brezza, degustação de
Grignolino 2021, 2022, de Barbera 2020, uma rápida negociação e ......54 Euros
depois, 6 garrafas de “Grignolino del Monferrato Casalese Tenuta Migliavacca”
2021 foram para o porta-malas do meu carro.
Para quem gosta de vinho e não de etiquetas, recomendo, com entusiasmo,
uma visita ao Monferrato, suas colinas, aldeias, castelos, sem esquecer a ótima
gastronomia e lembrar, enfim, que algumas garrafas de Grignolino nunca fizeram
mal a ninguém...
Confira
Bacco
Se essa uva fizesse vinhos tão bons assim, deveria haver correria por eles. E nao ha. Acho que nosso Bacco sofre de síndrome afetiva pela região dele. Para não mencionar que ali na fonte o vinho sofreu quase nada....ao passo que para nós mortais o vinho já chega bagaçado, sofrido. Não pode ser o mesmo.
ResponderExcluirJJ Botelho.
Mr.Botelho, sendo de uma cidade bem quente sofro com o mesmo problema dos vinhos que chegam aqui maltratados. Uma coisa que ameniza é tentar comprar seus vinhos entre junho e outubro, pois provavelmente chegaram aqui com climas menos destrutivos. Evito a todo custo comprar vinho importado em meses de calor extremo. Com um importador que gira rápido o estoque, essa dica ajuda.
ExcluirTagarela
Tagarela, bem-vindo de volta. Como quase sempre, direito ao ponto, rapido e rasteiro. Já pensou em quantos importadores não utilizam sistema de refrigeração no transporte e armazenagem dos vinhos? JJB. Nao tenho esperanças faz tempo.
ExcluirOs grandes certamente usam, tipo a Mistral, mas o sobrepreco deles é violento, quase proibitivo. Ainda assim é difícil garantir a temperatura constante em 100% do trajeto até a sua residência.
ExcluirSr. Botelho, é exatamente esse o ponto no qual Dionísio está batendo. O Grignolino é uma grande uva e os que provei são realmente impressionantes e olha que quando experimentei pela primeira vez fiquei muito intrigado, pois parecia um rosé. Porém fiquei surpreendido com a qualidade e complexidade do vinho. O problema é que as pessoas preferem comprar o que conhecem e os pontos de Barolos, Brunellos, Basbarescos, etc
ResponderExcluirValeu, anonimo. Me convenceu. Vou comprar uma garrafa para alegrar o fim de semana. JJ Botelho.
ExcluirConcordo, Bacco não quis convencer ninguém de que Grignolino é uma uva de fazer fila como a Nebbiolo, e sim, uma uva q vale muito a pena merecer destaque numa escolha em sua origem, quiçá distante também? Um bom vinho mais leve e saboroso é sempre uma bela cartada em Todas ocasiões.
ExcluirBacco, e quais foram os pratos de sua escolha? Harmonizou, teve mais vinho?
ExcluirNão me lembro de matéria sobre vinho de sobremesa, se puder me lembrar através de link, por favor, agradeço. Adoro Vin Santo mas chegam caro por aqui
ResponderExcluirNão sou muito fã de sobremesa e os únicos vinhos que aprecio, depois do almoço ou jantar, são o Madeira ou Porto. Quando ainda havia o Picolit , também bebia, mas já não existe
ExcluirAntipasto: Trota salmonata finocchio, arancia e Castelmagno. Petto di anatra miele e peperoncino ( Truta salmonada, erva doce , laranja e Castelmagno. Peito de pato , Mel e pimenta) adicionei a foto do prato na matéria
ResponderExcluirÁgua na boca.
ExcluirSe não me falha memória, em 2020 ou 19 Bacco já tentou vender um castelinho num vilarejo italiano, parece q animou de novo
ResponderExcluirEstou tentando faturar algum.....
ExcluirComprei, tomei e aqui estou para alguns comentarios sobre esse vinho e regiao:
ResponderExcluirCusto: Um pouco menos que um brunello de segunda divisao. Bem menos que um barolo ou barbaresco de combate.
Na taca: Vinho delicioso. Eu tinha acabado de matar um cabernet sauv americano muito encorpado, mas sem acidez e taninos. Dai um dia depois experimentei esse vinho (nao do mesmo produtor que o nosso Bacco mostrou aqui). Leve, complexo, todo gostoso. Pede uma comidinha, o bicho tem acidez boa.
Veredito: Volto a comprar dessa raca. Voltarei a regiao e a uva certamente.
Coitado do Tagarela que tem que encarar vinho Argentino regularmente.
Janjao Botelho P.
E daí? O dinheiro é meu e faço dele o que eu quiser.
ExcluirAqui fala o tagarela. Tentaram se passar por mim. Quanto aos vinhos argentinos, na verdade tomo muito vinho do novo mundo, pois viajo frequentemente a esses países a trabalho e comprar na vinicola diminui muito os problemas que falamos de transporte, fora o preço convidativo. Agora, não fecho as portas ao velho mundo de forma alguma. Tomo regularmente bons vinhos Europeus. Os vinhos portenhos são mastigaveis mesmo, encorpados e muito amadeirados, entendo que não agrade a todos. Abs
ExcluirCaramba! O tagarela já tem até clone? Vão acabar com o estoque de vinho argentino da fronteira.
ExcluirA auto-estima do vivente está tão baixa que ele quer fama assinando como Tagarela. O fundo do poço não tem fim. Todo unidos online para preservar a identidade do Tagarela, patrimônio argentino e dessa sala de bate papo virtual também.
ExcluirConhece o Grignolino D’Asti de Bagarolli di Fabri, Bacco?
ResponderExcluirHá inúmeros produtores e este é um dos que não conheço
ExcluirOlá. Aqui fala seu amigo connoisseur. Voltando a este blog reparei em uma matéria excelente postada por outro anônimo no último artigo. De veras este é um prosecco espetacular. Talvez ele não saiba que prosecco é o nome da uva e por isso podemos sim ter proseccos no Brasil. Nada que umas aulas na ABS nao ajudem. E para vocês que reclamam de transportar vinhos, nossos vinhos gaúchos chegam melhores que os da Europa com toda certeza. Tim tim!
ResponderExcluirhttps://quemmexeunomeuvinho.com.br/2023/10/02/garibaldi-prosecco-sweet-rose-ganha-medalha-de-ouro-duplo-com-impressionantes-99-pontos-em-concurso-na-argentina/
Caro connoisseur, sua presunção em achar que leitor de Bacco Bacco não sabe que prosseco é uma uva vai te afundar ainda mais, seu papel está jocoso..
ExcluirConnoisseur, conselho de filho de adoção, tira Bacco e bocca de seus favoritos e vai levar sua vida patrocinada enganando entusiastas..
ResponderExcluirSó que desde 2009 "Prosecco" é o nome da DOC e a uva utilizada na vinificação passou a ser chamada "Glera".
ResponderExcluirExato, meu comentário saiu errado.
ExcluirB&B sempre foi um espaço democrático, aceitando várias opiniões. Vejo agora comentaristas tentando expulsar outros comentaristas? Que estranho.
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