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sábado, 2 de dezembro de 2023

CARANGOS E MOTOCAS

 


Quem se lembra do desenho animado, veiculado na TV em meados da década de 70, “Carangos e Motocas”?

 No final do desenho, Willie (o herói) sempre se dava bem e a motoquinha menor ficava buzinando para chefe mau: “eu te disse, eu te disse, eu te disse’’...

Faz trilhões de anos que este blog alerta (ainda de maneira menos fofa do que poucos outros) para a tontice da idolatria aos eno-ébrio-blogueiros, jornalistas (que ofensa a quem realmente estudou jornalismo...), influencers, youtobas, podcasters e outras pragas que sei lá quais são as intenções, mas acabam conseguindo mais exposição que realmente deveriam ter – e não deveriam ter quase nenhuma.

Geralmente, nossa única linha de defesa, contra essa gente, se chama tempo.



Cedo ou tarde, críticos mais famosos, ou menos famosos, cairão na vala do tempo e serão devorados, sem pena, pelos fantasmas da insignificância e do esquecimento.



De Parker ao Bilu Teteia, serão (somos?) consumidos pela diabetes tipo 2, por insuficiência hepática, renal e, quem sabe, vascular.

Duvida?

Pense em quem era leitura “obrigatória” quando você começou se interessar pelo mundo do vinho e onde essa figura se encontra hoje.



Recentemente visitei uma vinícola que tem à frente, no winemaking (toma essa), uma pessoa extremamente séria, que trabalha muito, premiada, bem reconhecida em sua DOC, na Europa e que, depois de algum tempo sofrendo na estrada, agora começa a aparecer em várias publicações famosas de nosso âmbito.

 As visitas de Masters of Wines (gente que, ao contrário dos quase todos aqui, conhecem muito de vinho) estão começando a ficar frequentes.

Perguntei ao dono e enólogo (ou enóloga? Mistério...) se as publicações e elogios, nas Decanters e Wine Enthusiasts da vida, refletiam em mais vendas.

A resposta? “Quase nada. O que levanta e sustenta venda é um conjunto de muitos fatores. E por falar nisso, nunca paguei e nunca pagaria para ter crítico degustando e falando dos meus vinhos”.



Diante dessa, um hater pode perguntar: “nossa, uma opinião vale como amostragem estatística perfeita para o inteiro universo dos vinhos? ’’.

Claro que não, mas as várias décadas percorridas na rota do vinho, conversando com fulano e beltrano, lendo e pesquisando, confirmam o que já foi falado/escrito em B&B há mais de uma década: só trouxa paga para ter vinho divulgado por eno-ébrio-blogueiro ou jornalista e/ou crítico.



Salvo os grandes esquemas das corporations (aí sim falamos de quem sabe gastar para se promover), a idolatria pelos influencers pode ser uma das maiores cretinices que acomete o bebedor de vinho.

Como dizia a motoquinha (e Bacco, e Dionísio):              “eu te disse, eu te disse, eu te disse...”

Bonzo

12 comentários:

  1. Já é perceptível a saturação do marketing do vinho argentino e chileno, não tem nome de winemaker ou adesivo estampado na garrafa mostrando a pontuação que consiga convencer a comprar malbec ou carmenere, não tem jeito, fake news não se sustenta

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    1. Penso que o amante de vinho Argentino dificilmente vai preferir o Europeu e vice-versa. O vinho portenho é mastigavel, muito encorpado e lotado de madeira. Tanino e acidez até dizer chega. Feito pra comer com churrasco. O vinho Europeu em geral é mais elegante, redondo, fácil de beber. Ainda que seja tudo vinho a experiência é muito diferente e existe paladar pra tudo. Carmenere é um bicho mais complicado pq a pirazina é de doer.

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    2. Já eu penso bem o contrario do amigo internauta que gosta de vinho argentino para churrasco. Sao fracos na acidez (malbec argentino notorio por ser fraquinho) e umas porcarias para churrasco. Ainda assim melhor tomar vinho argentino qualquer no churrasco que um vômito de porco como a rainiken ou skol. Ou corona....curinga chopp, malta.

      Janjao Botelho

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    3. Discordo em relação à acidez. Um problema clássico dos vinhos argentinos é a carência de acidez, que os torna enjoativos.

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    4. A acidez fica até difícil de ser percebida ao pálato diante de tanto tanino, madureza excessiva e aroma saturado de groselha. Não tem jeito, harmonizar malbec com carne não faz sentido, talvez com banana, abacaxi ou melancia dê certo

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  2. E, é lógico, os mandraques viticultores do Brasil, percebendo a saturação do vinho chileno e argentino, carregaram suas metralhadoras e estão disparando publicidade patrocinada para tik-tokers e you tubers divulgarem o vinho brasileiro, virou um coqueluche

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  3. O que acham os administradores deste blog do Hugh Johnson? Parece-me correto, com uma abordagem universal e pouco indutiva de produtores, sem formar tendências. Como a maioria dos ingleses, descreve o mundo vinícola com humor fino e imperceptível para muitos. Compro o Pocket Wine Book há cerca de vinte anos, mas notei uma queda de qualidade e variedade na edição de 2023, assumida pela senhora Margaret Rand, que não conheço. Espero que não desonre o velho Johnson.

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    1. conheço bem pouco do Hugh Johnson como crítico, mas há duas coisas nele que me inspiram simpatia:

      - uma, o Atlas Ilustrado do Vinho, parceria dele com a Jancis Robinson (a única crítica profissional que me faz a cabeça);
      - duas, o fato de ele ser um dos fundadores da Royal Tokaji, que ajudou de forma decisiva a reestruturar a viticultura húngara depois do comunismo. os Tokaji Aszú deles são espetaculares e, agora, vou atrás dos brancos secos aqui na Hungria.

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  4. Bacco, alguma opinião sobre a uva Magliocco? Pouco comum aqui no bananal.

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    1. Nunca bebi. Sei que é um vinho da Calabria e que poucos produtores vinificam

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    2. bebi um Magliocco simples, da vinícola Campoverde, quando morei por uns meses na Calábria. vinho de supermercado, deve ter saído por uns 5 euros. só me recordo dele por ser de uma uva que me era desconhecida, porque o vinho em si era bem sem graça.

      infelizmente, os vinhos da Calábria que provei, mesmo os melhores Cirò, são medíocres. no resto do meu período por lá, acabei comprando mais vinhos da Campânia e da Sicília do que da própria Calábria. um pouco pelo meu desconhecimento, claro, mas um tanto pelo fato de que as primeiras garrafas locais não eram grande coisa.

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    3. Provei um da Calabria mesmo e me agradou. Não é um grande vinho, mas é interessante. Tomaria de novo.

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