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sábado, 30 de setembro de 2023

PÉT-NATS

 


O verão europeu é um desafio para a meteorologia: dias de calor intenso, amplificados pela alta umidade em diversas regiões, transformam as cidades em grandes fornos onde e durante alguns meses a luz solar se estende por mais de 15 horas diárias.



A cada dia renova-se, então, o convite para consumir vinhos leves e frescos, comida fria, ou à temperatura ambiente, acompanhando grelhados.

Quando morei no Porto, no ano passado, além do onipresente vinho verde, dos elegantes brancos do Norte e do saborosíssimo espumante Murganheira, que o Brasil insiste em ignorar (parece que está sem importador há vários anos), vi que os lusitanos começavam a abraçar os “Pét-Nats” como alternativa para se refrescarem.

Hein?



Pois é isso: uma das últimas vedetes do mercado de espumantes é o retorno do método ancestral sob a forma de Pét-Nat, abreviatura de pétillant naturel, em que o vinho é engarrafado antes que sua primeira fermentação se complete.

 O método permite que a fermentação dos açúcares naturais seja finalizada na garrafa e que o gás surja como produto da fermentação do açúcar.

 Essa técnica é usada, pelos viticultores franceses, da região de Limoux, há mais tempo que o método champenoise deu glórias ao Champagne.

Mas os Pét-Nat atuais não se limitam a usar o método ancestral e adotam, informalmente, algumas outras regras, boas ou ruins, tais como:

 Teor alcoólico contido, para uma pegada refrescante;

 Cultivo biodinâmico (putz...) ou biológico;

 Pouca ou nenhuma adição de sulfitos (putz...);

 Experimentações com uvas esquecidas, puras ou em corte;

 Comercialização em garrafas totalmente transparentes, com tampa metálica, semelhante às de garrafas de cerveja e rótulos de projeto gráfico moderno.



Os Pét-Nats já ganharam espaço em vários mercados: na Hungria, onde moro atualmente (Zé) e não é difícil encontra-los, também, nas excelentes enotecas de Budapeste.

Os preços, na Europa, oscilam entre 10 e 20 euros, ou seja: custam mais que um espumante vagabundo e menos que um Champanhe.



Os Pét-Nats tentam tirar espaço dos Murganheiras, Ferraris e os bons crémants de Limoux e da Alsácia.

Alguns Pét-Nats testados e aprovados pelo Zé:



 Suba “Espadeiro” – o primeiro Pét-Nat que provei, no Porto, foi esse rosé feito com a uva Espadeiro, oriundo da região de Vinhos Verdes.

Engarrafado com considerável pressão, o primeiro aroma me lembrou algo que não quero revelar (não quero ser gozado como o Tagarela de Salta ou outras figuras que habitam os comentários de B&B).

Um vinho leve, frutado, refrescante e, mesmo no dia seguinte, continuava bastante interessante e com muitas bolhas para contar a história.

Em Portugal, custa em torno de 12 euros.



Folias de Baco, “Uivo Curtido” – Pét-Nat lusitano no estilo “vinho laranja”... duas modas juntas, será?

Turvo e sem filtragem, ficou bem bonito na taça; com apenas 10,5% de álcool, deu novo show de frescor, batendo outro Pét-Nat: “Romy Brut” do projeto Duckman, ligado à família Pato.

O Folias de Baco custa, em Portugal, cerca de 15 euros.

Péter Wetzer, “Kékfrankos PetiNat” – um rosé safrado, da pequeníssima vinícola húngara, Péter Wetzer, elaborado com a casta Blaufränkisch (conhecida, na Hungria, como Kékfrankos e uma das uvas tintas mais cultivadas na região) me impressionou bastante: muito saboroso e repleto de frutas vermelhas, ajudou a suportar as inclementes temperaturas do verão húngaro.



Não é dos mais fáceis de se encontrar e sem dúvida o contato direto com a vinícola é o caminho mais indicado a seguir.

Prepare algo em torno de 8 mil florins – R$ 110, no câmbio atual.

Vincze Tomi, “Diversity Hársmint” – elegante corte das uvas Hárslevelű e Furmint, esse Pét-Nat branco tem bastante pressão.

Para evitar a perda de muito vinho é recomendável, então, muito cuidado na hora de abrir a garrafa.

Oriundo da famosa região de Tokaj, o “Diversity Hársmint” é a interessante tentativa de melhorar os espumantes “comuns” da região, geralmente do nível de um Prosecco servido em ladies’ nights.



Lembrou um pouco um bom Crémant d’Alsace que bebi, anos atrás, em companhia de Bacco e Dionísio.

 Em Budapeste, custa ao redor de 5,5 mil florins (R$ 75).

 

Zé &Bonzo

9 comentários:

  1. Os Pét Nats encaixaram bem na minha rotina qndo sinto vontade de beaujolais nouveau e não o tenho..leves, refrescantes e com ótimo prazer visual

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    1. esse do Péter Wetzer te agradaria em cheio, então. na linha de um bom Beaujolais básico.

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  2. Zé & Bonzo, não se esqueçam do Lambrusco seco, ótima opção p o clima q descreve

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    1. Bem lembrado. Um bom lambrusco desce redondo. E ainda tem a vantagem de não ter tanto álcool quanto os vinhos atuais.

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    2. Com todo o respeito, tem alguns vinhos que não entram na minha taça. Dentre eles, Lambrusco (mesmo os melhores), Beaujolais Nouveau, Prosecco, Primitivo etc.

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    3. gosto de alguns e os bebo
      https://baccoebocca-us.blogspot.com/2019/05/lambrusco-2.html

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    4. tem razão. também gosto de um bom lambrusco - e do gragnano, o primo do sul, melhor vinho para acompanhar pizza. já falamos dele:

      https://baccoebocca-us.blogspot.com/2020/02/gragnano.html

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    5. Sugestão do Lambrusco aqui. Quando virem um Lambrusco da Fattoria Moretto, faturem de caixa, são deliciosos. Década passada uma importadora trouxe p o Brasil, depois desistiram, brasileiro gosta de vinho caro e bem pesado pra acompanhar pizza. Percamos as esperanças

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