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quarta-feira, 13 de setembro de 2023

DON'T CRY FOR ME ARGENTINA

 


Quase nunca escrevi, opinei, ou me interessei por vinhos argentinos.

Visitei o pais vizinho 4 vezes, muito mais interessado em frequentar milongas porteñas, comer ótima carne, conhecer a Patagônia, do que beber as garrafas produzidas em Mendoza e arredores.

Aliás, pensado bem, não consigo lembrar se e quando brindei com um grande vinho argentino.



Antes de ser soterrado, pela costumeira avalanche de impropérios, quero deixar bem claro que não excluo a possibilidade de existirem algumas garrafas de boa qualidade na Argentinas, apenas reafirmo jamais tê-las bebido.

Muito álcool, muitíssima madeira, demasiada concentração, preços astronômicos etc., fatores que sempre me distanciaram das garrafas portenhas.

Uma das raras coisas, que sempre despertou minha atenção, foi a demasiada e desnecessária pompa das etiquetas coladas nas garrafas mais famosas e dispendiosas.



 Não sei quem imitou quem, mas o Brasil e Argentina, dos vinhos, parecem irmãos siameses em pelo menos um quesito: Preços salgados, irreais, absurdos.

Este final de semana, um amigo, de Belo Horizonte, que há tempos não via, resolveu passar o feriado de 7 de setembro em Brasília.

Quatro dias de bons papos, boa comida, bons vinhos e muita alegria.

O amigo, prevendo uma maratona etílica, embarcou com uma pequena maleta de roupas e uma enorme caixa de vinhos....



Boa a seleção de espumantes, tintos, brancos, provenientes da França, Itália, Líbano e....Argentina.

A primeira garrafa, que perdeu a rolha, foi a do Champagne “Michel de Belvas” e a segunda uma de “Veuve Cliquot”.



Pequena pausa para revelar que o “Michel de Belvas” “pulverizou” a multipremiada “Viúva” que, em minha opinião, não vale 1/3 do que custa.

A terceira garrafa?

Sonho dos sonhos.....



“Saint-Aubin 1er Cru En-Remilly” 2015.

Saint-Aubin 272 habitantes, 168 hectares de vinhedos, pouco mais de 1 milhão de garrafas de vinho.... mas que vinho.



O “En-Remilly” 2015 esbanjou elegância, fineza e revelou toda a soberba qualidade que tornou famosos e insuperáveis os brancos da Côte D’Or.

Talvez uma ponta de sadismo tenha passado pela minha mente ou simplesmente foi o acaso, mas a quarta garrafa, que abri, foi a “D. V. Catena” 2021.

A Catena Zapata deveria se vergonhar por ter engarrafado um Chardonnay tão medíocre.



Enquanto o Saint-Aubin esbanjou elegância e fineza, o “D. V. Catena” me deixou com a sensação de estar bebendo uma tremenda porcaria.

Busquei, em minha memória, algo pior, que por desventura tivesse bebido, mas não encontrei.

O mais impressionante é que a Catena Zapata não sabe vinificar o Chardonnay, mas sabe, e como, cobrar por suas garrafas.

O quase Chardonnay, “D. V. Catena”, custa, na Mistral, soberbos R$ 212,81.

Os chilenos, Leon de Tarapacá ou Cosecha, custam 1/4 e valem o triplo.



Para meu “desespero", o amigo não quis retornar, a Belo Horizonte, com uma garrafa que não conseguimos entornar: “Nicola Catena Bonarda” 

A lembrança, ainda fresca, do “D.V. Catena”, deixou muitas dúvidas e não sei se e quando terei a coragem de beber a Bonarda.



“Don’t cry for me Argentina quando eu tentar explicar que o Chardonnay D. V. Catena é uma tremenda bosta...”



Dionísio


  

26 comentários:

  1. Final já esperado..não estrago meu raro momento de prazer com vinho argentino de jeito nenhum, vinhos grosseiros, pesados, etiquetas presunçosas e apelativas

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  2. Viajo para a Argentina regularmente e conheço muito das etiquetas locais. Queria adicionar algumas coisas: 1- O vinho lá está é muito barato, o problema está na Mistral. Um DV Catena lá não chega a 10 dólares por exemplo (R$49). A Mistral que transforma um custo/beneficio interessante em algo Injustificável e sem sentido como R$212 neste vinho (outro exemplo: o Malbec Argentino - que você criticou o rótulo - custa R$1.300 na Mistral e 50 dólares por la (R$250). 2- A Bodega Catena está jogando com o nome há muito tempo. Por se tornar "queridinha e hype" dos Brasileiros, consegue vender litros e litros com preços ruins em relação aos concorrentes, existem inúmeras vinicolas locais com qualidade melhor e preço mais em conta, sempre volto com 8 a 10 garrafas e é raríssimo uma ser dessa vinícola. Se continuar assim vai virar uma concha y toro na linha de entrada. 3- Várias vinicolas estão empurrando vinhos jovens demais no mercado, muita coisa 2021 já rodando por aí. Esses vinhos Argentinos de alta gama são ácidos demais pra se beber super jovens, especialmente os malbec de altitude (valle del uco), mas a maioria dos Brasileiros não olha safra e sim nome. Por fim concluo que os vinhos portenhos são mesmo carregados na madeira (exceções os de concreto que estão crescendo aos poucos), mais ácidos e com táticos mais presentes que os europeus, são vinhos mais difíceis de se beber sem comida, jovem e sem respirar, mas sabendo quais comprar há sim opções ESPETACULARES que somente o câmbio blue (paralelo) pode proporcionar. Abs.

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    1. Ótimo comentário! De quem entende e é ponderado. Você bem citou os que usam tanques de concreto (ex. Michelini e cia). Quem bebe um Montchenot 15 Años também muda sua visão sobre o vinho argentino, Mas como bem disse o colega acima, tem outras cousas boas. Quanto ais rótulos, não acho feios. São criativos e contam uma história. Questão de gosto. Acho que seguem o estilo americano.

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    2. Concordo com o anônimo tagarela e viajante. Os tapuias não conhecem vinos de salta...uma pena. Ou nao. Vai que a misCRAU fica sabendo.

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    3. Verdade (Sobre Salta). Olha, os Brasileiros já saem daqui com a listinha na cabeça: Catena, El Enemigo, Almanegra e Zuccaddi. Sempre isso. Só compram isso. Dessas 4, Catena é a pior disparado (vale dizer que tanto a El Enemigo quanto a Almanegra tem conexões profundas com a Catena desde suas origens até hoje). Os Brazookas também pensam quase sempre em varietal Malbec e ignoram que vários dos melhores vinhos por lá são Cabernet Franc ou Blends. Torrontes devem pensar que é aquele doce torrone. Infelizmente a modinha cria esse efeito manada.

      PS: Sou o autor do comentário longo.

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    4. O viajante falante e tagarela citou boas uvas, e lembro o bom viajante que merlot também cai bem em varias localidades. Cabernet franc? Melhor uva tinta da argentina.

      PS: Sou o autor da miscrau.

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    5. A listinha de Salta é outra de tremenda bosta, o tagarela só faltou enumerar a bonarda. Malbec em frangalhos e nitidamente los hermanos estão tentando mitar essa de que c franc, bonarda e torrontes são as inovações do mercado de vinho argentino

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  3. Eu acho que os vinhos mostrados não representam o melhor da Argentina. DV não é bom mesmo, ainda mais o Chardonnay. Tem coisa boa de outros produtores que usam menos (ou nem usam) a madeira. Vinhos mais frescos, minerais e sem excesso de extração. Mas quando a conversa é DV Catena, é para pegar trouxa brasileiro. Assim como muitos que entram aos montes pela fronteira.

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  4. Embarcando na onda de algumas porcarias argentinas e sabendo do paladar infantil (cérebro também) de 99,9% dos brasileiros, a Serra Gaúcha tenta copiar o estilo dos Hermanos ao criar caldos com excesso de extração, álcool em excesso (Vinho Nobre!!!!???), barrica em demasia, baunilha enjoativa, chocolate, fruta cozida (abuso de termovinicação) e acidez mediana.

    Como não temos as condições climáticas de Mendoza, o resultado é sempre o mesmo, especialmente para os tintos: "Franksteins" e "Espantalhos" sem personalidade, que podem ser chamados de qualquer coisa, menos de "Vinho".

    Resumindo, tentam reproduzir tudo o que há de pior! Agora já temos até um "Reservado" para chamar de nosso! Mais inacreditável é que há legislação para isso! Brasil copiando o que o Chile faz de pior!!!

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  5. Dionísio, reserve esse Nicóla para uma sexta-feira à tarde, quando estiver preparando a marinada de alguma carne de caça que será assada no almoço de domingo..

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  6. Se a Bonarda for do mesmo (des)nivel da Chardonnay seria uma tremenda sacanagem ....Nenhuma carne merece tal afronta

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    1. Tagarela aqui.

      Tenho umas garrafas desse Bonarda, mas nunca tomei. Já tomei Blends contendo Bonarda e gostei bastante, é bem frutada e por isso funciona pra amansar vinhos muito ácidos e fortes (ou grosseiros como disseram aqui) da Argentina. Quem não tem Merlot, usa Bonarda.

      Quando abrir a garrafa comentarei aqui, mas imagino ser um bom vinho não pela Vinicola, que critico muito, mas por ser um vinho de linha mais elevada, feito menos ao "estilo concha y toro". Os vinhos de entrada deles (Catena e DV Catena) acho péssimos, bem como o supervalorizado Angelica Zapata.

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    2. Sim, não coloquei cuspideira e ralo de pia no texto p não estender-me como o tagarela

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    3. Vinhos grosseitos, Listinha de Salta e Ralo de pia aqui.
      Tagarela, você vai comentar sobre um vinho tremenda bosta, seu paladar não merece

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  7. Serra gaúcha terá maior parque temático de vinho do mundo com investimento de R$ 600 milhões:

    https://www.google.com/amp/s/jornalvs.com.br/amp/noticias/regiao/2023/09/15/serra-gaucha-tera-maior-parque-tematico-de-vinho-do-mundo-com-investimento-de-rs-600-milhoes.html

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  8. Vejo com tristeza os ataques ao tagarela viajante. Tem vinho bom em toda parte do mundo, se o vivente não achou ainda bons vinhos argentinos (ou nacionais) isso não prova que não existem. Vou tomar um vinho francês em homenagem a uva bonarda hoje.

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    1. Hehehe. Quem liga pra ataques que fique longe da Internet. Eu (tagarela) não vivo de vinhos Argentinos, consumo vinhos Europeus também, mas como viajo pra Argentina frequentemente a trabalho não posso deixar de aproveitar as pechinchas que são os preços lá em pesos. Estive há pouco no Chile e até eles estão cruzando a fronteira pra comprar. Chileno do Vale do Colchagua indo comprar vinho em Mendoza! Conhecendo os vinhos e fugindo das modinhas você compra coisas boas a 10 dólares e excelentes a 25. Nem comprando diretamente de vinicola no Chile você consegue isso, nem perto. Comprar vinho pela Miscrau deveria ser crime (ou taxado
      de cúmplice). O que chega no Brasil ou é porcaria ou supervalorizado, às vezes porcaria E supervalorizado (DV).

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    2. Estimado viajante prolixo; diga ai se ha alguma loja lejos de buenos aires (lejos= longe) que valha uma visita. Cordoba, Jorge Mendoza, Rio Negro? Ou somente nas vinicolas, que vale o tempo?

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    3. Concordo com os seus comentários. Por aqui o Catena, secundado pelo El Enemigo, seguido pelos outros mencionados - imperam, com produtos medíocres e preços elevados. A expressiva maioria dos brasileiros que viaja a Mendoza vai atrás destas vinícolas, e perde a oportunidade de encontrar bons vinhos, despretensiosos e por bons preços, nas centenas de bodegas da região (nem menciono as demais). E, ainda pior, deixam de conhecer a bela província e sua interessante história, acotovelando-se nas vinícolas divulgadas por aqui. Os mendocinos se divertem com este comportamento. El Enemigo e Catena, para eles, são apenas caros.

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    4. Ao amigo que perguntou das lojas. Eu compro em Buenos Aires mesmo, pois Mendonza é muito longe. Os mercados chinos costumam ter o melhor preço. São pequenos mercados de bairro de donos chineses, sempre tem uma ou outra coisa boa. As lojas de vinho especializadas tem muito mais variedade, mas preço ruim. Você pode também encomendar da vinicola pra entregar no seu hotel (nunca fiz)

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  9. Esse bonarda é quase imbebivel. Se achou o catena ruim é melhor nem tentar esse.

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    1. Nunca tomei, mas no vivino tem nota bastante alta. Sei que Vivino não é algo de se aceitar de olhos fechados, mas da uma ideia. Acho difícil um vinho 4.6 com tanto voto ser horroroso... principalmente por ser um vinho votado mundo afora; pelo preço não é tão consumido por BR - que sempre aumentam as notas.

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  10. Caramba, o pessoal tá agressivo, hein? Relaxa… Impotência tem tratamento, pessoal!

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  11. Beber vinho argentino provoca impotência? Então é isso!

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    1. Pelo climão geral acho que beber vinho dá impotência, exceto de raros produtos do Piemonte e da Borgonha, que, pelo contrário, aumentam a testosterona. Resultado, tem briga de qualquer jeito. Poderíamos mudar o foco para Sucos de Maracujá ou Chás de Camomila. Talvez tragam paz e harmonia.

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  12. Não cansados de vestir a camisa de times de futebol, políticos, artistas, e outros mais que não dão a mínima para seus zumbis seguidores, o gado agora veste camisa de vinho argentino, vinho nacional...



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