Perguntei ao garçom, do “Caffè del Teatro”, se haveria, na
vizinhança, uma enoteca regional do Verdicchio.
Gentil e prestativo, o rapaz me respondeu que nas proximidades
havia, sim, uma enoteca regional e em seguida me indicou o caminho,
Percorri pouco mais de
200 metros, encontrei o edifício e entrei confiante na “Enoteca Regionale di Jesi”
Ambiente, simples, acolhedor, prateleiras bem organizadas e
que expunham grande variedade de vinhos regionais.
Me aproximei do balcão e após os cumprimentos de praxe, a sommelier
perguntou quais vinhos eu desejava degustar.
Respondi que o Verdicchio dei Castelli di Jesi era o real motivo
de minha visita, que pouco conhecia do famoso vinho “marchigiano” e deixaria em
suas mãos a decisão de escolher algumas das etiquetas mais representativas da
denominação.
O estratagema funcionou, como de costume e a sommelier propôs uma
degustação de 5 diferentes Verdicchio.
Começava, ali e naquele instante, a minha verdadeira caminhada
para a “descoberta” do “Verdicchio dei Castelli di Jesi.
“Todos os Verdicchio que apresentei são de boa qualidade, mas,
em minha opinião o melhor, no quesito custo qualidade, é o da Fattoria
Coroncino”.
Bingo!
A sommelier, além de acertar em cheio na escolha do
Verdicchio, me forneceu o endereço do produtor.
Contente e satisfeito,
prometi voltar para degustar outros vinhos da região.
No dia seguinte, sem pressa, mas ansioso, peguei a estrada
para alcançar a “Fattoria Coroncino” em Staffolo.
Pouco mais de 15 km, muitas curvas e quantas vinhas maravilhosas....
Resultado: Mais uma hora de estrada....
A “Fattoria Coroncino”
era e continua sendo, uma vinícola familiar, pequena, que à época
produzia 50.000 garrafas vinificando uvas provenientes de seus 17 hectares de
vinhedos.
Apesar da hora impropria, para a visita (não eram, ainda, 10
horas...), o proprietário da vinícola, Lucio Canestrari, romano de origem e
marchigiano de adoção, sorridente e prestativo, me recebeu, cordialmente, me guiou
pela Fattoria Coroncino, narrou um pouco de sua história, da família e de sua
paixão pelo Verdicchio.
Lucio Canestrari, no
final da visita, abriu algumas garrafas e gentilmente ofereceu uma degustação.
Ótimos vinhos, preços mais que justos.......... 24 garrafas de
“Il Bacco”, “Il Coroncino”
e “Gaiospino” foram para o porta-malas do meu carro.
Não recordo os preços, de então, mas hoje, nas enotecas, podem
ser adquiridos, “Il Bacco” 9 Euros, “Coroncino” 12 Euros, “Gaiospino” 19 Euros.
Retornei à região muitas vezes, conheci outros produtores, mas
nenhum tão sincero carismático e alegre como Lucio Canestrari.
Canestrari faleceu em 2021, mas o filho, Valerio, continua
produzindo vinhos com a mesma filosofia e sabedoria do pai.
Resultado?
Seu “IL Gaiospino” 2022 é um vinho excepcional que doa grandes
emoções aos enófilos e apreciadores do “Verdicchio dei Castelli di Jesi”.
Vinho não tem pontos, estrelas, taças.... Vinho tem histórias
Bacco.
PS. Lembro que, em uma das visitas, comentei, com Lucio Canestrari,
se haveria a possibilidade de diminuir o teor alcoólico do Verdicchio que à época
beirava os 15º.
Ainda bem que em um momento de rara lucidez filmei a resposta
Vejam
https://www.youtube.com/watch?v=SnFKw1iyaWc&list=UUk-Tx8y5To6EFjtTpeayWeQ&index=23
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