O texto abaixo foi enviado aos “COMENTÁRIOS”. Habituado em ser saco de pancadas de nossos “inimigos”, o comentário interessante, longo e elogioso, massageou meu ego e resolvi inseri-lo em “MATÉRIAS”. Boa leitura
Noite de sexta-feira, depois de uma semana
de cão no trabalho e noites insones, finalmente havia chegado.
Desliguei o computador, comprei pães, antepastos e resolvi abrir uma garrafa especial: era tudo do que precisava.
lCom a seca e as temperaturas em alta,
um branco era a melhor opção.
Depois de consultar a pequena adega
(menos de 20 garrafas), optei por um Timorasso Derthona 2014 do Claudio Mariotto, vinho fervorosamente recomendado por Bacco nesse espaço.
Quarenta minutos resfriando o vinho e
ele mostrou a que veio: uma delícia!
Não era meu primeiro Timorasso, mas foi o primeiro em que senti algum parentesco distante com seu "vizinho" Gavi, mas talvez tivesse sido apenas a lembrança piemontesa.
Disposto a entregar-me ao ócio,
durante todo o fim de semana prolongado, resolvi checar, no sábado de manhã, o
que B&B havia escrito sobre o Timorasso.
Mas, antes, dei de cara com o texto "Fats Waller", em que Bacco, deixando a dica de uma bela canção do jazzista americano, falava sobre a burrice do consumidor médio de vinhos, e de como - a seu ver - o Vivino tinha imbecilizado os enófilos brasileiros, presos a meia dúzia de castas, dez produtores, três países e ao eterno "mais do mesmo".
Acompanho B&B pelo menos desde
2012 e não exagero quando afirmo que pelo menos 90% do que aprendi sobre vinhos
veio do blog.
Ao ler a última matéria de Bacco, lembrei de
quando, na volta de uma viagem ao Peru, passando pelo Duty Free do aeroporto de
Guarulhos, vi uma garrafa de Barolo da Batasiolo, pensei "esse é o vinho
de que aquele cara sempre fala" e a levei comigo.
O resto foi história.
Onde eu conseguiria, no Brasil ou no
Vivino, dicas tão interessantes?
É claro que, para cada leitor de B&B, do ótimo Blog do João Ratão ou algum outro Quixote que se atreva a falar, com propriedade, de vinhos bons, há um caminhão de pessoas, bem ou mal-intencionadas, que entram em supermercados e restaurantes e, diante do que veem, bebem vinho ruim, vinho caro, ou desistem e pedem uma Heineken.
Um ou outro entra no Vivino e faz alguma consulta, mas sem saber se, do outro lado, o avaliador está falando coisa com coisa, ou até se é um dos i$ento$ vivaldino$ que se vendem para um produtor ou importadora de plantão.
Não nego que, às vezes, consulto o Vivino: é um aplicativo bacana para gerenciar a adega (nas versões antigas), para saber se o vinho existe ou é feito para o mercado brasileiro (basta ver se há avaliações em outros idiomas, e em especial no do país de onde provém o vinho), para saber quanto pagar por uma garrafa ou colocá-la numa lista de desejos para comprá-la no futuro.
Sobre os enoloides, Bacco, eles
apenas seguem a mesma lógica do mau gosto que há por todo lado:
- Bill Evans vendeu (e vende) menos
discos que qualquer sertanejo universitário;
- Creio que todos os filmes de
Federico Fellini, somados, tenham tido menos bilheteria que
"Titanic", mesmo que todos os espectadores soubessem de antemão, que
o navio afunda no final (razão pela qual nunca assisti esse filme);
- O melhor vinho brasileiro (e o pior
também) vende menos que qualquer cerveja pilsen da Ambev etc.
Por isso, meu amigo, se 80 ou 90% dos
consumidores não sentem necessidade de serem mais inteligentes, azar o deles.
Como já dizia o Barão de Itararé, "de onde menos se espera, daí é que não sai nada" - o que também é provado pela democracia brasileira.
A propósito, o Timorasso de sexta à noite,
estava ainda melhor no almoço de sábado.
Foi aqui mesmo, em Bacco & Bocca, que soube que isso de um vinho bom estar ainda melhor no dia seguinte não era tão incomum assim - azar o de quem fica no Vivino e não descobre essas coisas, válidas para um monte de garrafas que eles também não conhecerão.
p.s: não poderia terminar esse texto
sem recomendar a simpática Enoteca Diapason (Via Lomellina, 48, Milão), onde
comprei esse Timorasso em 2017 - uma das poucas coisas que me fariam voltar à
capital lombarda:
B&B merece este comentário elogioso. O cara manja demais e muita coisa aprendeu comigo no Piemonte. 😂😂😂
ResponderExcluirExcelente texto! Um trecho me saltou aos olhos:
ResponderExcluir"para saber se o vinho existe ou é feito para o mercado brasileiro (basta ver se há avaliações em outros idiomas, e em especial no do país de onde provém o vinho)"
Pensei que eu fosse a única pessoa a fazer isso (risos). Inclusive me deparei com um caso interessante esses dias, um Primitivo que é um dos vinhos mais bem avaliados do aplicativo (nota 4,6), onde 100% das avaliações são de Brasileiros:
https://www.vivino.com/terre-di-san-vincenzo-dal-1947-primitivo-di-manduria/w/3971055?year=2015
São mais de 3000 mil avaliações, mas não dou um centavo nisso já que não consigo encontrar nenhuma informação sobre o produtor (e nenhuma evidencia de que esse vinho seja vendido em algum outro lugar além do Brasil). Parece um típico caso de "Maria vai com as outras", o enolóide compra o vinho com base nas avaliações do Vivino e antes mesmo de tomar já está convencido de que se trata de uma baita garrafa.
Parece que é um vinho produzido especialmente para "La Pastina" . Mais uma picaretagem da Vivino e Cia de Picaretas Ilimitadas"
ResponderExcluirSim, provavelmente um vinho meia-boca, que é vendido com outro rótulo fora do Brasil e deve custar dez vezes menos.
ExcluirSem dúvida e há quem acredite no vivino
ResponderExcluirNão pude deixar de dividir com vocês:
ResponderExcluirhttps://www.eniwine.com/vitrine/detalhes/c1ca7c6d-02c5-42f4-b92e-8fd7a8959ce4
Mas pelo menos, ele escolheu bem as castas.
Já no cabeçalho há um erro: "Susumanielo" com uma só "L"
ExcluirMerecidíssimo. E parabéns pelo bom gosto. Difícil encontrar quem conheça e aprecie Fat’s Waller.
ResponderExcluirna sexta-feira, fui a um bar com uns amigos, que, depois de tomar uns chopes, decidiram pegar um vinho branco.
ResponderExcluircomo aqui é Brasil, o bar só tinha um único vinho branco, um Chardonnay argentino - que, por falta de opção, pegamos.
claro que esse Chardonnay era da categoria "vini che fanno cagare", muito ruim. voltamos para o chope e, enquanto a garrafa ainda estava na mesa, resolvi procurar sobre o vinho no Vivino: a nota média dele era 3,7 (numa escala de 1 a 5).
para vocês terem uma ideia, o Château Musar branco que bebi no dia seguinte tinha média 3,8, e o Timorasso do Mariotto que o Zé bebeu tem nota 3,9 no aplicativo.
Quer ficar espantado? Olha então as notas dos primitivos e aqueles vinhos que o Luca 99 Pontos Maroni avalia... Tudo entre 4,2 e 4,5.
ExcluirVivinho, mesmo, é quem inventou o "Vivino" que fatura uma grana com os trouxas que acreditam naquela picaretagem
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