Um caro amigo, sempre muito atento e ávido por notícias sobre vinhos,
me enviou um artigo em que a inglesa “Wine
Intelligence” publica os
resultados de uma pesquisa sobre os conhecimentos vinícolas do consumidor médio.
A pesquisa indica que o consumidor médio conhece sempre menos
de vinho.
O resultado é desanimador quando aponta o Brasil que, para
variar, é o líder na diminuição, no consumo e conhecimento, de variedades de
uvas.
Quando foi perguntado, aos brasileiros, quais e quantas castas
consumiam regularmente, a resposta apontou que, em 2020, o número havia baixado
de 5,8
variedades para 5,2.
Desanimador, também, foi a resultados sobre os conhecimentos
vinícolas entre os mais jovens.
A juventude
enófila declara, candidamente, não se
preocupar em memorizar, castas, denominações, regiões produtoras, métodos de
vinificação etc.,
Para o jovem enófilo é
muito mais fácil e rápido recorrer ao smartphone para obter, imediatamente, as
informações necessárias.
É a vitória da imbecilização liderada pelos aplicativos da família
“Vivino”
Tem alguma dúvida sobre aquele tinto, branco, espumante?
Não é necessário beber, provar, degustar.... As “Vivinos” da
vida vão “educar” seu paladar e alargar seus conhecimentos com um simples toque
no celular.
Quando alguém me revela que ,somente após consultar a “Vivino”, onde conferiu pontuações, estrelas, medalhas, ou apenas cocôs, decidiu comprar este Barolo, aquele Chablis, esse outro Brunello, percebo o quanto sou ultrapassado, quixotesco e nada serviram minhas viagens pela
Borgonha, Piemonte , Alsácia, Veneto, Alto Adige , Languedoc-Roussillon,
Lombardia, Liguria, Marche, Toscana, Côte du Rhone , Abruzzo, Umbria , Sicilia, Sardenha etc.: a “Vivino” “explora” , para você, todas as regiões do planeta em segundos e com custo zero.
Vou além...
Quem se interessa, ainda, por minhas antigas “descobertas” e degustações
(pagas sempre com meu dinheiro) de Timorasso, Avanà, Pelaverga, Fara,
Lessona, Susumaniello, Ruchè, Shioppettino, Incrocio Manzoni, Boca,
Marzemino, Loazzolo, Malvasia de Nus, Blanc de Morgex, Bramaterra,
Strevi, Sizzano, Gamba di Pernice, Buttafuoco, Sovana, Bianco di Pitigliano,
Torgiano, Picolit, Doux D’Henry, Malvasia Istriana, Cannonau. Pigato,
Carricante, Nerello Mascalese, Nerello Cappuccio e outras dezenas de
castas e denominações se a média de conhecimento e interesse do enófilo
brasileiro se limita a 5,2 delas?
A “Wine Intelligence” afirma que a indústria fez um ótimo trabalho na
democratização do vinho: 80-90%, dos consumidores, declaram não terem
necessidade, nem desejo, de aprofundar seus conhecimentos para beber
uma taça, seja de branco, tinto ou rosé.
A mediocridade ao alcance de todos....
Para dizer a verdade, continuar a escrever sobre Carricante, Picolit, Boca,
Incrocio Manzoni, Blanc de Morgex etc., é querer ser aplaudido tocando
Paul Desmond, Art Tatum, John Coltrane-Johnny Hartman, João
Gilberto, Tom Jobim, em um baile funk.
Resta uma saída: Imitar Fats Waller e escrever para
mim mesmo.
https://www.youtube.com/watch?v=8ZZRAU3DeOo
Bacco
enquanto isso, outro tipo de idiotas comanda a inflação no Piemonte...
ResponderExcluirhttps://cluboenologique.com/story/the-rise-of-nebbiolo/
ResponderExcluirOpinião, por Eduardo Affonso: A enologia ao alcance de todos
https://lulacerda.ig.com.br/opiniao-por-eduardo-affonso-a-enologia-ao-alcance-de-todos/?fbclid=IwAR0drwUki18EKyLFwepaiR-PH5zLNT9JWK8QsHeJY86rJzXsinvQ_9lggBs
Ótim a matéria. Mordaz, alegre e precisa
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