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sábado, 4 de setembro de 2021

FATS WALLER

 


Um caro amigo, sempre muito atento e ávido por notícias sobre vinhos, me enviou um artigo em que a inglesa “Wine Intelligence” publica os resultados de uma pesquisa sobre os conhecimentos vinícolas do consumidor médio.

A pesquisa indica que o consumidor médio conhece sempre menos de vinho.

O resultado é desanimador quando aponta o Brasil que, para variar, é o líder na diminuição, no consumo e conhecimento, de variedades de uvas.

Quando foi perguntado, aos brasileiros, quais e quantas castas consumiam regularmente, a resposta apontou que, em 2020, o número havia baixado de 5,8 variedades para 5,2.

Desanimador, também, foi a resultados sobre os conhecimentos vinícolas entre os mais jovens.

 A juventude enófila   declara, candidamente, não se preocupar em memorizar, castas, denominações, regiões produtoras, métodos de vinificação etc., 

 Para o jovem enófilo é muito mais fácil e rápido recorrer ao smartphone para obter, imediatamente, as informações necessárias.

É a vitória da imbecilização liderada pelos aplicativos da família “Vivino”

Tem alguma dúvida sobre aquele tinto, branco, espumante?

Não é necessário beber, provar, degustar.... As “Vivinos” da vida vão “educar” seu paladar e alargar seus conhecimentos com um simples toque no celular.

Quando alguém me revela que ,somente após consultar a “Vivino”, onde conferiu pontuações, estrelas, medalhas, ou apenas cocôs,  decidiu  comprar este Barolo, aquele Chablis, esse outro Brunello, percebo o quanto sou   ultrapassado, quixotesco e nada  serviram  minhas viagens pela 

Borgonha,  Piemonte , Alsácia, Veneto, Alto Adige , Languedoc-Roussillon,

 Lombardia,  Liguria, Marche, Toscana, Côte du Rhone , Abruzzo, Umbria , Sicilia,  Sardenha etc.:  a “Vivino” “explora” , para você, todas as regiões do planeta  em segundos e com custo zero.

 Vou além...

Quem se interessa, ainda, por minhas antigas “descobertas” e degustações

 (pagas sempre com meu dinheiro) de Timorasso, Avanà, Pelaverga, Fara,

 Lessona, Susumaniello, Ruchè, Shioppettino, Incrocio Manzoni, Boca,

 Marzemino, Loazzolo, Malvasia de Nus, Blanc de Morgex, Bramaterra,

 Strevi, Sizzano, Gamba di Pernice, Buttafuoco, Sovana, Bianco di Pitigliano,

 Torgiano, Picolit, Doux D’Henry, Malvasia Istriana, Cannonau. Pigato,

 Carricante, Nerello Mascalese, Nerello Cappuccio e outras dezenas de

 castas e denominações se a média de conhecimento e interesse do enófilo

 brasileiro se limita a 5,2 delas?

A “Wine Intelligence” afirma que a indústria fez um ótimo trabalho na

 democratização do vinho: 80-90%, dos consumidores, declaram não terem

 necessidade, nem   desejo, de aprofundar seus conhecimentos para beber

 uma taça, seja de branco, tinto ou rosé.

A mediocridade ao alcance de todos....


Para dizer a verdade, continuar a escrever sobre Carricante, Picolit, Boca,

 Incrocio Manzoni, Blanc de Morgex etc., é querer ser aplaudido tocando

Paul Desmond, Art Tatum, John Coltrane-Johnny Hartman, João

 Gilberto, Tom Jobim, em um baile funk.


Resta uma saída: Imitar Fats Waller e escrever para mim mesmo.

https://www.youtube.com/watch?v=8ZZRAU3DeOo

Bacco

 

  

3 comentários:

  1. enquanto isso, outro tipo de idiotas comanda a inflação no Piemonte...

    https://cluboenologique.com/story/the-rise-of-nebbiolo/

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  2. Opinião, por Eduardo Affonso: A enologia ao alcance de todos

    https://lulacerda.ig.com.br/opiniao-por-eduardo-affonso-a-enologia-ao-alcance-de-todos/?fbclid=IwAR0drwUki18EKyLFwepaiR-PH5zLNT9JWK8QsHeJY86rJzXsinvQ_9lggBs

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  3. Ótim a matéria. Mordaz, alegre e precisa

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