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domingo, 21 de outubro de 2018

ADIEU BORDEAUX, AGAIN



 

 

Quatro meses após escrever meu adeus a Bordeaux resolvi compartilhar como caminha minha vida e, ao mesmo tempo, leio sobre mais um possível trambique em Bordeaux.
 
 

 O texto “problematizador” pode ser encontrado aqui

O caso (até agora tratado como suspeita) envolve as mudanças nas classificações em St Emillion e se você ainda não leu, sobre o assunto, deveria.

A cada 10 anos eles corrigem o ranking das casas na região, algo que vejo com simpatia, bem ao contrário do que ocorre na margem esquerda do rio, mas, como sempre, há coisas estranhas: Os donos das vinícolas avaliam os próprios vinhos.
 

 Difícil não haver um pouco de “torcida” para o próprio produto.

A vida segue boa sem Bordeaux (restam poucas garrafas na minha adega e olho para elas como quem olha para as sobras do churrasco um dia depois...com aquela vontade).

Tive a sorte de beber alguns Bordeaux de sonho (dos bons), mas jamais acreditei que valessem o quanto custavam.
 

Vinho, assim como canetas, carros, móveis para casa ou escritório, calçados esportivos, equipamentos hospitalares, etc. etc... é negócio e Bordeaux captura essa essência como nenhuma outra região no mundo.

 Vendem, tranquilamente, algo que vale 1/3 do valor

E ainda criaram bolsa de “derivativos”.

 Haja cara de pau, haja trouxa.

Talvez Champagne ou Napa cheguem perto em termos de embromação no que tange qualidade, preço e a mística sobre a região.

E Borgonha? Pelo que venho lendo aqui estão gostando bastante da brincadeira de vender pelo preço que pedem.

Ao contrário do que um eno-desavisado possa pensar, Bordeaux faz falta zero.

 Pelo preço dos “grands vins” há trocentas escolhas gostosas.

Se pensarmos nos “grands crus classés” há opções quase infinitas.
 

 Bons vinhos de todo os cantos do mundo, principalmente os portugueses, americanos e espanhóis..., mas foco em França e Itália.

Gaste seu patrimônio em vinhos onde a chance de ser enganado seja menor.

Para um bebedor, consciente do dinheiro, há poucas piores que comprar bombas caras seguidamente.

Há uma correlação bem positiva e interessante entre pessoas inteligentes, bem sucedidas, intelectuais (no bom sentido da palavra) e os que sabem comprar, bem, vinho.

Aprender e pensar dá um pouco de trabalho.
 
 

Já para ser passado para trás não se gasta uma sinapse.

Fácil e garantido.

As eleições em Banania provaram que a paciência tem limite (quem não celebrou a limpa que fizeram no congresso tem problema mental ou moral grave).

 Já pensou se começarmos a aprender e a pensar antes de votar e comprar vinho e replicarmos esse comportamento para mais coisas na vida?

Dedico essas poucas palavras a todos que passam a vida tentando fazer a coisa correta, levantam para trabalhar e voltar para casa para tomar um vinho honesto (ou até mesmo um shake de herbalife).

 Bacco&Bocca perderam um leitor fiel (raramente comentava, só falava para mim que Dionísio “às vezes” pegava pesado), pai exemplar de família, marido dos bons, amigo e chefe do melhor tipo (uma legião de gente atestou isso no triste velório) para uns vagabundos que o mataram em troca de nada (ao soltar o cinto de segurança foi executado).
 

 Ironicamente estava indo à uma igreja/templo com a família - única fonte de discórdia nos nossos debates e conversas.

A vida é curta e sem sentido ou propósito. Deixe de ser trouxa, ponha essa gente picareta do vinho no devido lugar.

Beba menos, mas beba melhor.

Bonzo

5 comentários:

  1. belo lembrete, Bonzo. uma pena que, como Bacco já antecipou, a Borgonha tem-se inflacionado cada vez mais e seguiu Bordeaux - felizmente, não quanto à classificação de seus vinhos... pelo menos isso.

    quanto à paciência com o Brasil, it's long gone. melhor gastar não somente dinheiro, mas também tempo, com picaretagens. o último apaga a luz.

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    1. O pulso ainda pulsa. Por coincidencia conversei ontem com pessoas (30 anos, boa educacao escolar e cultural) que moraram na vizinhanca francesa. Comentaram que acham bordeaux um assalto em todos os niveis de nivel. Se e quando a turma se educar mais nos vinhos e tomarem atitude, vai ser lindo de ver.

      Os deuses nao eram astronautas, mas seria bordeaux os gauchos da europa?

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  2. Não gosto do Bozo mas também odeio o PT. Nesse tiroteio diário de preços altos, impostos, trambiques e importadores tubarões vou torcer para que seja sacramentado o acordo de livre comércio com a Uniao Européia (que a Abravin tanto luta contra). Acho nossa última esperança em termos um avanço no nosso mercado de vinhos.

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    1. Nada passa para melhor. Viva o quase vinho bananico.

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  3. Quem era o leitor que vc devotou 3 linhas homenageadoras?

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