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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

UMA ABERRAÇÃO DE TÃO BOM


Nas últimas semanas há, nos meios de comunicação, site e blogs especializados, uma verdadeira Blitzkrieg exaltando a grande qualidade dos vinhos nacionais.

 Notícias eno-ufanistas por todo lado e ad nauseam.
 
 

Quando isso acontece é porque há algo, nada róseo, acontecendo nas vinhas verde-amarelas.

São sintomas que denunciam novos problemas no pobre e capenga cenário vinícola nacional.

Há tempos não se via tamanha investida.

Uma das primeiras, sem dúvida a mais ridícula, foi aquela do “O espumante nacional é o segundo melhor do mundo”.
 

Depois veio a fase das “merdalhas”.

 Concursos caça-níqueis que premiavam (continuam premiando) todos os vinhos do planeta, inclusive os quase-vinhos nacionais.

Um tsunami de merdalhas de ouro e prata invadiu a Serra Gaúcha.
 

Mais algumas tentativas, sem grande importância e agora é a vez e a hora dos nossos mais premiados sommeliers reconhecerem a grande qualidade de nossos vinhos.

Vinícola como a Guaspari, Salton, Perini, Pireneus, Tormentas Bueno etc. foram e continuam sendo exaltadas por grandes nomes (nem tanto) de nossa crítica e$specializada.

Nomes consagrados que, diga-se de passagem, até agora, simplesmente, ignoravam os vinhos nacionais.

Será que perdi o trem que da Serra Gaúcha, passa por São Roque e segue intrépido até Cocalzinho?
 

Será que não percebi as grandes mudanças que ocorreram nas vinhas nacionais?

Até ontem os vinhos nacionais eram classificados como purgantes e agora são elogiados por nossos mais experiente$ formadore$ de opinião?

Querem alguns exemplos?

O nosso “melhor sommelier” e grande escalador de cruzeiros medievais, deixa para traz os Romanée-Conti, Château-Pétrus &Cia para rolar, ladeira abaixo, até Cocalzinho onde encontra seu novo éden vinícola: A Pireneus Vinhos e Vinhedos e o “Intrépido”.
 

Em sua nova realidade, que poderíamos chamar de “Feliz o Tempo Que Passou”, nosso exterminador de fundos de garrafas preciosas, deixados como gorjetas pelos poderosos e abonados paulistas, foi obrigado a classificar aquela tremenda bosta de Goiás:  “Uma aberração de tão bom”.

Ao ler tamanha imbecilidade lembrei das palavras de Ariano Suassuna ao criticar um artigo em que o jornalista considerava o Chimbinha um guitarrista genial.

Ariano ,brilhante, comentou :”.....eu sou um escritor brasileiro , a língua portuguesa é o meu material de trabalho... se eu gasto um adjetivo , como genial, com Chimbinha, o que vou dizer de Beethoven?”

 
Sem mais comentários, mas acho que as pragas dos franceses, revoltados com o escalador de cruzeiros medievais, estão surtindo efeito.

 Pelo andar da carruagem e da crise, é bem provável que nosso               sommelier-espaguete, em breve, precisará encontrar outra “Aberração de tão bom”.

Quem pensou, maliciosamente, no “Sangue de Boi” não está tão longe da realidade.
 

Mas, creiam, nosso sommelier-espaguete não está sozinho.

Aguarde a continuação.

Dionísio

 

 

8 comentários:

  1. A Casa Valduga está vendendo seu STORIA por "míseros" 220 rais (50 euros). E o top da vinícola, o Luiz Valduga, por 399 reais (91 euros). Gauchos espertos!
    Jorge.

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  2. Esse video do Suassuna é demais! Aliás, tudo dele. Ainda bem que ainda temos coisas assim.
    Salu2,
    Jean

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  3. Uma vez um picareta (perdao, pilantra) me contou que esse Tropeço Boato era honesto, que poderia estar bem melhor na vida do que esta... quase ejaculei, por tras.

    Lixos. So Dionisio para ainda falar desses bost@s.

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  4. http://edificiotristeza.com/2017/06/26/idolos-vinhos-naturais-radiohead/

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  5. "exterminador de fundos de garrafas preciosas, deixados como gorjetas pelos poderosos e abonados paulistas"... Kkkkkkkkk, vale a pena reler esses textos. Estou me divertindo. Quanto a nossa realidade do vinho, só piorou, infelizmente.

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