“Prove esta Barbera”
Todas as vezes que Fabio, proprietário do “Sabot”, o mais
badalado bar e um dos meus endereços favoritos de Santa Margherita, agrega uma
nova etiqueta em sua carta de vinhos, me oferece uma taça do recém-chegado.
Fabio sabe que sou um razoável apreciados e conhecedor de
vinhos piemonteses e sempre pede minha opinião quando fecha uma negociação.
A minha opinião nunca
mudou suas decisões, mas serve para massagear meu ego….
Provei a Barbera, gostei e entusiasmado, aprovei.
Pedi para ver a garrafa e mais uma vez me surpreendi: A
Barbera “Peiragal”, que estava bebendo, é produzida pela vinícola, nada
artesanal, “Marchesi
di Barolo”.
A “Marchesi di Barolo”,
localizada bem na entrada da aldeia homônima, pertencias à nobre família Falletti.
Com a morte de Juliette de Colbert, esposa do marquês Carlo
Tancredi Falletti, terminou a dinastia dos Falletti.
Juliette, antes sua morte, ordenou que a vinícola, depois de
seu desaparecimento, fosse transformada em “Opera Pia” (instituição tipicamente
italiana que se encarrega de ajudar os mais pobres e necessitados)
No começo do século IXX a “Opera Pia Marchesi di Barolo” lutava, desesperadamente, para sobreviver.
Em 1929 Pietro Abbona, viticultor da região, comprou a vinícola,
a modernizou e hoje, a empresa, tocada por seus filhos e netos, produz 1,4 milhões
de garrafas.
Boas, medianas e honestas garrafas, mas não excepcionais.
A Barbera D’Alba Peiragal 2015
é um belo exemplo de que se uma vinícola de grande porte (para padrões
italianos) resolve vinificar com seriedade, pode surpreender.
Boa estrutura, grande equilíbrio e perfeita harmonia entre
aroma e paladar, a Peiragal é uma ótima Barbera
que termina, na boca, com uma interessante e contida nota amadeirada que
agradou até meu “preconceituoso” paladar.
Belo vinho, mas o preço não é exatamente convidativo.
A Barbera D’Alba “Peiragal” custa 14/18 Euros e não é certamente um vinho que
frequenta, todos os dias, as taças italianas.
As taças italianas, que não são ricas como as brasileiras,
preferem Barbera de 5/7 Euros.
Se compararmos a “Peiragal” com
aquele vinho, que teimam em chamar de “Barbera”, produzido em Cocalzinho (GO) e
custa nada razoáveis R$ 170, o “Peiragal” por
60/80 R$ é de graça.
Não sei se o Barbera “Peiragal” é
encontrado no Brasil, mas recomendo uma bela taça (ou mais) aos que viajarem,
no próximo outono, para Alba e cidades vizinhas.
Bacco
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