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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

CHIANTI RUFFINO


Lembram daquele frasco empalhado que simbolizou o Chianti como vinho mais "italiano" de todos os tempos?

Pois é, estamos falando do "Chianti Ruffino".

Os esnobes certamente torcerão o nariz e me colocarão no mesmo nível do decadente Beato Salu.
 

Uma pequena informação

O nosso “melhor sommelier”, em tempos de Lava Jato, perdeu grande parte da clientela abonada.

Clientes (corruptos?) que não tinham nenhum pudor e nem denotavam pruridos morais ao torrar somas estratosféricas enquanto desarrolhavam icônicas garrafas no Fasano & Cia.

Para se adaptar aos novos tempos, de gorjetas ralas e raras, nosso escalador de cruzeiros medievais foi "obrigado" a elogiar, pasmem, um quase-vinho "uma aberração de tão bom" de Cocalzinho (GO).

Vou elogiar o Chianti Ruffino, mas garanto que não fui subornado e não ganhei nem meia garrafa do famoso vinho toscano que nasce em Pontassieve, cidade próxima a Firenze, no distante 1877.

Os primos Ilario e Leopoldo Ruffino, de apurado faro comercial, perceberam que seu vinho, largamente consumido em Pontassieve, poderia agradar, também, aos moradores das cidades vizinhas.

 
O sucesso foi imediato e o "Chianti Ruffino" se transformou rapidamente em um sucesso popular e agradou, também, os paladares de gente famosa.

Na sede da “Ruffino” há uma carta assinada por Giuseppe Verdi na qual o grande compositor se queixava da demora na entrega de seu vinho preferido.

Os primos Ruffino, com problemas de saúde e sem herdeiros, em 1913 venderam a vinícola à família Follonari.

Os Follonari, empresários de grande dinamismo e capacidade comercial, impulsionaram, ainda mais, as vendas.

É bom lembrar que nos anos 20 o “Chianti Ruffino", com sua garrafa empalhada, foi um dos primeiros vinhos a desembarcar na América onde se tornou símbolo da "italianidade".

 
Conta a lenda que, durante a lei seca, o "Chianti Ruffino" era vendido nas farmácias como "remédio anti-stress”.

A Ruffino, de hoje, produz perto de 15 milhões de garrafas e possui mais de 1.500 hectares espalhados pela Itália sendo que 600 são para o cultivo de vinhas.

A Ruffino não é exatamente uma vinícola artesanal, mas.....

Semana passada entrei na minha esquálida adega à procura de uma garrafa de tinto para beber enquanto assistia a um jogo de futebol.
Brunello, Barolo, Meursault-Blagny......Garrafas importantes (caras) e não exatamente indicadas para uma tarde futebolística.

Uma corrida ao supermercado mais próximo, uma rápida pesquisa na gondola do tinto e....por que não um "Chianti Ruffino"?

Bingo!

Aquela garrafa, de R$ 69, me acompanhou por toda a tarde, parte do dia seguinte e me fez lembrar como estava certo o conde Ricasoli quando elaborou o primeiro disciplinar do Chianti.

O Chianti Ruffino, vinificado com 70% de Sangiovese 30% de Canaiolo e Malvasia, apresenta razoável estrutura, aromas floreais, frutados e com ligeiro toque de especiarias.

Leve fácil de beber o Chianti Ruffino vale todos os R$ 69 gastos na aquisição.

É bom lembrar que, pelo mesmo valor, não há garrafa nacional que chegue aos pês do vinho toscano

Confira

Dionísio

 

 

 

 

 

 

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