Lembram daquele frasco empalhado
que simbolizou o Chianti como vinho mais "italiano" de todos os
tempos?
Pois é, estamos falando do "Chianti Ruffino".
Os esnobes certamente torcerão o
nariz e me colocarão no mesmo nível do decadente Beato Salu.
Uma pequena informação
O nosso “melhor sommelier”, em tempos de
Lava Jato, perdeu grande parte da clientela abonada.
Clientes (corruptos?) que não
tinham nenhum pudor e nem denotavam pruridos morais ao torrar somas
estratosféricas enquanto desarrolhavam icônicas garrafas no Fasano & Cia.
Para se adaptar aos novos tempos,
de gorjetas ralas e raras, nosso escalador de cruzeiros medievais foi
"obrigado" a elogiar, pasmem, um quase-vinho "uma aberração de tão bom" de Cocalzinho (GO).
Vou elogiar o Chianti Ruffino, mas garanto que não fui subornado
e não ganhei nem meia garrafa do famoso vinho toscano que nasce em Pontassieve,
cidade próxima a Firenze, no distante 1877.
Os primos Ilario e Leopoldo
Ruffino, de apurado faro comercial, perceberam que seu vinho, largamente
consumido em Pontassieve, poderia agradar, também, aos moradores das cidades
vizinhas.
O sucesso foi imediato e o "Chianti Ruffino" se transformou rapidamente
em um sucesso popular e agradou, também, os paladares de gente famosa.
Na sede da “Ruffino” há uma carta assinada por Giuseppe Verdi
na qual o grande compositor se queixava da demora na entrega de seu vinho
preferido.
Os primos Ruffino, com problemas
de saúde e sem herdeiros, em 1913 venderam a vinícola à família Follonari.
Os Follonari, empresários de
grande dinamismo e capacidade comercial, impulsionaram, ainda mais, as vendas.
É bom lembrar que nos anos 20 o “Chianti Ruffino", com sua garrafa empalhada,
foi um dos primeiros vinhos a desembarcar na América onde se tornou símbolo da
"italianidade".
Conta a lenda que, durante a lei
seca, o "Chianti Ruffino" era
vendido nas farmácias como "remédio
anti-stress”.
A Ruffino, de hoje, produz perto
de 15 milhões de garrafas e possui mais de 1.500 hectares espalhados pela
Itália sendo que 600 são para o cultivo de vinhas.
A Ruffino não é exatamente uma vinícola
artesanal, mas.....
Semana passada entrei na minha esquálida
adega à procura de uma garrafa de tinto para beber enquanto assistia a um jogo
de futebol.
Brunello, Barolo,
Meursault-Blagny......Garrafas importantes (caras) e não exatamente indicadas
para uma tarde futebolística.
Uma corrida ao supermercado mais próximo,
uma rápida pesquisa na gondola do tinto e....por que não um "Chianti Ruffino"?
Bingo!
Aquela garrafa, de R$ 69, me acompanhou
por toda a tarde, parte do dia seguinte e me fez lembrar como estava certo o
conde Ricasoli quando elaborou o primeiro disciplinar do Chianti.
O Chianti Ruffino, vinificado com
70% de Sangiovese 30% de Canaiolo e Malvasia, apresenta razoável
estrutura, aromas floreais, frutados e com ligeiro toque de especiarias.
Leve fácil de beber o Chianti
Ruffino vale todos os R$ 69 gastos na aquisição.
É bom lembrar que, pelo mesmo valor,
não há garrafa nacional que chegue aos pês do vinho toscano
Confira
Dionísio
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