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domingo, 14 de janeiro de 2018

OS TEIMOSOS



A tragédia, que o pavoroso Chardonnay da Pico Maccario, causou ao meu paladar,

me fez pensar: "quais razões levam os produtores, de tradicionais países vinícolas, como Espanha, Itália e Portugal, a introduzirem em seu território castas "internacionais" (francesas)?

Tentar conquistar uma fatia do olímpico mercado da Cote D'Or, Bordeaux, Rhône etc.?

Nem pensar....

Competir com os produtores do novo mundo, Austrália, África do Sul, Chile, Argentina etc.?

Idiotice,

Alcançar a qualidade, fama e preço dos vinhos franceses seria, até, possível..... Em 2.389.

Os enormes espaços agricultáveis, o baixo custo de produção, a possibilidade de inundar o mercado com enormes quantitativos (milhões de garrafas), qualidade não excelsa, mas razoável e constante, tornam a competição com o Novo Mundo totalmente inviável.

Como se todos esses argumentos não bastassem, os espanhóis italianos e portugueses teimam em produzir ridículos vinhos afrancesados que ,quando não são ridículos, são caríssimos.
 

Exemplo: Gaja & Rey, Monteriolo Coppo, Ca' Del Bosco.

Todos os vinhos acima mencionados custam mais do que muitos 1er Cru de Chassagne-Montrachet, Puligny-Montrachet, Meursault....

O que considero mais patético, na teimosia de afrancesar os vinhos, é saber que Itália e Portugal (Espanha não é minha praia...) são berços de centenas de grandes uvas autóctones.

Na Itália há, vinificadas, normalmente, quase 500.

Em Portugal, apesar do pequeno território, o numero de castas conhecidas e catalogadas, ultrapassa com folga 350.
 

Confesso minhas "portuguesas" limitações vinícolas, mas viticultores que possuem, por exemplo, a Rabigato, Encruzado e Alvarinho, não precisariam perder seu tempo com a Chardonnay.

O mesmo discurso pode ser aplicado para os viticultores italianos.

Quem, em seu território, pode contar com Verdicchio, Garganega, Trebbiano D'Abruzzo, Malvasia Istriana, Timorasso, Cortese, Fiano, Carricante e dezenas de outras magníficas castas, não deveria fazer o papel de bobo vinificando a Chardonnay.
 

A Verdicchio e Garganega, apenas duas como exemplo, em 40 anos , quando os viticultores entenderam que qualidade era mais importante do que quantidade, fizeram passos gigantescos e se aproximam da excelência que os franceses demoraram séculos para alcançar  

Um único problema: A ganância.

Ganância, típico comportamento das vinícolas brasileiras, parece ter contaminado os produtores de alguns vinhos de sucesso, Timorasso, em primeiro lugar.
 

Todos os produtores de Timorasso elevaram, demasiadamente, seus preços e o vinho, que podia ser comprado por 12/15 Euros, há três anos, hoje só é encontrado por 18/20 e até 50 Euros caso a garrafa seja do viticultor Walter Massa.

Massa parece ter feito um curso na Geisse, Carraro, Valduga etc.

A milésima queixa, a ladainha de sempre de Bacco contra os produtores "afrancesados"?

Se alguém tivesse bebido, assim como eu tentei beber, aquela "tremenda bosta" (obrigado Dionísio) que a Pico Maccario, sem nenhum pudor, chama de "Chardonnay", faria o mesmo.
 

Vamos deixar de afrancesar, mal e porcamente, os vinhos do velho continente.

Bacco

 

3 comentários:

  1. Tomei na quinta feira um pio cesare chardonnay. Agua para lavar roda de carro. Alem do dinheiro, nao sei porque um produtor com tal fama cai nessa armadilha de produzir vinho menor numa regiao tao sensacional. Certamente o vinhedo tem que ficar em algum pantano...nao pode ser coisa boa.

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  2. Exatamente. O Chardonnay é cultivado nas áreas menos nobres

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  3. Integralmente de acordo com o argumento. Neste final de semana provei o Guidalberto 2015 (Tenuta San Guido). Um vinho despersonalizado, sem caráter, aquela textura "sedosa" tipicamente parkeriana, além de uma passagem de parcela do vinho pelas infames barricas americanas. Na hora lembrei de um Mastroberardino Taurasi 1999 que bebi há algum tempo.

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