"Vou erradicar as videiras de Chardonnay e plantar "Pelaverga"
A afirmação de Gian Alessandria me surpreendeu, afinal, é raro
um viticultor se desfazer de vinhas produtivas e substituí-las por outras que
somente serão economicamente viáveis após 4/5 anos.
Gian continuou: "Produzo
pouco mais de 3.000 garrafas de Chardonnay e não vale a pena".
Fiquei quieto, mas achei que o Gian escondia o real motivo.
Antes de continuar quero lembrar que, outro grande viticultor,
Josko Gravner, erradicou as castas "internacionais"
de suas terras e implantou vinhedos com uvas autóctones.
Na ocasião um crítico feroz e contumaz escreveu um comentário
sugerindo que Gravner estivesse se transformando
em um bom velhinho gagá.
Não acredito que o Gravner "seja
um bom velhinho e gagá", mas tenho certeza que Gian Alessandria, de
gagá, nada tem.....
Se alguém, no final de
2016, quiser comprar algumas garrafas de Pelaverga 2015, do Alessandria, vai
ter que rebolar: Gian já está com e estoque praticamente esgotado.
O outro lado da moeda..... Na adega do Gian repousam tranqüilas
e poeirentas, caixas e caixas de Chardonnay 2013.
Um raciocínio simples e fácil: Para que insistir com
Chardonnay, que ninguém quer, quando não consigue atender todos os pedidos de
Pelaverga?
Bem vindo, Pelaverga....... Adeus, Chardonnay!
Aos poucos os viticultores das "Langhe" estão
percebendo que as castas "internacionais" nada têm a ver com o
território, ninguém as quer e nem por decreto conseguem alcançar preços que
justifiquem sua presença nas colinas de Verduno, Castiglione Falletto, La Morra,
Monforte, Serralunga, Barolo, Novello.........
Qual turista, sentado em um bar de Alba, pediria um Langhe
Chardonnay?
Somente um retardado mental que, provavelmente, ordenaria, em
um bar de Nuits Saint George, uma taça de Barbera.
Uma região, que produz alguns dos melhores tintos do planeta,
Barolo e Barbaresco, não precisaria passar vergonha vinificando Chardonnay,
Cabernet Sauvignon, Merlot etc. de quinta categoria e que ninguém quer.
Há mais de 500 restaurantes no território, 15 dos quais ostentam
estrelas Michelin.
A gastronomia do
Piemonte é uma das melhores da Itália e as cozinhas locais trabalham com pratos
que "pedem" Barolo, Dolcetto, Barbaresco, Barolo, Nebbiolo e outros
tintos locais.
Que turista quadrúpede
pediria um "Langhe
Merlot" ou um "Langhe
Chardonnay" no "Dai
Bercau", "L'Antica Corona Reale", "La Cantinetta"...?
Alguém perguntaria, provavelmente quem chamou Gravner de "Velhinho Gagá": "Se os
vinhos "internacionais" são tão ruins assim por que muitos
viticultores implantaram vinhas?"
Minha opinião: 1º) Havia um movimento, "modernista",
que pretendia tornar o Barolo mais "internacional".
Nada melhor, então, do que
um percentual de Merlot, Cabernet Sauvignon e muita barrique para conquistar o
mercado parkeriano.
2º) Nem todo terreno é apto e nem obtém a permissão para o
implante de vinhas de Nebbiolo da Barolo.
Nada melhor, então, que,
naquele terreno úmido, na parte mais baixa da colina, com exposição solar pouco
adequada (norte), onde se plantavam batata, colocar algumas vinhas de
Chardonnay, Merlot, Sauvignon.....
Resultado: Os Chardonnay
& Cia, das Langhe, "fan cagare"!
Alguém dirá: "Mas o Gaja produz o Gaja e Rey que é ótimo"
Como o Gaja consegue é, para mim, um mistério (tenho minha
tese...), mas o "Gaja
e Ray" custa 150/180 Euros e leva pau de um Chablis Grand Cru que custa 1/4.
Antes que alguém argumente o contrário vou contar uma das
minhas historinhas.
Há alguns anos, o bar "La Brasilera", em Alba, estava
servindo "Gaja
e Rey" pelo "módico" preço de 12 Euros a taça.
Eram os dias em que os brasileiros acreditavam ter encontrado o paraíso,
os dias do "Nunca
antes na historia desse país....".
Meus Euros eram fáceis, baratos..... Bebi duas taças.
Bom vinho, mas não excepcional e... caro, muito caro.
No dia seguinte, já em Chamonix, a caminho da Borgonha, em um
bar ordenei uma taça de Chablis Premier Cru (não lembro qual).
A lembrança do Gaja e Rey estava fresca na memória e enquanto
bebericava o Chablis de 4 Euros eu sorria maliciosamente: Aquele Chablis era muito superior ao
Gaja e Rey.
O Gian Alessandria faz muitíssimo bem em erradicar o
Chardonnay e implantar o Pelaverga, afinal, Chardonnay todos tem
(até o Brasil).
O Pelaverga é produzido somente em Verduno, La Morra
e Roddi, por apenas 10 viticultores e num total de pouco mais de 100 mil
garrafas.
Viva o Pelaverga.
Bacco
BA,
ResponderExcluirEle vai erradicar chardonnay e plantar MAIS pelaverga porque ja produz alguma coisa faz algum tempo, alem de exportar para a america tambem.
De qualquer maneira todos que plantaram uvas internacionais merecem uma reguada no punho. Que a experiencia seja replicada em todos os cantos da Italia. Para que chardonnay e merlot na Umbria? Syrah na Sicilia? Cabernet (argh) na Toscana? Para que cabernet em Sao Roque? Para que syrah em Goias? Para que vinho de R$ 150 em Pinhal? Pronto, avacalhei, mas essa turma que cobra tudo isso por uma bomba de PINHAL tambem merece punicao, do tipo escutar debate presidencial americano 24 horas por dia.
Grande Roedor, não acredito que o Gian exporte muito Pelaverga. A produção é pequena (12/14 mil garrafas). É bom ter um aliado que também detesta Cabernet de São Roque... Que vinho é esse de R$ 150 de Pinhal? É uma nova sacanagem do Dani dosmilnomes Ellerw
Excluirnão é dos arrivistas de sempre, Bacco, mas segue a mesma fórmula:
Excluirhttp://blogs.gazetaonline.com.br/vinhosemaisvinhos/2016/05/vinho-brasileiro-ganha-pela-primeira-vez-uma-medalha-de-ouro-no-decanter-wine-awards-2016.html
http://vejasp.abril.com.br/materia/vinicola-guaspari-espirito-santo-do-pinhal
vejamos:
- enólogo que rodou por vinícolas grandes
- medalha em competição
- as mesmas uvas de sempre
- 50 hectares bem baratinhos (na matéria da Veja: “Cada hectare implantado tem um custo de 83 000 reais do primeiro ao quarto ano”)
- investimento, também tirado da matéria da Veja: "Desde o início, a empresa já investiu mais de 4 milhões de reais, valor que inclui preparação do terreno, plantio, irrigação e compra de mudas. Também entra nesse total o salário de 55 funcionários, cinquenta deles no campo e cinco na adega"
resultado: a vinícola tem apenas 10 anos de funcionamento, já "ganhou" medalha e vende seu Syrah, hoje, a R$ 150.
É soda!!!!! Um hectare de Nebbiolo da Barolo na Cru Monvigliero custa algo entorno de 1.000.000 de Euros e o vinho do Alessandria custa menos de R$ 150. Brasil, uma terra de eno-babacas
Excluirviva o Pelaverga!
ResponderExcluire, Bacco, não esqueça da parte final do Ribolla Gialla, em que você comenta as garrafas que bebeu. tá aí uma casta local com a qual ainda não tive uma experiência ruim...
Eduardo, vou tentar organizar meus neurônios e escrever a matéria. Abraço
ResponderExcluirBa,
ResponderExcluirestou bem curioso para tomar os produtos do seu amigo. Mas acho que vai mais um mes para por as maos nos 2 barolos que estao me esperando aqui perto. Um 2008, o outro 2010.
Ja que estou por aqui, quer dar um sim ou nao para do Nada Fiorenzo barbaresco manzola e rombone? 2010 e 11 respectivamente. Precos otimos, mas nao os conheco... Tem tambem o langhe seifile 2010 que esta numa faixa otima ($ 45.00).
Auguri.
Onde estão esses barbarescos com ótimos preços ?
ExcluirEstados Unidos da América. sério.
ExcluirCaro Bacco, contarei uma historia pra que fique uma experiencia e para discussao.
ResponderExcluirNa minha ultima viagem a Italia voltei com 20 garrafas de vinho na mala, e fui parado pela receita,depois de um bom tempo de fiscalizaçao fui obrigado a deixar 04 das 20 garrafas.
Ofuncionario da receita foi ate simpatico e me deixou escolher as 04 garrafas que ficariam,me disse tbm que nao poderia nem naquele momento pagar a diferença de imposto prq alem de ultrapassar a cota em valor havia ultrapassado a cota em quantidade de litragem e ai estava o problema,me orientou a retornar durante a semana para fazer o desembaraço.
Pensei em deixar de lado e aproveitar as garrafas restantes,mas justamente pra ver como ficaria os impostos resolvi levar adiante. Cheguei na receita no primeiro dia nao fui atendido pois estavam em indicativo de greve e so atendiam 02 dias na semana, voltei no outro dia fui atendido e o fiscal me deu um calhamaço com mais ou menos 20 paginas a serem preenchidos e alguns lugares a serem visitados.... Pensei adeus vinhos, mas nesse momento conheci um despachante no propio local e dps de rapida negociaçao me cobrou R$150,00 pra fazer todo processo,entao vamos aos numeros:
VALOR DE COMPRA ITALIA
BAROLO ETTORE GERMANO CERETTA : eur 42,00
NANNI COPPE TERRE DEL VOLTURNO :eur28,00
VALPOLICELLA RIPASSA ZENATO : eur 16,00
PRIMO SEGNO VILLA VENTI : eur 12,00
total : eur 98,00
IMPOSTOS:
DARF : R$175,00
ICMS :R$ 180,00
ARMAZENAGEM :R$ 22,00
TOTAL : 377,00
EUR 98,00X 3,5 = 343,00 + 377,00 = R$ 720,00
PREÇOS NO BRASIL :
BAROLO ETTORE GERMANO CERETTA R$ 750,00
NANNI COPPE TERRE DEL VOLTURNO R$410,00
VALPOLICELLA RIPASSA ZENATO R$ 300,00
PRIMO SEGNO VILLA VENTI R$ 140,00
Total no Brasil : R$ 1.600,00
Ficam os números e preços para análise
Ps: O processo ao final tinha 39 paginas para ser retirado uma mercadoria que eles avaliaram em eur 100,00
O despachante me falou que vários viajantes estão trazendo caixas e caixas e desembaraçando na chegada
Saluti
Tai uma boa dica
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