No final de uma caminhada, pelas labirínticas ruelas da
estupenda Cefalù, resolvi voltar para o hotel,
aproveitar o ensolarado final de tarde e beber algumas taças de vinho admirando
o pôr do sol na varanda do meu quarto.
Nas proximidades do hotel encontrei uma pequena enoteca.
Sem muita cerimônia entrei e procurei uma garrafa de vinho
branco.
Em uma prateleira,
entre diversas etiquetas, notei várias garrafas
do famoso Chardonnay da badaladíssima vinícola “Planeta”.
Muita propaganda, mil elogios, comentários entusiastas, pontos
e mais pontos…A crítica unânime considerava o Chardonnay da “Planeta” o melhor da Itália!
Eram os anos 90 (1995 para ser exato) e eu já não acreditava
nas críticas e nos críticos, pontos, revistas, “bicchieri” e etc., mas o
ardente sol de Cefalù e a longa caminhada devem ter amolecido meus miolos e meu
cartão.
Resultado: Caí em
tentação!
Saí da enoteca com o premiadíssimo
Chardonnay da “Planeta” aliviado em 45.000 Liras (uma
fortuna, naqueles anos).
A experiência siciliana foi tão
desastrosa que, mesmo após 20 anos, ainda permanece viva em minha mente.
Enquanto me refrescava com uma chuveirada, fazia a barba e
trocava de roupa, deixei a garrafa de Chardonnay Planeta
resfriando em um balde de gelo.
O ocaso já iniciara.
Relaxado, comodamente, na
espreguiçadeira da varanda, admirando o belíssimo pôr do sol de Cefalù,
derramei uma generosa dose de Chardonnay Planeta na taça e ….desastre
total!!!!!
O vinho, claramente produzido para agradar o tal mercado
“internacional”, parecia ter saído de um paul de manteiga, batizado em uma pia
de baunilha, maturado em uma serraria de carvalho e “fortificado” em uma usina
de álcool.
Um vinho caríssimo, opulento, mastigável, sem nenhuma elegância,
grosseiro, até.
O álcool, em excesso, me derrubou já na segunda e última taça e nunca mais bebi o “mítico” Chardonnay Planeta.
No dia seguinte, já recuperado, mas desconfiado com os vinhos
da ilha, voltei à enoteca, relatei minha desventura e acatei a sugestão da vendedora
que, por um quinto do preço do Chardonnay “planetário”, me recomendou uma garrafa
de “Rapitalà”
Mesmo ritual, mesmo balde, mesma varanda, mas, ainda bem,
outro vinho.
Bebericando o simples, barato, mas o honesto “Rapitalà”, pude, finalmente, apreciar o belo pôr do sol de Cefalù.
Desculpem, mas não consigo comentar um vinho sem contar as minhas
historinhas.
Para mim, vinho, tem que ter “historinha”.
Pontos parkerianos ou da “Winespeculeitor” são para enófilos tontos e sem
imaginaçãoBacco
O Rapitalà continua
Qual foi o Rapitalà que você bebeu? Aquele que é um corte de Catarratto e Chardonnay ou o Gran Cru Chardonnay?
ResponderExcluirSalu2
Você é fogo! Ia revelar na segunda matéria ,mas...... Chardonnay e Catarratto
ExcluirMi dispiace! rs. Estou aguardando a segunda matéria...
ExcluirSalu2,
Jean
Vcs já comentaram no Blog sobre as caríssimas grapas de Neive por causa de uns desenhos no rótulo de um finado artista da região ?
ResponderExcluirEsse Rapitalà é uma boa de uma merda!
ResponderExcluirAbaddon.