Não existem vinhos “naturais”!
Sem a intervenção do homem, que planta, cuida, colhe e
vinifica, não existiria o vinho.
A natureza não transforma uva em vinho.
O que hoje é moda chamar de “Vinhos Naturais” na realidade é, teoricamente,
uma técnica de vinificação, menos invasiva por parte do homem, mas, repito, sem
o homem não há vinho.
Na busca do bom vinho nunca me preocupei em demonizar ou
endeusar esta ou aquela moda, esta ou aquela técnica.
Eu sempre combati o mau uso da barrique, que há até
recentemente era a “mãe” de todos grandes vinhos, mas não a barrique.
A barrique é, assim como tantos outros, um instrumento
utilizado na adega, um auxiliar na vinificação.
Hoje a barrique é a Geni do vinho.
A primeira coisa que o consumidor, (já com um pé na moda dos
vinhos naturais) pergunta, é “O vinho é barricado?”
O produtor, coitado, que usa a barrique, tenta esconder o
fato: Passagem por poucos meses, barriques velhas, barriques novas,
metade em barrique e metade em inox, madeira grande 80% e 20 em barrique....
É o total declínio e demonização da “madeira”.
É a radicalização insensata.
A barrique é apenas um instrumento usado na enologia que pode
ser bem ou mal empregado.
Quando bem manejada, a barrique, colabora e muito, para a
realização de vinhos ótimos (vide a Borgonha), quando não, como em toda vinificação,
os resultados são menos elogiáveis.
O mesmo discurso pode ser aplicado quando se tende a demonizar
a moderna enológica considerada demasiadamente invasiva pelos “novos naturalistas radicais”.
A “Geni das Genis” vinícola, todavia e segundo os defensores
dos vinhos biológicos, biodinâmicos, naturais, triple A e sei lá mais o que, é
o sulfito.
“Vinhos sem sulfitos adicionados, sulfito zero, não uso sulfitos
em minha adega, sulfitos provocam dor de cabeça, sulfitos são prejudiciais à
saúde... Vade retro sulfitás”
Tá bom, tá certo, concordo, mas e o álcool?
O álcool não é, também, prejudicial à saúde?
Vamos produzir vinho sem álcool?
Vinho álcool zero!
Só para que se tenha uma ideia: você sabe quantos produtos
alimentares contém sulfitos?
Não posso elencar todos, mas veja quantos mg de sulfitos são permitidos
e adicionados em alguns alimentos
·
Vinagre Balsâmico
170
·
Crustáceos 150
·
Bacalhau
200
·
Mostarda 250/500
·
Sucos de fruta
250
·
Frutas desitratadas (uva, pessego, damasco etc.) 2000
·
Bananas
secas
1000
·
Maças e peras
secas
600
·
Tomate seco
200
Os sulfitos, também, fazem a festa e estão presentes nos
cogumelos secos, carnes, embutidos (salame presuntos, mortadelas, copa,
salsichas etc.) verduras congeladas, enlatados, hambúrguer, ketchup, balas, biscoitos,
maionese, cerveja e mais uma infinidade de outros alimentos,
Os sulfitos, presentes no vinho, todavia, são os únicos
prejudiciais e provocam dor de cabeça.
Saco!
Vamos colocar assim: No almoço começo com algumas fatias de
salame e presunto. Em seguida uma bela salada com verduras proveniente de hortas
regadas, quem sabe, com água contaminada. Uma bela macarronada com tomates
secos e azeitonas e finalmente, como
prato principal, um belo bacalhau.
Para adoçar, o final, algumas frutas secas.
Ingeri, durante o almoço, uma dose cavalar de sulfitos, mas
somente as três taças vinho que bebi me causaram dor de cabeça.
Saco, mais uma vez!
A bandeira que muitos produtores desfraldam contra os sulfitos
é meramente oportunista.
Eles sabem, perfeitamente, que sem sulfitar, os vinhos tendem
a oxidar, não envelhecem bem e não raramente apresentam acidez volátil insuportável.
Vinho sem sulfitos, se não forem produzidos em
adegas imaculadas, mais parecidas com esterilizadas salas cirúrgicas, podem
apresentar cheiros desagradáveis (não adianta
tentar me convencer que o brett é sinônimo de qualidade...) de estábulo e outros fedores inomináveis.
Para terminar, mais este capítulo, quero apresentar, aos
nossos apreciadores e defensores dos vinhos “naturebas”, o que a União Europeia permite adicionar aos vinhos
“biológicos”.
"Fosfato
diamônico , Decloridrato de tiamina,
dióxido de enxofre, bissulfito de
potássio, carvão vegetal para
uso enológico, gelatina, proteínas
vegetais de trigo ou ervilhas, cola de peixe, albumina, Taninos, caseína, caseinato de potássio,
Dióxido de Silício, bentonita , enzimas pectolíticas,
ácido láctico, ácido tartárico L, carbonato
de cálcio, tartarato de potássio
neutro, bicarbonato de potássio, bactérias lácticas, ácido
L-ascórbico, azoto, dióxido de carbono, ácido cítrico, ácido metatartárico, goma de
acácia (goma arábica ), bitartarato de potássio, citrato de cobre,
sulfato de cobre, Chips de
carvalho, alginato de potássio, sulfato de cálcio ".
Ótima informação, estão sempre tentando nos enganar com conversas fiadas sobre isso ou aquilo.....igual pedir um X bacon e uma coca diet para acompanhar.....
ResponderExcluirBeber vinhos turvos, defeituosos, com odores ruins, só porque trazem a bandeira "natural", não é minha praia.
ResponderExcluirSalu2
Alguém conhece o vinho barolo Poggio le coste? Estão vendendo em uma rede de supermercado por R$ 178,00.
ResponderExcluirÉ um Barolo produzido pela Zonin
ExcluirCaprichem no topico biodinamicos. Juntamente com remedio feito de oleo de cobra esse é o meu tema picaretistico favorito.
ResponderExcluirEstou caprichando e fazendo várias pesquisas para aprofundar o assunto.
ExcluirTem muita informação recente, inclusive do encontro de vinhos "naturais". Vários blogs trataram do tema.
ExcluirBlogs com honestidade e qualidade de informação iguais. Zero.
ExcluirQual supermercado Jaques ?
ResponderExcluirGontron
Rede zafari, aqui em Porto Alegre/RS.
ResponderExcluirBacco, olhe realmente as tecnicas aplicadas no cultivo dos biodinamicos. Trabalhei com alguns biodinamicos aqui na Europa e è a mesma coisa. Falam muito bonito e tudo o mais, convencem o consumidor, mas eh de enganar bobo. Mas quando vc ve com cuidado as praticas biodinamicas, uma bruxaria desgracada - chifre de ovelha enterrado nos vinhedos, cha de trevo, homeopatia e tudo o mais.
ResponderExcluirAbracos, e ansioso pra ler suas opinioes!
Ricardo