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domingo, 21 de abril de 2024

O ENÓFILO BRASILEIRO É, ANTES DE TUDO, UM FORTE

 


Parece que a última matéria, escrita por Dionísio, “A Dois Passos do Paraíso”, despertou muito mais revolta contra os preços das “desgustações” das importadoras do que os valores dos vinhos nacionais praticados pelos P P P” (Produtores Picaretas Predadores)

Falha minha por não ter aprofundado meus conhecimentos e consequentemente quase nunca ter dedicado algumas linhas sobre a escancarada picaretagem que importadoras e “P P P” praticam quando promovem patéticas “desgustações”.



Há, todavia, uma justificativa para minha declarada ignorância.

 Nos anos 1990 era assíduo frequentador de eventos das importadoras (lembram da finada Expand?), da AB$ e dos “P P P”, mas aos poucos e já então, percebi que estava bancado o idiota.

Preços elevados, quantidades microscópicas, vinhos banais, eram as normas e regras que norteavam, naqueles anos, os eno-eventos.



Enterrei, definitivamente, as “desgustações” em território nacional, quando, no final dos anos 1990, comecei a frequentar eventos similares na Itália.

Não lembro quantas feiras e encontros de vinhos frequentei.

Todas as semanas e em todas as regiões havia (e há) um festival de Barolo, Barbera, Champagne, Soave, Sangiovese, Gattinara, Boca, Timorasso, Pigato, Chablis, Verdicchio, Incrocio Manzoni, Grignolino, Brunello di Montalcino e um infinidade de outros vinhos, que podiam ser degustados, à vontade e sem limites, por 10/15 mil das finadas Liras



  Foi então que, parafraseando Euclides da Cunha, me convenci que o O enófilo brasileiro é, antes de tudo um forte.....mas solenemente enrabado



Não quero me prolongar sobre os já sobejamente conhecidos absurdos praticados pelos “P P P” e importadoras, mas posso afirmar, com absoluta certeza que há, na Itália, todas as semanas e em todas as regiões, centenas de eno-eventos onde se pode beber, até cair, por 15/20/30 Euros.



Exemplos: As ruas Alba, no domingo 26 de maio, serão invadidas por dezenas de barracas para a realização de “A Festa dos Vinhos Piemonteses”

No evento, 90 produtores oferecerão, em degustação,  40 vinhos produzidos com as variedades autóctones piemontesas :Albarossa, Arneis, Avanà, Baratuciat, Barbera, Becuet, Bian Ver, Bonarda, Bussanello, Cari, Caricalasino, Cortese, Croatina,



 Dolcetto, Erbaluce, Favorita, Freisa, Gamba di pernice, Grignolino, Malvasia, Malvasia di Schierano, Malvasia moscata,



 Montanera, Moscato, Nascetta, Nebbiolo, Nebbiolo di Dronero, Neretto di San Giorgio, Pelaverga, Pelaverga Piccolo, Quagliano, Rossese bianco, Ruchè, Slarina,  Timorasso, Uva rara, Uvalino, Vespolina.



O custo do evento, com degustação ilimitada: 18 Euros (15 Euros se o convite for adquirido online).

Caso o enófilo seja fã dos vinhos toscanos, no dia 4 de maio, poderá visitar a bela e medieval aldeia, Castiglion Fiorentino e participar do “Valdichiana Wine Festival”.

No festival poderão ser degustados 200 vinhos dos seguintes produtores:

1.     Badini – CASTIGLION F.NO
2. Maestà Santa Luce – CASTIGLION F.NO
3. Tenuta Frassineto – AREZZO
4. Licinia – LUCIGNANO
5. Faralli – CORTONA
6. Tanganelli – CASTIGLION F.NO
7. Polezzi – CORTONA
8. La Pievuccia – CASTIGLION F.NO
9. I Vicini – CORTONA
10. Mariottini Wine – AREZZO
11. Podere Marella – CASTIGLION DEL LAGO
12. Santa Vittoria – FOIANO
13. Tenuta Angelici – CORTONA
14. Mazzeschi – CASTIGLION F.NO
15. Tenuta al Moro – CETONA
16. Buccelletti – CASTIGLION F.NO
17. Cantagallo – CORTONA



18. Poggio alle Monache – ASCIANO
19. San Luciano – MONTE S. SAVINO
20. Pie di Colle – CIVITELLA VALDICHIANA
21. Podere della Bruciata – MONTEPULCIANO
22. Canaio – CORTONA
23. Baldetti – CORTONA
24. Arnaldo Rossi – CASTIGLION F.NO
25. Baracchi – CORTONA
26. Carpineta – SINALUNGA
27. Mezzetti – CORTONA



28. Tiberini – MONTEPULCIANO
29. Vegni – CORTONA
30. Aggravi – SARTEANO
31. Duca della Corgna – CASTIGLION DEL LAGO
32. San Leo – AREZZO
33. Palazzo Vecchio – MONTEPULCIANO
34. Poggio Mori – SARTEANO
35. Poggio Pietroso – MONTE GABBIONE
36. Schiantolo Vini – MONTEPULCIANO
37. Podere Paradisino – MONTEPULCIANO
38. Cantina Mancini – MARCIANO

39. Fattoria Brena – CORTONA



40. La Peschiera – SARTEANO
41. Buccia Nera – AREZZO
42. IViti – CORTONA
43. Alfredo e Giovanni Speranza – CORTONA
44. San Ferdinando – CIVITELLA
45. Poggio Sorbello – CORTONA
46. Il Sosso – LUCIGNANO
47. Boscarelli – MONTEPULCIANO
48. Tenuta la Cella – AREZZO
49. Eredi Trevisan – CORTONA

Preço do ticket: 15 Euros (degustação ilimitada)

Caso o enófilo queira beber de tudo um pouco (ou muito...) dia 14 de abril (já era....) poderia ter visitado a belíssima Ferrara, participar, desembolsando apenas 12 Euros, do evento: “Calici di Primavera” (Taças de Primavera) e degustar os vinhos dos produtores:

Luca Bottura (Lombardia)- Distilleria Ceschia (Friuli Venezia Giulia)
La Vinarte (Abbruzzo) -De Riz (Veneto) -Nepos Villas (Veneto)
Angelo Maffione (Puglia) -Ca Bindola (Emilia Romagna)
X PRESE (Veneto) -Castiglia (Sardegna) - Poderi San Lazzaro (Marche)



La Source (Valle d’Aosta) - Vitevis – Ca’ Vegar (Veneto)
Simone Capecci (Marche) - Tenuta Vitalonga (Umbria)-                    Paesano Liquori (Sicilia) - L’Altracantina (Sicilia)
Nebbia e Sabbia (Emilia Romagna) - Chàteau Vrai Canon Boucè (Francia)



Louis Vallon (Francia) - Chàteau Martino (Francia)- Domaine Pavelot (Francia)
Chàteau Bèlingard (Francia) - Domus Hortae (Puglia)
La Pescinella (Toscana) –Corte Mamaor (Veneto)





Silvio Carta (Sardegna) - La Follonica (Marche)l
Tenute Mokarta(Sicilia) – Valsorda Winery (Lombardia)
Tirapelle (Veneto) – Camoi (Veneto) – Vigne al Colle
Mascarello (Piemonte) - Liquorificio La Culma (Piemonte)

Se o amigo enófilo correr, poderá participar, de 25 até 28 de abril, na estupenda San Quirico D’Orcia, do “Orcia Wine Festival” e degustar os grandes vinhos dos produtores:

Atrivm, Bagnaia, Campotondo, Capitoni Marco, Dirimpettaio,



 Donatella Cinelli Colombini, Fabbrica, La Canonica, La Grancia di Spedaletto, La Nascosta, Olivi – Le Buche, Palazzo Massaini, 





Podere Albiano, Poggio Grande, Roberto Mascelloni, Sampieri del Fa, Sassodisole, Tenuta Sanoner, Val d’Orcia Terre Senesi, Vegliena.

Preço da degustação ilimitada?

 1 dia = 18 Euros, 2 dias = 30 Euros

 Poderia continuar elencando dezenas e dezenas de feiras, festivais, eventos, encontros etc. de vinho, que todos os finais de semana invadem as ruas e praças, das cidades e aldeias italianas.

 Os enófilos, além de degustarem, o quanto o corpo pode aguentar, ganham uma taça e uma sacolinha com o nome do evento.

É preciso salientar que 15/20 Euros, preço médio praticado nos festivais, representam menos de 2% do salário mínimo italiano

Bacco

 Continua

 

 

27 comentários:

  1. Além do preço, que é um assalto, incomoda a inversão da lógica. Esses eventos são para que os produtores possam expor seus produtos e conquistar mercado. Quando eu era universitário existia as tais feiras de recrutamento, onde empresas milionárias pagavam (caro, diga-se de passagem) para colocar um stand e atrair estudantes das melhores universidades. Na visão dos soldados da Mistral, provavelmente os estudantes duros que deveriam pagar para frequentar a feira. Quando lhe oferecerem amostra grátis de um novo produto no supermercado, abra logo a carteira e vá pagando. Pague também por trailer que assistir no cinema. Você, consumidor, é o produto que está sendo vendido nessas degustações, os vinhos abertos saem de verbas de marketing pagas pelo produtor com rebate pra importadora, por isso pagar acima de uma taça/valor simbólico é, no mínimo, esquisito. Ótimo post pra mostrar a realidade em países onde o consumidor não é bobo.

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  2. Acho degustações chatíssimas. Aliás, detesto qualquer tipo de controle que da vazão a pequenos poderes. A única parte do mundo do vinho que gosto é do próprio vinho, e do aprendizado de culturas e costumes que ele propicia, como nenhuma outra bebida alcoólica. Gosto deste blog extremista, que vai da excelência à excrescência, e forma consciências. Acabei de voltar de um almoço, com boas companhias, entre elas vinhos muito agradáveis, que hoje vieram da Sardenha. O resto - confrarias, degustações, notas, e outros adereços - só atrapalham e, sem pedantismo intelectual, trazem a pulsão de morte para onde deveria haver apenas gosto pela vida.

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    1. Faltaram : impertinência, incontinência, decadência, kkkkkkk.
      By the way ...bebeu Cannonau?

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    2. Monica. Cepa leve, hoje fez calor.

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  3. Aproveito a deixa para uma pergunta. Bebi há uns dias um Langhe Nebbiolo de mais um Conterno, o Diego, que não conhecia. Achei bom, mas o amigo que me acompanhou era glutão, e me couberam só duas taças, não fechei o diagnóstico. Sabem se é bem cotado localmente?

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  4. Infelizmente não posso ajudar; nunca bebi vinhos do Diego Conterno

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  5. Tem essa agora. Uma vinicola no Rio de Janeiro. Sim, é isso mesmo. O vinho aparentemente só tem uma safra até agora. Algo de errado com isso? Não. Quer dizer, não até você ver o preço: R$195.00 pra degustar 3 cepas de vinhos cariocas com frios.

    É sério. R$195.00. Vinho carioca de videira jovem. Hoje mesmo paguei R$105 numa excelente garrafa de alicante bouschet de uma tradicional vinicola portuguesa.

    https://odia.ig.com.br/petropolis/2021/07/6187016-vinicola-na-regiao-serrana-colhe-1-safra-e-ajuda-a-firmar-regiao-como-polo-de-enoturismo.html

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    1. “Uma delícia, tem gosto de uva! Pelo menos foi o que me disseram…”

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  6. E a história se repete.. um empresário, uma família.. um sonho.. uma paixão.. um vinho! Primeira vindima e já com preço de campeão

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  7. O problema do vinho Brasileiro é que ele está jogando a série B, recém chegado da série C, e quer cobrar como um time da Série A que está brigando por vaga em libertadores.

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  8. Respostas
    1. Além de França, Itália, Espanha, Portugal, EUA, África do Sul, Chile, Argentina, Uruguai e Austrália, quem mais estaria a frente do Brasil-sil-sil? Pensa que Grécia, Alemanha e Nova Zelândia por exemplo estariam? México, Peru, Hungria e Israel acho que estão atrás do BR.

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    2. Nova Zelândia com certeza estaria na frente. Bons brancos e Pinot. Mas infelizmente chegam bem caros aqui, quando chegam.

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    3. Alemanha e Grécia, certamente, e de goleada. Produção tradicional e de elevada qualidade.

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    4. Nova Zelândia é incomparável… Grécia também é muito superior. Alemanha, nem se fala. O Brasil é rabeira, total.

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    5. Hungria atrás do Brasil? Você já ouviu falar de Tokaji? um dos vinhos mais caros e cobiçados do mundo (melhor na média do que Sauternes, na minha opinião), sem falar dos brancos de Furmint, colocam eles anos luz à nossa frente.
      O México não tem uma grande produção vinícola, mas a média de qualidade é bem superior, e a preços mais acessíveis, eles só tem a vinícola mais antiga da América Latina, Casa Madero, fundada em 1597, além de vinícolas como Casa Domecq, Santo Tomás, LA Cetto, que fabricam vinhos há muitos anos, e novas de alta qualidade como Baron Balché, Monte Xanic, Tres Raíces, Casa Magoni e Guanamé, por mecionar algumas.
      Desses países, só o Peru talvez fica atrás do Brasil, e eles ainda tem um dos melhores Tannat de entrada que já provei, o Intipalka.
      Outros países que tembém estão à nossa frente: Georgia e Moldávia, não chega muito, mas o que chega é bom, e não é caro.

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    6. Vinhos mexicanos conheço bem, já pude até fazer degustação por lá, acho que estão atrás. A casa Madero tem o 3W gran reserva que é um belíssimo vinho mesmo, me surprendeu muito, mas a linha 3W normal é vinho "nível Brasil" e o preço do peso mexicano não torna nada acessível, 3W gran reserva custa ~65 dolares, discordo bastante nesse ponto do preço ser bom. Gran Ricardo é outro vinhaço, também caro. Realmente a produção é pequena, quase não se exporta e estão atirando pra todos os lados no quesito castas, tirando os grandes vinhos, o resto é nível Brasil pra baixo, com todo respeito. Na média acho que perde e olha que sou zero enopatriota. Húngaros não conheço para comentar.

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    7. Quesito vinho, o país mais próximo que talvez o Brasil se compare seria a Bolívia. Mas talvez

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    8. Nível Brasil? Acredito que moramos em diferentes Brasís, então.

      No Brasil que eu moro, os “vinhos” mais vendidos sequer são feitos de uvas viníferas.

      Quer realmente entender como é a qualidade média dos vinhos mexicanos? Na sua próxima viagem, vai no Wal-Mart e pega o vinho mexicano mais barato, e faça o mesmo no Brasil, provavelmente vai ser um Pérgola (vinho brasileiro mais vendido por 8 anos consecutivos) ou Sangue de Boi, e faça uma degustação às cegas, e depois nos conte a sua experiência.

      Então, não, a industria brasileira não está a frente da mexicana, só é mais arrogante e picareta.

      Não estou dizendo que não temos bons vinhos, mas são pontos muito fora da curva.

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  9. A até dez anos atrás realizavam-se generosas degustações gratuitas em SP. Lembro-me daquelas do Pão de Açúcar e da Adega Alentejana. Hoje, na própria região produtora, me pediram 70 reais para degustar cinco vinhos. E me pediram 70 reais de rolha em um restaurante.

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    1. Rolha em SP já chegou aos R$ 100,00, mas tem sido mais comum valores em torno dos 80 reais. Caro. Mas tomar um bom vinho em alguns restaurantes se tornou proibitivo. Um simples Dry Martini já chegou aos 50 reais.

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  10. Numa cantina de Ribeirão Preto a rolha é 120 L. O Brunelo da carta 1.200 L. Também é uma cidade que já possui 2 vinicolas. Syrah da Califórnia paulista.

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  11. Em Portugal, por 20 euros vc participa ou da Essencia do Vinho ou da Simplesmente Vinho. Bebe praticamente tudo de qualidade de Portugal(Porto 50 anos...) e ainda leva uma taça Riedel para casa

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    1. É só ir para lá. Tem voo da Azul de Viracopos para Lisboa, toda hora. Leva um plástico bolha para trazer a Riedel.

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  12. Desliguei minha adega, agora é encarar o samba

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