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sábado, 6 de abril de 2024

CÔTE-D'OR.....QUE RESTE-T-IL DE NOS AMOURS

 


Há anos estou diminuído visivelmente minhas viagens à Borgonha.

Os grandes atrativos da região são seus grandes vinhos, mas nos últimos 20 anos vi os preços das garrafas percorrerem o caminho das estrelas enquanto o Real continua sua lenta, mas inexorável, queda rumo ao Maranhão



Entrar no carro, percorrer mais de 700 km, na ida e outros tantos na volta, para comprar garrafas que custavam 50/80 Euros e que hoje ninguém entrega por menos de 200/300, soa insanidade total.

A Borgonha, nos últimos anos, se transformou na região vinícola mais badalada e cara da França.

Há incontáveis anos a área coberta por parreiras, na Borgonha, continua praticamente do mesmo tamanho, não sofreu um significativo aumento dos hectares cultivados e a produção, de garrafas produzidas, não é suficiente para suprir o constante aumento da procura.

Resultado?

Os preços dos 1er e Grands Crus alcançaram estrelares 300-400-500 Euros.


CHEVALIER-MONTRACHET 2020

Côte de Beaune
Vin Blanc
ARMAND HEITZ
730,00 €
/ 75 cl : Bouteille


 Como não bastasse o fator “oferta X procura” é notório que, após Champagne e Bordeaux, os grandes grupos do “luxo” começaram a se interessar, para valer, pela Borgonha.

François-Henri- Pinault, proprietário, entre outras coisinhas, das marcas Gucci, Balenciaga, Bottega Veneta, Saint Laurent, Château Latour, Château Grillet etc., comprou, na calada da noite, a Domaine d’ Eugenie em Vosne-Romanée.



Seu eterno rival, Bernard Arnault, dono do grupo LVHM (Luis Vuitton, Dom Perignon, Moet & Chandon, Krug, Ruinart, Veuve Clicquot, Château D’Yquem etc. etc. etc.) em 2014 comprou os 8 hectares do “Clos des Lambrays”, um dos quatro Grands Crus de Morey-Saint-Denis, pela bagatela de 200 milhões de Euros (25 milhões por hectare).



Pinault, não se deu por vencido e em 2017, arrematou, quase pelo mesmos 200 milhões, os 7,06 hectares do Grand Cru vizinho, o “Clos de Tart”.

É bom lembrar que o “Clos de Tart” tem uma história vinícola de “apenas” 900 anos.



Os significativos investimentos dos grandes grupos, a mesma quantidade de garrafas produzidas e a crescente procura, foram responsáveis pelo aumento dos preços, que triplicaram e em alguns casos até quadruplicaram de valor.

 Exemplo: uma garrafa de Grand Cru que, há 15 anos, custava 150/200 Euros, hoje é quase impossível leva-la para casa por menos de 400-500 ou 800 Euros.

Sorte nossa que a Borgonha não é somente Côte d’Or....

https://www.youtube.com/watch?v=OddALnXIhkE

Em minhas próximas viagens “francesas” deixarei Beaune, Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet, Vougeot, Morey-Saint-Denis, Gevrey-Chambertin, Corton, e Cia, para os novos-ricos-abonados e focarei minhas atenções nos vinhos de Mercurey, Fuissè, Vergisson, Pierreclos, Vinzelles, Chablis etc. denominações menos badalas, vinhos de ótima qualidade, onde é possível, ainda (até quando?), encontrar garrafas com ótima relação qualidade-preço.


456,00 € T.T.C.
485,00 €
38,00 € / uunité



PENSANDO BEM......

Os franceses são grandes e tradicionais viticultores, mas pecam pela ingenuidade, não entendem nada de especulação e desconhecem quão milagroso pode ser o cenário vinícola do Brasil.

Continua

Bacco

17 comentários:

  1. Fui pra Bordeaux há 18 anos, naquela época os vinhos da América do Sul eram intragáveis, a supremacia Europeia era evidente, mas já se via o início da busca por opções fora do velho mundo. Os Australianos (Shiraz) e Sul Africanos (Pinotage) começavam a dar sinais de que podiam encontrar seu nicho (nessa época o Brasileiro maluco cultuava o tosco Jacobs Creek kkkk). De lá pra cá os vinhos Brasileiros evoluíram pouco, mas melhoraram, os Argentinos se especializaram em vinhos frutados e encorpados levando o Malbec pra altitude e tocando barril a dentro, e os Chilenos abriram um leque interessante com Cabernet e Carmenere (para alguns Carmenever). Os vinhos Europeus não pioraram, mas o gap diminuiu. Hoje, um bom chileno se encontra a 100 janjas, valor que dificilmente encontrarei um bom francês aqui. Os Franceses que chegam a 100 janjas ou menos não seriam servidos nem na classe econômica da Air France. Faz sentido que a França se concentre nos super vinhos e tente lucrar ao máximo, mas para exportar ao homem comum eles não estão mais competitivos no quesito preço.

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  2. Mais vantajoso comprar os vinho da "Borgonha brasileira" kkkkkkkk:

    https://youtu.be/zumztXYsyF0?si=42Q91ksFlYXYgBSE

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    1. Tudo que é uma versão de outra coisa mais famosa é sempre uma porcaria.

      A Harvard do Canadá.
      A Paris do Leste.
      A Borgonha Brasileira.

      Aliás, esse sommelier do vídeo virou sommelier oficial do grupo pão de açúcar e tem a tarefa hercúlea de recomendar vinhos com uma relação custo benefício de chorar.

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    2. Harvard do Canada foi maldade, mas boa.

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  3. Se até pra quem está na Europa é difícil, aqui então é impossível. A facada final nos apreciadores de vinho daqui foi esse câmbio.

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  4. Minha adega ainda tem alguns borgonhas, quase duas dúzias de garrafas, safras 2009 e 2015, excelentes. Côte D’Or na maioria e alguns da Côte Chalonnaise. O título do texto caiu feito uma luva. Triste. A reposição é descartada, e as garrafas vão ficando por lá, símbolos do passado como as fotos de uma juventude sem barrigas e presbiopias e com sorrisos de mulheres bonitas Deve haver algum tratamento psicológico libertador para entornar sem remorso.

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  5. beber um Grand Cru e cantar ... "Que reste-t-il de ces beaux jours?

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    1. Sim, mas chorar cantando e engasgar com o Grand Cru. Le coup de grâce !

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  6. Côte Chalonnaise é o que nos resta, por enquanto. 😩😩😩

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  7. Acrescentaria o Mâconnais, Alsácia, Côte du Rhone.....

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    1. Dezenas de ótimas regiões aa disposição com preços decentes.

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    2. Sim, mas estamos nos referindo à Borgonha.

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    3. Eu adicionaria Macon-Villages na lista. Comprei 4 garrafas do Jadot por £10 cada em supermercado local. acho um belo custo/beneficio

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  8. a Borgonha tá mesmo impraticável. difícil de achar um branco da região, mesmo os abaixo da classificação Villages, por menos de 20 euros - e já há uns lunáticos pedindo 35/40 euros nos brancos base. felizmente, ainda se acham alguns premier cru da Côte Chalonnaise nessa faixa... e boa sorte para quem quiser qualquer garrafa com "Montrachet" no nome.

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  9. A abordagem dessa matéria só me traz sentimento saudosista, nem Chalonnaise consigo mais

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  10. Possuo 3 grrfs Clos Apalta 2005, Top One da WS 2008. Alguém se interessa?
    Não briguem cmg por ser um vinho chileno, mas foi a francesa Lapostolle q produziu.

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