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sexta-feira, 10 de novembro de 2023

VINHO & MODA

 




A moda nem sempre segue rotas lógicas, normais, racionais, previsíveis; a moda percorre caminhos estranhos, muitas vezes incompreensíveis, mas visando, sempre e principalmente, um alvo: consumidor de grana alta e fácil.

Um exemplo?



As bolsas da Louis Vuitton, com aquela horrorosa combinação de cores (marrom e ouro), design de gosto duvidoso, muitas vezes falsificadas etc., continuam, anos após anos, acalentando os sonhos de madames abonadas e de suburbanas desamparadas.

O mundo do vinho, há muito, descobriu que, para esvaziar as adegas e encher os cofres, nada melhor do que produzir garrafas “griffe”.

Para conseguir obter etiquetas “griffe” os produtores vinícolas descobriram o caminho mais curto, mais prático, mais fácil: comprar revistas especializadas, críticos influenciadores, sommelier, etc. da vida.



Alguém, com mais de 17 neurônios, acredita que sem o “empurrão” de canetas de aluguel os predadores da Maremma conseguiriam vender, para os eno-tontos, um Merlot toscano (Masseto) por 1.150 Euros (R$ 6.000)?

Mesmo uma pessoa como “QI-Dilma” acreditaria que a Casa Valduga, sem “lubrificar” todos os influenciadore$, sommelier$, crítico$, revista$ etc., teria coragem de propor, aos consumidores brasileiros, seu espumante “Maria Valduga Brut Rosé” por R$ 499,00 (95 Euro) enquanto uma garrafa do ótimo Champagne “Paul Bara Brut Reserve Grand Cru” é vendida aos enófilos europeus por 38 Euros (R$ 198)?

Veja:



Espumante Maria Valduga Brut Rosé Com Embalagem

 

 

:R$ 499,00

 

 


Brut Réserve Grand Cru Paul Bara 75cl

 

Parte superior do formulário

38,00 €

 

A propaganda sempre foi o caminho mais curto e prático para impor novas e rentáveis modas ao mundo do vinho.

Só para lembrar algumas de sucesso e não muito antigas, poderíamos citar a do Beaujolais Nouveau, dos Parkerianos, Supertuscans, biodinâmicos, naturais, laranja, ânfora etc.

Todas as modas mencionadas surgiram através ou após propagandas bem boladas, rigorosamente e regiamente pagas.



Já imaginaram quanto a Concha Y Toro pagou, ao James Suckling, pelos 100 pontos concedidos ao “Don Melchor” 2018 ou quanto embolsou a Wine Spectator para eleger, em 2006, o “Brunello di Montalcino Cerretalto” da Casanova di Neri, melhor vinho do mundo?



Pagou? Então ganhou.....e ganhou muito.

Imagine para onde pode ir o preço de etiquetas premiadas e endeusadas pelas revistas especializadas e picaretas que os eno-palermas consideram verdadeiras Bíblias das garrafas.

Não tem ideia?

Leia

https://baccoebocca-us.blogspot.com/2020/11/nunca-entendi-quase-cega-confianca-que.html

Como toda e qualquer moda, a do vinho, também, tem um começo e um fim.

 Hoje são inúmeras as que estão enterradas ou caminhando inexoravelmente para as entranhas das catacumbas do esquecimento.



Alguém ainda espera, com ansiedade, a 3ª quinta feira de novembro para comprar um Beaujolais Nouveau?

Pois é...... Os biodinâmicos, parkerianos, naturais, Supertuscans, etc., estão no mesmo caminho.

Enquanto uma moda entra em declínio já surge, no horizonte, a próxima.

A nova moda?

 Vinhos tintos mais leves e fáceis de beber, idem para os brancos e, principalmente, os espumantes.

Em matéria anterior elogiei um espumante siciliano, o “700 Brut”, da vinícola Cusumano e revelei que havia pago, pela garrafa, 20 Euros.

Anônimo27 de outubro de 2023 às 10:47

21 euros num espumante não é brincadeira não. Deve estar à altura de Champagne

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Este comentário, de um anônimo, tocou em um ponto interessante e pedi ao Bacco uma matéria que tratasse de preço e qualidade dos espumantes italianos, quais e se poderiam “competir” com os de Champagne.



Aguardemos

Dionísio

17 comentários:

  1. Não interroguei o final da frase de propósito..estou realmente curioso pela explanação

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  2. Já está aparecendo enófilo que só defendia “vinho-bigorna” com unhas e dentes agora defendendo (q só endemonizava) pinot noir translúcido ) bah

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  3. Ainda bebo Beaujolais Nouveau. Uma garrafa do Villages, que é um pouco mais concentrado, no máximo duas por ano. Mas sei o que bebo, por escolha própria, e assumo a responsabilidade. Publicidade em geral me gera imediato antagonismo. Primeiro rejeito, e depois de algum tempo e muito discretamente vou lá conferir. Vinho laranja bebi escondido. Fracasso. Fruta por fruta fico com o sabor de banana do meu velho hábito Nouveau.

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  4. Excelente artigo. Outras modas que já vivi: espumante demisec, espumante brut mínimo açúcar, concreto no lugar de madeira (bem atual), vinho orgânico... mas de todas a maior picaretagem está vindo do Chile, que é ao mesmo tempo moda e embuste: a total banalização dos termos reserva e gran reserva junto com a invenção de novos termos pra atrair desavisados como reservado, reserva de família, reserva do proprietário, reserva especial e um longo etc.

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  5. Bordeaux e Borgonha seguem imunes ao modismo de rotulagem. Portugal mais ou menos, tendência natureba demais por lá. Itália é isso q Bacco & Bocca expõe com conhecimento ímpar p a gente, tem de um tudo. Chile e Argentina pra mim é a mentira engarrafada. Penso que dia desses alguém vai colocar fogo nas videiras tudo de carmenere por lá pra enterrar de novo e definitivamente sua história

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  6. Borgonha, concordo, mas Bordeaux fez várias concessões a Parker e cia.

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    1. Pensando melhor, tem razão, Bordeaux concentrados demais entraram para prateleiras década passada. E até mesmo muitos Borgonhas brancos viraram potes de manteiga, Mudanca de estilo considerável comparada às décadas de 90 e início de 2000.

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    2. acho que o anônimo que mencionou Bordeaux falou mais quanto aos rótulos de Bordeaux, que seguem aquela lógica ilógica de sempre: crus classé, Bordeaux superieur, a bagunça do Cru Bourgeois que vai pro tapetão de vez em quando, outra classificação do outro lado do estuário... isso (acho) ainda não foi mudado pelo Parker.

      e, provavelmente, não foi por falta de tentativas.

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    3. Sim, referi-me aos rótulos imunes às ilustrações de hoje, mas com o estilo do conteúdo engarrafado fica mais completa a avaliação

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  7. Ha um declinio forte na populacao dos paises que consomem vinhos. A geracao mais nova - que deveria repor os bebedores- nao gosta muito de alcool e prefere vinhos bem mais leves (isso quando bebem vinhos). Os mais velhos cada vez mais bebem menos e com menos alcool. Temos essa escolha ou a do caixao mais rapido. Ou entao o super vulcao de napoli explode logo novamente e acaba com esse dilema.

    Por lo tanto eu acredito que algumas modinhas chegaram para ficar. Nem tudo sao bolsas bregas e vinhos para jogador de futebol ou cantor de sertanejo universitario.

    No caso da ilha do bananal, temos um clima cada vez mais quente e os invernos (que ja eram uma piada) cada vez mais curtos. Quem aguenta um super tinto com 15.5% de alcool? So masoquista, sub-celebridades no estagran e os ainda inocentes.

    Sin embargo, perdamos las esperanzas.

    BNZ.

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  8. Vinho Argentino e Chileno vieram resolver uma demanda. Vinhos Europeus são melhores, sem dúvida, mas os bons vinhos Europeus chegam aqui caros demais (euro, frete, falta de acordos comerciais, etc.). Os vinhos Europeus que chegam a bons preços são normalmente umas porcarias, algumas exceções de Espanha e Portugal. Tente os Franceses baratos, péssimos. O vinho Argentino e Chileno chegam com qualidade superior aos vinhos baratos da Europa e preço competitivo. Só isso, o resto (carmenere, malbec, vinicola da moda) é historinha pra boi dormir.

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  9. Vinho de bilionário brasileiro lidera top 100 da revista Wine Spectator

    https://www.google.com/amp/s/veja.abril.com.br/mundo/vinho-de-bilionario-brasileiro-lidera-top-100-da-revista-wine-spectator/amp/

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  10. Bacco, Dionísio, vocês podiam publicar uma singela planilha com as seguintes informações em apenas 4 colunas:

    Pais
    Região
    Uvas que podem
    Render bons vinhos na região
    Bônus: bons produtores

    Sigo vocês desde a primeira década dos anos 2000 quando avaliavam os inesquecíveis restaurantes da Capital Federal. Já deixei muito tráfego por aqui. Isso seria uma mão na roda para seus humildes e preguiçosos leitores, como eu.
    Grande abraço!

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  11. Você, que nos segue desde os 2000 (deveria ganhar uma taça....) deve saber que somente , ou quase falamos de vinhos italianos e franceses. Se pesquisar as matérias mais antigas encontrará o que deseja. Exemplo: https://baccoebocca-us.blogspot.com/2018/05/a-lista-de-walter.html

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    1. Ótima dica! O conteúdo aqui é tão vasto que será necessário contratar um biblioteconomista formado pela UnB para organizar tão preciso acervo.

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