Sicília, terra antiga e de antigos vinhos.
Estudo recentes demonstram que a videira crescia,
espontaneamente, nas encostas do Etna, há mais de 2 milhões de anos, mas foi a
partir da colonização grega, no VIII século A.C, que a viticultura siciliana
viveu extraordinário período de desenvolvimento e gloria.
Os gregos introduziram variedades trazidas da Península Helênica,
novas técnicas de plantio e a poda.
As videiras gregas deram origem às uvas brancas que até hoje
figuram entres as mais plantadas e vinificadas da ilha: Catarratto, Inzolia,
Grecanico.
Após um tortuoso e penoso caminho, os vinhos sicilianos, estão
entre os mais desejados e consumidos da Itália (Etna Rosso e Etna Bianco, Nero D’Avola
são alguns deles).
A estrada, para chegar ao atual sucesso, foi longa, difícil,
mas hoje são raros os caminhões tanques que ainda transportam vinhos sicilianos
ao Piemonte e França, para serem adicionados aos primos do Norte e lhes doar
maior teor alcoólico e estrutura quando as safras locais não são das
melhores.....
Os grandes predadores, italianos e internacionais, que já
conseguiram faturar horrores com os “Supertuscans” “inventados” e badaladas da Maremma (Solaia, Masseto Sassicaia,
Ornellaia, etc.) elegeram a Sicília o novo “Eldorado” enológico
da Itália.
Os primeiros e comuns
“sintomas”, que acompanham a chegadas das eno-hienas já pode ser percebida na
escalada dos preços dos vinhedos, das encostas do Etna.
As vinhas sicilianas, em 2005, eram as mais baratas da Itália
e valiam 12/16 mil Euros o hectare.
Com a chegada dos eno-predadores valorizaram rapidamente e hoje um
hectare de vinhedo, nas encostas do Etna, custa nada desprezíveis 100-120 mil
Euros.
Os vinhos? Mesmo caminho....
Uma garrafa de “Pietra Marina Bianco” da vinícola Benanti,
só entregas seus aromas por 120/140 Euros.
É sempre bom lembrar que uma ótima garrafa de “Chassagne-Montrachet
1er Cru” custa….
Chassagne
Montrachet 1er cru Caillerets 2021 - Blain Gagnard
98€
Após estas rápidas pinceladas sobre a Sicília vinícola, vamos
ao que interessa: “Espumante Siciliano”
Será por causa das mudanças climáticas, da moda, do gosto por
vinhos mais leves, refrescantes, mais fáceis de beber, ou talvez todos estes
fatores juntos, mas é fácil perceber que tintos pesados, encorpados, marmelada,
impenetráveis, “parkerianos”, etc., nos últimos anos, perderam espaço e mercado
para os vinhos brancos e especialmente, para os espumantes.
Os números fantásticos do Prosecco (639
milhões de garrafas em 2022) devem ter despertado o interesse de
muitíssimos produtores em todos os cantos do planeta.
Resultado: A Freixenet já está
produzindo espumante no México e até na Bolívia, no Vale Central de Tarija, há
quem engarrafe vinhos borbulhantes.
Na Itália, a febre das bolhas, que tomou de assalto as
preferências dos enófilos, “obrigou” incontáveis produtores, de todos os cantos
da península, a produzir espumantes.
Consequência: as tradicionais
regiões “espumantistas”, Franciacorta, Trento DOC, Oltrepò Pavese, foram
obrigadas a dividir o mercado das bolhas com dezenas de “denominações” e centenas
de produtores que invadiram o mercado com garrafas nem sempre de boa qualidade.
Outro grande erro cometido, na corrida ao paraíso das bolhas:
Espumantizar toda e qualquer uva mesmo as que não são aptas ao processo (no Brasil,
eterno 2º melhor do mundo, há quem engarrafe espumante produzido com uva Niágara.)
Resultado: Um dos piores espumante italianos, que já provei,
além do Prosecco, é produzido com uva “Ribolla Gialla”.
Na Sicília, também, inúmeros produtores entraram de sola no
mercado efervescente: Donnafugata, Planeta, Duca di Salaparuta, Benanti, Tasca
d’Almerita, Firriato etc.
Uma característica dos espumantes insulares é que todos os
produtores parecem ter sido atacados pelo vírus “Predatorius Brasiliensis”…. Metem
a mão, sem dor, sem piedade e sem pudor, nos bolsos do consumidor.
Continua
Dionísio
Espertalhões da “supertoscana”agora na Sicília fazendo vinhos abençoado$ pelo Etna. Uma variação dessa corrida pelo dinheiro que o vinho proporciona é da Pinot noir no Loire. Virou um coqueluche de pinot Noir-loire-tremenda-bosta trazidos pelas importadoras , e claro, com vários rótulos custando semelhante$ à Borgonha
ResponderExcluirO Sancerre tinto pode ser um bom vinho, a depender do produtor. O problema com as importadoras é o preço muito elevado. Ficou comum oferecerem borgonhas básicos, ou até o passe tout grain, com preços irreais, e aí acabam entrando alguns Pinot Noir fajutos do Loire. Estes vinhos são oferecidos como verdadeiros Crus da Borgonha. O incauto morde a isca e depois se torce com a azia.
ExcluirNa corrida pelo dinheiro,vale tudo, montam uma introdução no rótulo que a paisagem de Loire abençoou a casta inusitada, que o Etna abençoou tudo q se planta por lá, que o cupim do Goiás abençoou a syrah, que o mago de um ateliê atormentado é capaz de maravilhas, que o solo jurássico de Jura só produz vinho acima de 100 euros..são tantas q a gente se espanta
ExcluirLendo a matéria sobre o fechamento da Starbucks no Brasil reparei em inúmeros comentários dizendo que eles jamais "se criariam" aqui, pois somos "o país do café". Se somos mesmo pela quantidade plantada não irei argumentar, mas vamos falar de qualidade. Não digo que a Starbucks seja um grande café, deixo claro que não acho isso, mas oferece grãos 100% arábica minimamente trabalhados de um bom país produtor (Costa Rica). Os cafés nacionais mais vendidos (e normalmente consumidos com açúcar suficiente para matar um diabético em minutos) são horrorosos e infinitamente inferiores aos da Starbucks. Não somos a Itália onde temos ótimos vinhos e cafés, por isso me pergunto se os mesmos que acham Pilão, Melitta, Nescafe Gourmet etc... café excepcionais são os mesmos que consideram nossos espumantes o 2o melhor do mundo. Que tristeza, acordar com um Pilão extraforte e dormir tomando um Miolo Brut achando que está no topo do mundo.
ResponderExcluirÉ o Tagarela?
ExcluirStarbucks vende mais leite que café! Somos o país produtor de grãos não de café torrados. Além disso o cafezinho é cortesia na maioria dos lugares, concessionárias, supermercados, repartições públicas....
ExcluirOlá, sou o connoisseur e sommelier. Peço uma trégua. Aviso que se gostam de vinhos espumantes italianos como o Asti, deveriam provar os moscatel Brasileiros, são divinos! Provem com a mente aberta e o coração leve.
ResponderExcluirIsso, dê uma trégua tb para o nebbiolo -escarrado melhor que barolo, para o syrah-do-cocal melhor que Crozes hermitage, para o pinot noir-atormentado melhor que Borgonha e assim por diante, são verdadeiros néctares que a viticultura brasileira oferece aos deuses
ExcluirDivinos? Então melhor deixá-los para os deuses...... Prefiro um simples Enrico Gatti
ResponderExcluirAproveitando a deixa sobre vinhos mais fáceis de beber, hoje comprei algumas garrafas de Barolo da Tenuta Montanello e o proprietário da loja me deu de brinde um Grignolino D'Asti(Scarzella). Sei que Bacco já falou sobre essa uva, mas ainda não tinha provado. que delícia de vinho. ao servir pensei que era um rosé, mas era rosso mesmo. Cor de cereja, claro, lembra Pelaverga. Ou seja, tem muito vinho bom, de uvas autóctones, fora das badalações, que são verdadeiras jóias, que entrarão no radar dos consumidores nessa onda de vinhos mais frescos, leves e que não precisam ser mastigados para serem ingeridos.
ResponderExcluirE como sugestão, penso que um artigo sobre Grignolino seria bem vindo.
Você acha que eu deixaria em segundo plano o Grignolino? Leia : https://baccoebocca-us.blogspot.com/2018/10/grignolino.html Mais um pouco.....https://baccoebocca-us.blogspot.com/search?q=grignolino
ResponderExcluirObrigado! Nos EUA os caras cobram caro por vinhos que são tidos como 'especialidades'. O Bricco Del Bosco custa cerca de 60 dólares e são poucas as opções.
ExcluirVou anotar as dicas! Outra grande opção na linha dos vinhos suaves é o Fausto de Pizzato Violette Suave, feito com um blend ousado de Cabernet Sauvignon, Merlot e Alicante Bouschet. Mais um ótimo exemplar na crescente linha dos vinhos suaves nacionais. Ótimo para uma noite de verão.
ResponderExcluirquem lhe disse que o Grignolino é um vinho suave?
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