No mundo dos vinhos e vinhas há algumas denominações que, apesar de serem imitadas em todas as partes do planeta, conseguem permanecer sempre um degrau acima das incontáveis imitações.
Alguém já bebeu algo melhor do que um grande Porto ou
Madeira?
Você já provou um Nebbiolo superior ao Barolo
ou Barbaresco?
Há algum Chardonnay comparável aos fantásticos Chassagne-Montrachet
e Puligny-Montrachet?
Notícia de Pinot Noir melhores do que os da Côte de Nuits?
São apenas alguns exemplos da famosa expressão francesa “TERROIR”.
Terroir, que a maior parte dos influencers, sommelier,
críticos, jornalistas e eno-picaretas brasileiros, juram que signifique “terreno”,
na língua francesa, mas na realidade é algo muito mais complexo.
“Terroir”, termo mais
complexo e completo que os franceses “inventaram”, é perfeito para determinar o
que separa as imitações das grandes denominações que mencionei.
O “terroir”, também e especialmente no Champagne, é fator
determinante.
Antes de continuar devo confessar (pela centésima vez) que
considero o Champagne o melhor e mais completo vinho do mundo.
Uma frase, do meu amigo
Massimo Martinelli, resume tudo o que eu poderia dizer:
“Quando você chega em casa cansado, depois de uma noitada de
muita comida e muita bebida, mas ainda “precisa” de um copo para relaxar antes
de dormir, qual a melhor opção? As mágicas e insuperáveis bolhas de uma taça de
Champagne …”
Muitos, em todos os cantos do planeta, produzem espumantes,
mas mesmo após séculos e séculos o Champagne continua dominando taças, mentes
e....bolsos.
Minhas limitações geográficas não permitem que discorra sobre
todos os espumantes que existem, mas, como pretendi, desde o começo, desejo
escrever e tecer algumas comparações entre o Champagne e os espumantes
italianos.
As mais importantes denominações italianas, de espumantes, são:
Prosecco = 700 milhões de unidades
Asti= 103 milhões
Franciacorta =
20 milhões
Trento Doc = 15 milhões.
O meu comentário, de hoje, se limitará ao Franciacorta e
Trento DOC que, em minha opinião, são os territórios mais importantes e
representativos das bolhas peninsulares
As vinhas da Franciacorta se estendem por 2.902 hectares
localizados em 19 municípios da Lombardia e a denominação abriga 121 vinícolas
consorciadas.
A “Trento DOC” espalha seus vinhedos em 800 hectares e seus espumantes
são produzidos em 66 vinícolas.
Números que empalidecem quando e se comparados aos da
Champagne: Em seus 24.000 hectares de
vinhas “trabalham” mais de 16.000 viticultores que produzem nada insignificantes
325 milhões de garrafas.
As principais diferenças, entre os espumantes italianos,
Franciacorta, Trento DOC e o francês Champagne, podem ser resumidas em uma
única palavra: Terroir.
“Terroir”, como já alertei, não pode ser considerado apenas “terreno”.
O terroir representa um conjunto de fatores: Clima, solo, variedades de uvas, tradições e
cultura.
O “terroir” determina, também, o perfil dos “Vins Clairs” da
Champagne.
Na Champagne, o “Vins Clairs” (vinhos base) possuem uma
elevadíssima acidez e, não por acaso, muitos produtores recorrem à malolática
para diminui-la.
A alta acidez, depois de muitos anos de afinamento “sur lies”,
doa ao Champagne grande complexidade e um frescor quase cortante, duas de suas inimitáveis
características.
A história, também, é importante no “terroir” das três
denominações.
Franciacorta e Trento Doc emergem no século XX enquanto a
cultura espumantística do Champagne nasce no século XVII.
Alguns séculos acumulando
preciosos patrimônios de experiências, conhecimentos, técnicas e que foram
transmitidos de geração em geração, são mais algumas importantes diferenças entre
as denominações.
Finalmente há o clima, a composição do terreno, mas não quero
alongar, ainda mais, a matéria…
Continua.
Espumantes levam porrada da armazenagem ate o transporte ate o consumidor final. Raramente chegam em condições apresentáveis ou perto do que eram quando sairam da vinicola. O cidadao compra um champagne qualquer por Cz$ 800 esperando ouvir trompetes dos anjos, mas so escuta uns lamentos do capeta (no caso, a sogra que tem uma sede alcoolica da molestia).
ResponderExcluirTenho dito.
Janjao Botelho.
Hahahaha
ExcluirNem diga. Veuve Clicquot em festinha de casamento sairia melhor como caldo de pickles.
ExcluirPura verdade que não se aplica apenas a espumantes ou champagne. Tintos também chegam neste país tropical quase sempre longe de sua qualidade máxima.
ExcluirOs preços, em compensação.......
ExcluirNão imaginava que a diferença de sabor seria tão afetada assim. Parece algo semelhante à uma pizza comida na pizzaria e outra entregue em casa
ExcluirQuem já teve oportunidade de tomar um bom vinho na vinicola e o mesmo vinho no BR sabe a diferença. É grande. O transporte, armazenagem, procedimentos de alfândega etc submetem o vinho a mudanças de temperatura que interferem na vedação da rolha e permite microoxinegacao. Isso sem falar no calor Brasileiro e em problemas menores (luz, vibração, etc). Imagine um vinho que depois disso tudo ainda ficou 1 ano ou 2 guardado por aí. É complicado.
ExcluirJanjão Botelho? Desde a antiga revista MAD não escutava falar
ResponderExcluirJanjao Botelho, Jacques Rebostais e as irmas Pitulho moldaram e definiram meu modo de ser e de agir.
ExcluirNossa!!! Que legal!!!
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