Leio um artigo em que o cronista comemora, com indisfarçável
ufanismo, a produção de espumantes que, no Brasil, atingiu “fantásticos”
30,5 milhões de
litros.
O ufanismo, do colunista, é tão grande, impávido e colosso que,
não contente em comunicar o “extraordinário” número alcançado na produção, vai
além e informa que foram exportadas, em 2021, imponentes 935 mil garrafas de nosso soberbo
espumante.
Soberbo, sim, pois, a revista comunica, com justificado e
incontido orgulho, que nossas “bolhas” ganharam nada menos do que 300 medalhas
em concursos espalhados pelo planeta.
Ao ler a matéria, até o fim, fiquei em dúvida se deveria
sorrir, chorar ou vomitar, assim, para prevenir, tomei um Plasil.......
A matéria, em questão, saiu na revista da Embrapa
A Embrapa é uma empresa reconhecidamente séria e muito
competente quando o assunto é agricultura, pecuária, mas quando se aventura no
mundo do vinho faz rir, ou melhor, chorar.
Já é mais do que sabido e comprovado que as medalhas
conquistadas, pelos espumante nacionais, em concursos fajutos, são
religiosamente pagas e dever ser vistas como piadas requentadas, de mau gosto e
beirando o ridículo.
Um dado, apenas um, desmonta a seriedade e validade destes concursos:
A “Decanter World
Wine Awards” distribui,
todos os anos, quase 15.000 "merdalhas", aos
participantes de seu certame.
No “campeonato” são premiados,
além dos brasileiros, os famosíssimos vinhos do Azerbaijão,
Bolívia, Chipre, Índia, Japão, Cazaquistão, Marrocos, México, Tailândia, Turquia etc...
O ufanismo da Embrapa, então, é ridículo, dispensável.
Se a história das “merdalhas” é risível, o
orgulho dos números é patético.
Respirar fundo, estufar o peito ao declarar que
“Os espumantes brasileiros alcançaram impressionantes 30,3
milhões de litros comercializados no País..... ” e “Os espumantes nacionais têm conquistado os consumidores mundiais. A
exportação alcançou os 935 mil litros em 2021, 21% a mais do que em 2020”, é acreditar que o
enófilo brasileiro é um perfeito imbecil.
A Embrapa não divulga que os 10 maiores importadores de espumantes
nacionais são: 1º Paraguai,
2º Estados Unidos, 3º Japão, 4º
China, 5º Reino Unido, 6º Cuba, 7º Chile, 8º Angola,
9º Uruguai, 10º Bolívia.
É bom lembrar que
o Paraguai, sozinho, é responsável por 60% das exportações de vinhos
brasileiros.
A revista, ao comemorar os fantásticos números, alcançados pelos
nossos espumantes, esquece de comentar e comparar algumas cifras interessantes
como e por exemplo, os da produção de Crémant, na França
Os espumante “Crémant”, molham as gargantas dos franceses com
nada ridículas 84 milhões de unidades que, somadas aos 322 milhões das de
Champagne, perfazem um total 406 milhões de borbulhantes garrafas gálicas.
Se os números franceses já pulverizam e envergonham os do
Brasil, o que dizer dos italianos?
Os viticultores da Bota
inundaram o mercado, em 2021, com quase 1 bilhão (970 milhões) de garrafas.
O ufanismo verde amarelo
não sobreviveria e seria motivo de riso com o anúncio de que, somente nas
festas deste final de ano, os italianos “estourarão” nada menos do que 95 milhões
de garrafas de espumante.
Os italianos esvaziarão 100 vezes mais garrafas, em uma semana,
do que o Brasil exportou em um ano.
As ridículas tentativas de divulgar notícias alvissareiras, para
nos incutir orgulho e tentar nos iludir que somos uma potência vinícola, se
esgarçam na primeira pesquisa “Google”.
Uma informação importante, esta sim, nunca divulgada: O Brasil produz alguns dos piores vinhos do planeta (Chapinha, Mioranza, Canção, Pérgola, Sangue de Boi, Góes, Catafesta, Cantina da Serra etc.) e também os mais caros for levado em conta o fator “custo qualidade”.
Esqueçamos os quase vinhos....melhor divulgar nossas verdadeiras
excelências: Havaianas,
Cachaça, Café, Cacau, Carne Bovina, Soja, Embraer, Frangos, Açúcar....
Dionísio
Se o consumo no final do ano dos italianos for mesmo 95 milhões de garrafas será 100 vezes a exportação brasileira, não 10.
ResponderExcluirMas tirando algumas exceções como a Geisse, a produção de espumantes tem aumentado pois o custo/benefício é bem melhor que os vinhos, o que ajuda a explicar por que os estrangeiros não tem conseguido dominar o mercado, ficando com uma parcela de apenas 20% há um bom tempo...
Obrigado, já corrigi. A produção tem aumentado, concordo, mas todo esse ufanismo é ridículo
ResponderExcluirRealmente, nenhum espumante brasileiro presta ou apenas é pegacao de pé sua?
ResponderExcluirA grande maioria é uma solene porcaria . Alguns são potáveis, mas nenhum supera a soleira da qualidade média . Todos tem complexo de superioridade: Gol 1.0 se achando Aston Martin.
ResponderExcluirhttps://www.agazeta.com.br/hz/gastronomia/espumante-brasileiro-de-r-30-e-eleito-um-dos-melhores-do-mundo-1222
ResponderExcluirO melhor do mundo é nosso. Esses franceses nao sabem de nada :)
É por isso que ".....A vida do enófilo brasileiro é uma merda"
ExcluirMas nao estou dis utindo se eles se acham ou nao. Pergunto se tem algo potavel? Acho que existem sim espumantes de médio nível mas nada comparado aos europeus.
ResponderExcluirAcho que você leu somente a última parte de minha resposta. Releia , pois ela afirma: "Alguns são potáveis....." Mais uma coisa: Não sou tão otário ao ponto de pagar R$ 220 por um espumante Peterlongo, R$ 300 por um Maria Valduga, R$350 por Casa Pedrucci, R$ 185 por um Cristofoli, R$ 140 por um Salton. Quem quiser ser roubado compre , mas eu nao pretendo gastar mais do que o dobro ou triplo do que os espanhois, franceses, italianos e portugueses pagam por seus ótimos espumantes.
ExcluirUm espumante tuga razoável custa na faixa de 10 €...
ResponderExcluirEu to loco de feliz com um portuga rosé da casa ermelinda, metodo tradicional por 37 pilas (na promoção)! Quer algo melhor,champagne moutard 192 pilas....casa valduga 130 blanc de blancs 230 reais.... só pra otário mesmo
ResponderExcluirFaz tempo que resolvi boicotar o vinho nacional e não compro nem para cozinhar. Preços absurdos e qualidade inexistente
ResponderExcluirRindo aqui que a Chandon do Brasil enviou aos "críticos" amigos de mimo de fim de ano uma Chandon produzida na Argentina! 😂😂
ResponderExcluirEles merecem....
ExcluirO mercado brasileiro está inundado dos champagnes de entrada, não safrados, dos grandes produtores de Reims e redondezas, empresas multinacionais que nos empurram porcarias de grife. Usando meu anonimato como proteção, e sem querer promover uma contrarrevolução (este blog é certamente revolucionário, e no bom sentido) nem elogiar genericamente, comparando com aqueles alguns espumantes nacionais são melhores… nunca direi quais, nem sob tortura.
ResponderExcluirAlgumas considerações: Champagne não safrados são 90% da produção e o millésimé não é necessariamente superiore ao cuvée. Pode até ser que alguns rarissímos espumantes nacionais sejam melhore do que os piores Champagne, mas aí entra o fator: o preço. 1º Um Champagne "porcaria" custa menos do que um espumante nacional "porcaria" e é infinitamente superior e não dá para comparar. 2º um ótimo Champagne 1er Cru custa muito, muito, muito, menos e é muito , muito, muito, melhor do que o espumantes nacional que consegue ser potável e "Non fa cagare".
ResponderExcluirMesmo os Champagne mais fracos, as "porcarias de grife", como disse o anônimo escondido pelo anonimato, são superiores à grande maioria dos espumantes nacionais. E os nacionais que os superam, conseguem ser mais caros que eles. Ou seja, a decisão é fácil. É como o basquete americano. Os times mais fracos de lá superam com tranquilidade a maioria dos times daqui, enquanto os medianos e melhores, dão lavada. Eu fico com o basquete americano.
ResponderExcluirDo mesmo anônimo blindado para outro, a comparação também serve para o cinema nacional. A avaliação frequente é expressada na frase “até que não está tão ruim”. Há progresso, mas não entusiasma, fica sempre no campo experimental.
ExcluirMas agora, a nova ministra Margareth Menezes dará um jeito nisso. rsrsrs
ExcluirGostei da comparação ... Perfeita
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