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segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

BARBARESCO GRIFFE

 


Sempre tive grandes reservas e desconfianças dos vinhos produzidos pelas cooperativas vinícolas.

Grande quantidade rima com baixa qualidade.

Uvas vindimadas sem o mínimo cuidado na seleção, cachos colhidos em diversos estágios de maturação, vinificação massificadas e a toque de caixa etc., são alguns dos problemas que contribuem para a produção de milhões de garrafas deploráveis.


A “Cooperativa de Vincho e Vaglio Serra” não apresenta os problemas acima elencados.

Apesar de algumas concessões, adotadas nos últimos anos, vinificando ridículos Pinot Noir, Chardonnay, Viognier, Sauvignon e outras castas francesas, a vinícola não abdicou da qualidade de seus Barbera.



O “I Tre Vescovi”, que pode ser encontrado, nas enotecas italianas, por 7/11 Euros, se apresenta com bela cor rubi, ao nariz revela aromas complexos e elegantes onde é facilmente perceptível a presença de especiarias, na boca é uma festa... muito equilíbrio, persistência e uma grande estrutura.

Recomendo com entusiasmo o Barbera “I Tre Vescovi” e, como de costume, abomino as tremendas bostas afrancesadas que a “Cooperativa Vinchio e Vaglio Serra” resolveu e teima vinificar.

Outra cooperativa, de grande respeito e que não se rendeu ao canto das sereias francesas (Chardonnay, Sauvignon, Pinot Noir, Merlot e cia.) é a “Produttori del Barbaresco”.



A “Produttori del Barbaresco” nasce no distante século XIX, fecha as portas em 1920 e as reabre, graças ao pároco da aldeia, Don Fiorino Marengo, em 1958.

Don Marengo ressuscita a cooperativa reunindo 19 viticultores locais, funda a “nova” Produttori del Barbaresco” e adota o lema “ ...pela qualificação e garantia do Barbaresco”.



Desde então e até hoje, a “Produttori del Barbaresco” vinifica apenas e somente uva Nebbiolo.

Os vinhos produzidos são: Nebbiolo Langhe DOC, Barbaresco DOCG e Barbaresco Riserva DOCG.

Todos os “Riserva” são vinificados com uvas provenientes dos Crus: Asili, Rabajà, Rio Sordo, Ovello, Montestefano, Pajé, Muncagota, Montefico, Pora.



Quem já teve, assim como eu, a oportunidade de beber um Montestefano, Rio Sordo, Pora, Asili, Rabajá, Orvello (não provei, ainda, o Pajé, Muncagota Montefico) não notará diferenças significativas nas taças dos “Barbaresco-Griffe” que ostentam preços 5-6 e até 10 vezes superiores.

Vamos simplificar.....

Exemplo 1:  Uma garrafa de “Barbaresco Riserva Asili” da “Produttori del Barbaresco” custa 45/50 Euros.



Exemplo 2: Uma garrafa de Barbaresco Pajé, da famosa vinícola Roagna, custa 200/270 Euros.



Exemplo 3: Uma garrafa de “Barbaresco Riserva Asili” Bruno Giacosa custa 400/500 Euros.



Exemplo 4: Uma garrafa de Barbaresco Gaja “San Lorenzo” custa de 450/600 Euros.



Algumas informações: 1 kg de uva Nebbiolo da Barbaresco oscila entre 2,74 a 3,40 Euros.

Será que o Bruno Giacosa, que já faleceu, conseguiu santificar suas vinhas e doar celestial qualidade a seus cachos a tal ponto que seu Barbaresco custe 1.000% a mais do que o “Asili” dos “Produttori del Barbaresco”?

O Cru Asili tem uma superfície total de 2,28 hectares (20.280 m²) É sempre bom lembrar que as parreiras do Giacosa distam apenas 30 metros das vinhas dos “Produttori del Barbaresco”.



Será que eno-tonto adora encher a carteira (o certo seria outro substantivo...) dos produtores famosos?



A resposta deverá ser enviada somente após a degustação e comparação honesta das duas etiquetas.

Bacco

 

9 comentários:

  1. vi a foto da entrada da loja da Produttori del Barbaresco e me bateu saudades de quando fomos lá, Bacco. pena que, no dia, só tinha o Barbaresco base, mas a Ca' del Baio resolveu isso por um preço muito bom.

    ainda falando de Nebbiolo, mas mudando um pouco de assunto: o Nebbiolo da Cordero di Montezemolo é bom? sei do seu gosto pelo Barolo Monfalletto deles, mas queria saber se você recomenda o Nebbiolo também.

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  2. Produttori bate bolao pelo preco. As vezes ha umas promocoes em supermercado...coisa linda.

    Nebbiolo melhor que ja provei pelo preco e fora do oba-oba das regioes famosas supracitadas: Valtellina. Para mim uma otima alternativa aos assaltos barolo, barbaresco e langhe.

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    1. Valtellina produz bons Nebbiolo, mas outra opção interessante é o norte do Piemonte: Gattinara, Ghemme, Boca, Fara, Lessona.....

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    2. Gattinara? Sempre que arrisco, levo entubada. Os piores sao exportados.

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    3. Vocês abordaram vinhos que efetivamente me agradam - feitos com a Nebbiolo - mas a respeito dos quais não entendo nada e cometo muitos erros, dada a ampla diversidade, a qualidade oscilante e a temerária relação custo-benefício. Acredito que lembra em algo a experiência com os Pinots da Borgonha, que após uns 15 anos de dedicação às vezes consigo domar. Agradeço as informações e o estímulo para entrar num outro mundo movediço, incluindo futura viagem à região, que também é a única da Itália que não conheço…

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    4. Caso queira "afundar" seu mundo movediço....https://baccoebocca-us.blogspot.com/2018/05/a-lista-de-walter.html#comment-form

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    5. Obrigado. Vou calçar galochas e me aventurar

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