Sempre tive grandes reservas e desconfianças dos vinhos
produzidos pelas cooperativas vinícolas.
Grande quantidade rima com baixa qualidade.
Uvas vindimadas sem o mínimo cuidado na seleção, cachos
colhidos em diversos estágios de maturação, vinificação massificadas e a toque
de caixa etc., são alguns dos problemas que contribuem para a produção de
milhões de garrafas deploráveis.
A “Cooperativa de Vincho e Vaglio Serra”
não apresenta os problemas acima elencados.
Apesar de algumas concessões, adotadas nos últimos anos,
vinificando ridículos Pinot Noir, Chardonnay, Viognier, Sauvignon e outras
castas francesas, a vinícola não abdicou da qualidade de seus Barbera.
O “I Tre Vescovi”, que pode ser encontrado, nas enotecas italianas,
por 7/11 Euros, se apresenta com bela cor rubi, ao nariz revela aromas
complexos e elegantes onde é facilmente perceptível a presença de especiarias, na
boca é uma festa... muito equilíbrio, persistência e uma grande estrutura.
Recomendo com entusiasmo o Barbera “I Tre
Vescovi” e, como de costume, abomino as tremendas bostas afrancesadas
que a “Cooperativa Vinchio e Vaglio Serra” resolveu e teima vinificar.
Outra cooperativa, de grande respeito e que não se rendeu ao
canto das sereias francesas (Chardonnay, Sauvignon, Pinot Noir, Merlot e cia.)
é a “Produttori del Barbaresco”.
A “Produttori del Barbaresco” nasce no distante século XIX, fecha as portas em
1920 e as reabre, graças ao pároco da aldeia, Don Fiorino Marengo, em 1958.
Don Marengo ressuscita a cooperativa reunindo 19 viticultores
locais, funda a “nova” Produttori del
Barbaresco” e adota o lema “ ...pela qualificação e garantia do Barbaresco”.
Desde então e até hoje, a “Produttori del
Barbaresco” vinifica apenas e
somente uva Nebbiolo.
Os vinhos produzidos são: Nebbiolo Langhe
DOC, Barbaresco DOCG e Barbaresco Riserva DOCG.
Todos os “Riserva” são
vinificados com uvas provenientes dos Crus: Asili, Rabajà, Rio Sordo, Ovello, Montestefano,
Pajé, Muncagota, Montefico, Pora.
Quem já teve, assim como eu, a oportunidade de beber um Montestefano, Rio Sordo,
Pora, Asili, Rabajá, Orvello (não provei, ainda, o Pajé,
Muncagota Montefico) não notará diferenças significativas nas taças dos “Barbaresco-Griffe” que ostentam preços 5-6 e
até 10 vezes superiores.
Vamos simplificar.....
Exemplo 1: Uma garrafa
de “Barbaresco Riserva Asili” da “Produttori del Barbaresco” custa 45/50 Euros.
Exemplo 2: Uma garrafa de Barbaresco Pajé, da famosa vinícola
Roagna, custa 200/270 Euros.
Exemplo 3: Uma garrafa de “Barbaresco Riserva Asili” Bruno
Giacosa custa 400/500 Euros.
Exemplo 4: Uma garrafa de Barbaresco Gaja “San Lorenzo” custa
de 450/600 Euros.
Algumas informações: 1 kg de uva Nebbiolo da Barbaresco
oscila entre 2,74 a 3,40 Euros.
Será que o Bruno Giacosa, que já faleceu, conseguiu santificar
suas vinhas e doar celestial qualidade a seus cachos a tal ponto que seu
Barbaresco custe 1.000% a mais do que o “Asili” dos “Produttori
del Barbaresco”?
O Cru Asili tem uma superfície total de 2,28 hectares (20.280 m²) É sempre bom lembrar que as
parreiras do Giacosa distam apenas 30 metros das vinhas dos “Produttori del
Barbaresco”.
Será que eno-tonto adora encher a carteira (o certo seria
outro substantivo...) dos produtores famosos?
A resposta deverá ser enviada somente após a degustação e
comparação honesta das duas etiquetas.
Bacco
vi a foto da entrada da loja da Produttori del Barbaresco e me bateu saudades de quando fomos lá, Bacco. pena que, no dia, só tinha o Barbaresco base, mas a Ca' del Baio resolveu isso por um preço muito bom.
ResponderExcluirainda falando de Nebbiolo, mas mudando um pouco de assunto: o Nebbiolo da Cordero di Montezemolo é bom? sei do seu gosto pelo Barolo Monfalletto deles, mas queria saber se você recomenda o Nebbiolo também.
É bom, mas um pouco caro
ExcluirProduttori bate bolao pelo preco. As vezes ha umas promocoes em supermercado...coisa linda.
ResponderExcluirNebbiolo melhor que ja provei pelo preco e fora do oba-oba das regioes famosas supracitadas: Valtellina. Para mim uma otima alternativa aos assaltos barolo, barbaresco e langhe.
Valtellina produz bons Nebbiolo, mas outra opção interessante é o norte do Piemonte: Gattinara, Ghemme, Boca, Fara, Lessona.....
ExcluirGattinara? Sempre que arrisco, levo entubada. Os piores sao exportados.
ExcluirVocês abordaram vinhos que efetivamente me agradam - feitos com a Nebbiolo - mas a respeito dos quais não entendo nada e cometo muitos erros, dada a ampla diversidade, a qualidade oscilante e a temerária relação custo-benefício. Acredito que lembra em algo a experiência com os Pinots da Borgonha, que após uns 15 anos de dedicação às vezes consigo domar. Agradeço as informações e o estímulo para entrar num outro mundo movediço, incluindo futura viagem à região, que também é a única da Itália que não conheço…
ExcluirCaso queira "afundar" seu mundo movediço....https://baccoebocca-us.blogspot.com/2018/05/a-lista-de-walter.html#comment-form
ExcluirObrigado. Vou calçar galochas e me aventurar
ExcluirGattinara sem entubada? Mauro Franchino
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