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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

CAMPO LIGURE II

 

Acredito que a mais importante atração de Campo Ligure seja o “Museu da Filigrana”.

A filigrana é uma antiguíssima técnica de ourivesaria, difundida no mundo todo, mas com características próprias de cada escola.

Na Itália, a filigrana, já estava presente entre os etruscos e também na Roma imperial onde se produziram as primeiras joias obtidas exclusivamente em filigrana.

Uma visita é obrigatória e se as joias enfeitiçarem os olhos, e coçarem os bolsos, recomendo um endereço: “Filigranart”.



Impossível visitar todas as igrejas da Itália (há quase 65.000), mas há as que merecem uma parada.

Das 6 igrejas, de Campo Ligure, uma merece particular atenção: “Oratorio N.S Assunta”.



Bem aos pês da escadaria que leva ao castelo, o “Oratorio N.S. Assunta” não atrai a atenção do turista que, ao ver sua “pobre” fachada, não pode imaginar que a pequena igreja guarda algumas obras de arte de rara beleza e valor.

Já ao entrar no “Oratorio” um enorme e belíssimo crucifixo, prateado e dourado, chama a tenção.



Estes preciosos crucifixos, na Itália, abrem as procissões mais importantes.

O interessante é que estas cruzes, durante todo o percurso da manifestação, são carregadas por vigorosos fieis que a cada 50-100 metros (mais seria impossível, pois o peso dos crucifixos supera os 100/130 kg) as repassam a um colega descansado



À direita, um belo conjunto de escultura em madeira representa a lapidação de Santo Estevão.




A mais impressionante obra de arte está um pouco mais adiante: Uma incrível escultura, em madeira, que representa o Cristo crucificado.

O interior da igreja é de deixar boquiaberto até o mais exigente turista.



Após do elevar o espírito é chegada a hora satisfazer o corpo, sentidos, paladar, estomago......

Depois de um calmo e relaxante passeio pela aldeia, percorrendo suas calmas ruelas medievais, desembocamos na praça principal bem na hora do aperitivo do meio dia.

Na esquina da praça, um endereço imperdível: “Bar Moderno”.

Incrível!

Em uma aldeia de 3.000 habitantes, perdida no meio dos Apeninos lígures, o bar bonito, elegante, acolhedor e com uma carta de vinhos de fazer cair o queixo, é a melhor escolha.



O “Bar Moderno” é o exemplo clássico da importância que se dá ao vinho na cultura italiana.

No “Bar Moderno” dezenas de etiquetas de tintos, brancos, rosés, espumantes, podem ser degustadas em taças

Difícil é decidir entre Barolo, Barbaresco, Brunello, Barbera, Gavi, Franciacorta, Alta Langa, Amarone, etc. etc.

Giorgia, proprietária e competente sommelier, com simpatia e profissionalismo chega para ajudar e..... “Dia frio, nublado, triste...Para alegrar recomendo um belo Barbera D’Asti da vinícola Scarpa”.



Sugestão perfeita e acatada com entusiasmo.

Uma taça da ótima Barbera, do tradicional produtor de Nizza Monferrato e um pratinho de tira-gostos (salame, presunto, queijo grissini) me aliviaram em 3,5 Euros.

A qualidade da Barbera Scarpa, o ambiente e o preço me “obrigaram” a repetir a dose.



Enquanto bebericava a segunda taça de Barbera e me divertia com as conversas dos clientes, peguei o celular e resolvi fazer algumas contas: Com seu salário mínimo (1.500 Euros), um trabalhador de Campo Ligure poderia beber, se conseguisse, 428 taças de Barbera Scarpa por mês.

O José Souza, bravo trabalhados e morador de Ceilândia (DF), com seus R$ 1.212, poderia beber, no máximo 81 taças da deplorável Barbera Perini.



Qual o cálculo?

Uma garrafa da quase-Barbera Perini custa R$ 70.

Cada garrafa equivale a seis taças.

Cada taça custa, para o dono do bar R$ 11,60

Para obter algum lucro o comerciante precisa vender, no mínimo, uma taça, da deplorável Barbera Perini por R$ 18.

Resultado: Se o paladar do José Souza for de epóxi ou engolidor de fogo, ele conseguirá beber 67 taças por mês.



 Utilizando os mesmos cálculos, aplicados ao quase-Barbera-Perini, o José Souza, com seu salário poderá entornar apenas e ainda bem, 25 taças “ Pireneus Bandeiras Barbera”.

Escrevi “apenas e ainda bem” por duas razoes:

 1ª- o “Pireneus Bandeiras Barbera” é um insulto à casta piemontesa.

 2ª – Barbera goiana com 16º é um insulto à inteligência de qualquer enófilo com mais de 4 neurônios.

Analisando os cálculos acima dá para perceber quando o Brasil será um importante mercado vinícola?

Hora de almoço pedi informação e Giorgia indicou um restaurante na mesma rua: “Vigos 2.0”.

Local simples, comida boa e preço mais que honesto.



Flan de espinafre com fondue, peito de peru recheado ao forno com ervilhas, ½ garrafa de Barbera “I Tre Vescovi” (Três Bispos) = Euro 20.



Campo Ligure, bela e cativante aldeia.... Não perca.

Na próxima matéria escreverei sobre a Barbera “I Tre Vescovi” de Vinchio e Vaglio Serra.

Bacco

 

 

 

 

 

 

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