Corpo doído, olhos vermelhos e cansados, apreensivo e receoso com os rígidos controles portugueses que me esperavam, levantei-me, com cuidado, do esquife da “Transportes Aéreos Pavorosos” e me dirigi ao portão da imigração.
Papelada à mão, esperei os encarregados dos controles
sanitários, mas em vão: Ninguém controlou o formulário “Cascais, Av. Sabóia nº 5”, ninguém
verificou meu teste antígeno, ninguém pediu meus comprovantes de vacinação e
até meu passaporte europeu ninguém carimbou.
Uma máquina se
encarregou de verificar se havia algum impedimento e em segundos liberou minha
entrada em solo português.
Cheguei à conclusão que os Torquemadas da TAP “Transportes Aéreos Penosos” de
Brasília fazem todo o trabalho “sujo” para os colegas europeus.
Como previsível, o atraso na saída resultou na perda da
conexão Lisboa/Milano.
A TAP “Transporte
Aéreos Patéticos”, talvez querendo homenagear Ulisses, me ofereceu um
“Roteiro
Odisseia”, Lisboa/Frankfurt/Milano, que prontamente recusei.
Uma nova oferta: Lisboa/Milano às 13,40 prontamente aceita.
É preciso salientar que pisei na capital Lusa, cansado e
arrebentado, às 7,30 e que “maravilhosas” 6 horas de aeroporto estavam me
esperando.
A TAP “Transportes
Aéreos Pobres”, em um rasgo de rara magnanimidade, me forneceu um
voucher de 6 Euros para torrar, em um restaurante de minha preferência, no
aeroporto (foto).
No hotel, próximo de Malpensa, até que enfim um controle: “O senhor tem “green pass”?
A resposta afirmativa
permitiu que eu desmaiasse, na cama, exatamente 10 minutos mais tarde......
A RECOMPENSA
No dia seguinte, como de costume, almoço com o amigo Pietro.
Pietro era proprietário de um hotel em Arona (Lago Maggiore).
Cansado e de saco cheio de sustentar, com impostos e taxas, o
famélico governo italiano, vendeu seu imóvel e hoje viaja, come e bebe como
poucos.
Lenha crepitando na lareira, salgadinhos preparados, taças à
espera e......Champagne Charles Lafitte “Orgueil de
France Brut”.
A adega de Pietro, sofisticada e refinada, já me reservou
grandes e boas surpresas.
Jamais havia bebido o Champagne “Orgueil
de France” e confesso que o apreciei
muitíssimo.
Elegante, complexo, final longuíssimo, perfumes intensos e um
“perlage” fino e persistente, o “Orgueil de France” vale cada centavo do seu
custo (60/65
Euros).
Depois da “viagem-martírio”, Pietro e Charles Lafitte me
recompensaram magnificamente.
Bacco
PS. Quem encontrar o Orgueil de France compre imediatamente,
afinal 60 Euros não são suficientes, pasmem, para comprar uma garrafa do
ridículo Maria Valduga Brut Vintage.
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