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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

SEJA O QUE IEMANJÁ QUISER....

 

Pessoa querida presenteou-me com a assinatura de uma dessas revistas especializada em críticas de vinhos, reportagens, fotos idílicas, etc. já comentada (entre outras) e sempre lembrada aqui: Wine Cascateitor


Presente de grego (como será que dizem na Grécia?)

O lado positivo: Reportagens sobre vinho, muita paisagem bonita, gente bem vestida, comida boa e algumas histórias.

 Tudo superficial e fácil de ler.

 Conteúdo compreensível e digerível para não incomodar o consumidor que quer paz no final de semana e alguma alegria para fugir da realidade (políticos, parentes, pandemia, pindaíba, os famosos “4p” de que tanto se falava nas aulas de marketing).

Há bastante vinhos, também, com pontuações (ainda não acabaram com essa praga) até contidas para os padrões atuais: 86, 87, 88 pontos, mas sempre descritos de uma forma que me faz pensar que a NASA já produz vinho; muitos aromas, muita complexidade, tudo muito típico e fresco...– todos ganham um elogio ou afago.

 Parece blog de eno-ebrio brasileiro.

O que menos gostei (e a assinatura está apenas na metade do campeonato): Eles afirmam que degustaram 12 mil garrafas, às cegas (opa), durante o ano.

 Em uma edição posterior, as 12 mil garrafas “emagrecem” para apenas 11 mil e no mesmo exemplar, mas em outra página, mais adiante, engordam as garrafas degustadas para nada modestas 16 mil unidades.


Huuuummm.   

Há bastante reportagens, politicamente corretas, apresentando vários grupos étnicos e diferentes níveis sociais: Enólogos afro emergentes, sommerdier feminina (feminine?) comandando empresas e eventos, reportagem sobre o mundo dos sommerdiers- predadores- sexuais, reportagem sobre os cães de donos de vinícola...

Ainda falta reportagem sobre vinhos para pessoas “trans”, uva de gênero neutro...

Meu maior “problema”, com a revista, foi a edição de fim de ano com a famosa lista dos sem (100) melhores vinhos.

 Eles informam que a lista é elaborada levando em conta 3 fatores.

 A saber:

1.       Qualidade do caldo (urgh)

2.       Preço

3.       O “X fator”, que segundo eles é um mix de história e de algum fato muito importante referente ao vinho e/ou vinícola.  

Show de coisas intangíveis, bem subjetivas, mas vamos lá....

O tanto que eles misturam vinhos super baratos ao lado de  “ícones” bem caros, desanima.

A era da inclusão vinícola (um sistema de quotas desse setor) chegou à lista dos semmelhores.



Teria o ”Los Vascos Sauvingon Blanc” uma história tão interessante e linda que justificasse sua presença entre os 50 melhores vinhos do mundo?


Naturalmente toda e qualquer vinícola bem ranqueada, na edição, comprou uma inteira página de propaganda......


Mais uma vez e como sempre: quem seria louco de falar que vinícola desconhecida de pirambeira da bairrada, que produz 400 garrafas/ano, seria a primeira colocada (lembra do “X fator”)?

Várias grandes regiões, sub-regiões, países e uvas “esquecidas “ e nem mencionadas.

Champagne poderia preencher uma lista, de qualquer revista, com 50 etiquetas, no mínimo

 Bordeaux?

Outros 50 e, até jogando com a seleção “B”, a Espanha emplacaria outros 50.

10% do território italiano, de qualquer localização geográfica, já forneceria uma lista dos “sem melhores e o mesmo aconteceria em 5% do território vinífero francês...

Calma, que há mais.

Qual caminho seguir para ter um vinho avaliado pela “Wine Especulator”?

Leia.....vale a pena e tire suas conclusões.

https://www.winespectator.com/articles/how-to-submit-wines

Se você leu com atenção, viu que há vários furos na narrativa da degustação às cegas.

Além da lista dos sem” melhores, temos a lista de ‘’smart buys’’. 

Aqui existe uma suruba de notas e comentários que jogam em todos os times, e para todos os lados:

A lista de ‘’smart buys’’ realmente parece decente e sem nenhuma surpresa desagradável.

Preços comedidos, os pontos limitados (90, pouco mais, pouco menos...), mas há uma chuva de elogios aos vinhos que não tem nada de diferente dos que constam na lista dos sem melhores na mesma faixa de preço.

Como pode, um vinho com ótimo preço e qualidade, ter ficado fora da lista?

 Lembra do X factor?

Tem 1001 utilidades.

Aqui a inclusão vinícola teve limites. Somente X Factor explica tudo isso.

Ler essas publicações não dá um certificado de tonto a ninguém.

 São um bom passatempo e informam, mas a suposta força que atribuem às listas, de todas as revistas similares, está mais para enoloidismo.

Não há “X Factor” que cure um enoloide convicto.


 Nem ivermectina (diziam que ivermectina curava enoloide….mais uma lenda urbana).

Percamos as esperanças.

Bonzo

6 comentários:

  1. Eu assinei essa porcaria por uns anos. Até que fui percebendo os furos. Vinhos que eu sabia que eram bons (porque os bebia frequentemente), com notas baixas, e outros que eu u achava inferiores com notas altas. Fora que as boas compras lá, aqui custavam o dobro oh triplo. Hoje vejo esse negócio de notas como pura infantilidade, ingenuidade. Infelizmente muitos ficam presos para sempre nesse conto de fadas (ou será vida carochinha).

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    1. A parte dos furos foi a que mais me encheu a paciencia. O restante dos artigos sao bobinhos e inofensivos... mas as contradicoes sao uma b.

      Em tempo: Outras zilhoes de publicacoes carecem dos mesmos furos: charutos, carros, filmes, etc.

      Taca meio cheia: Estamos aprendendo a mandar essa turma cag@r.

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  2. Total razão e é sempre bom lembrar que a mãe dos idiotas está sempre grávida.....

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  3. Olá! Posso estar enganado e aceito tranquilamente qualquer opinião em contrário, mas tenho nas publicações da revista Decanter um respeito maior ( já assinei a Wine Especulator e parei)! Longe de mim me entitular um conhecedor de vinhos e sim um curioso deste vasto e belo mundo da enologia e por diversas vezes comprei vinhos com boa indicação deles e não me frustei. Último exemplo, o vinho Colomé com a uva Tannat eleito o destaque do ano passado da Argentina, que consigo comprar aqui em Maringá (PR) por R$90,00 reais e um ótimo vinho! Acredito ser mais séria as publicações da Decanter, mas SEMPRE lendo com olhar crítico. Abç

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  4. Há sim algumas boas indicações, mas o dinheiro acaba sempre falado mais alto: quem paga mais é mais elogiado

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  5. Se você mora num país da Europa ou nos eua, pra que assinar revista de vinho? Você vai a loja e compra, num preço justo, e faz suas próprias descobertas. Hoje tem uma variedade enorme de bons vínhos. E se mora no brasil, de que adianta? Você vê uma dica e vai procurar o vinho. Em geral não encontra. Quando acha, custa 3 ou 4 vezes o valor que você leu na revista.

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