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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

BORGONHA MON EX-AMOUR II

 


Devo admitir que não foram somente “preços franceses” os causadores do meu desencanto com Borgonha.

A Borgonha assusta, mas devo admitir que a Itália, apesar de ser um pouco mais barata, espanta, também, qualquer cartão de credito.


O que realmente pesou foi a relação preço/qualidade de seus grandes brancos.


A mítica qualidade e a proverbial resistência ao tempo, já não são as mesmas e, sinceramente, gastar 150 Euros para comprar uma garrafa de Chardonnay-manteiga, já não me seduz.

Apesar da covid, que quase zerou as vendas para restaurantes e bares, as garrafas da Côte D’Or continuam vendendo, como se nada tivesse acontecido, para chineses com os bolsos cheios da grana ganha com a venda de máscaras de 5ª categoria.


Como se não bastassem os preços, sempre mais salgados, a qualidade sofreu sensível declínio e devo admitir que, com muita frequência, estou cozinhando com vinhos de 1er crus de Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet, Meursault etc.


Somente este ano abri três 1er Crus mais mortos do que o time do Botafogo e que foram parar nas panelas.

Abandonar a Borgonha, de vez, seria uma grande tolice.

 Decidi, todavia, rarear as idas até a Côte D’Or, reeditar minhas primeiras

 viagens e dirigir novamente minhas atenções aos vinhedos do Mâconnais,

 onde, por sinal, nunca tive decepção.


Na próxima primavera europeia e quando o gelo derreter, vou limpar a poeira do carro, tomar a estrada até Mâcon, visitar vinícolas em Solutrè, Vergisson, Fuissè, Chaintré e comprar algumas caixas de ótimos Chardonnay por (espero) 15/25 Euros.

Salientei “espero”, pois, desde novembro de 2020, o INAO (Institut national de l’origine et de la qualité) reconheceu e autorizou os primeiros 22 1er crus da denominação “Pouilly-Fuissé”.

Com o reconhecimento é bem provável que os viticultores da região tenham sido atacados pelo mesmo “víru$$$$$” que se disseminou pela Côte D’Or e mandem para o espaço sideral os preços dos novos “1er eleitos” “Sur La Roche”, “La Frèrie”, “Les Crays”, “Les Clos de Solutrè”, “Les Chevrières” etc.



Não tenho dúvidas que haverá uma elevação nos preços e que os 1er Crus custarão o dobro, ou quase, dos “plebeus” Pouilly-Fuissé.

Caso ocorra o fenômeno da “super-levitação” é sempre bom lembrar que apenas alguns minutos de carro separam as caras garrafas de Pouilly-Fuissé das bem mais acessíveis e também, ótimas de Pierreclos, Saint-Véran, Pouilly-Vinzelle, Viré-Classé, Pouilly-Loché, Mâcon-Village......

Mais uma lembrança: Os amantes de grandes garrafas de Chardonnay sabem que um pouco mais ao norte (130 km) de Beaune, há Chablis onde, por 20/40 Euros, é possível comprar grandes garrafas com pouquíssima manteiga e quase zero madeira

Continuo apaixonado pela Borgonha, mas a crise me obrigou a buscar amantes mais acessíveis.....

Caso a Borgonha se torne amante de diamantes, haverá, sempre e ainda bem, a insuperável Champagne e seus inimitáveis vinhos



Bacco.

5 comentários:

  1. Infelizmente, também estou fugindo dos borgonhas. Os preços aqui no Brasil estão surreais, e subindo lá, piora ainda mais. Faço o que você sugere, pego Chablis e outros mais simples. Ainda é possível encontrar Chablis 1er Cru a preços não muito indecentes. Mas não sei por quanto tempo.
    Salu2

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  2. Concordo. O problema são, também, os desmandos das importadoras que metem a mão sem nenhuma lógica. Exemplo: O Champagne Veuve Clicquot na Europa 30/35 Euros (R$ 200) Brasil R$ 380/400 (60 Euros. Puligny-Montrachet "Les Folatieres Europa= 70/75 Euros (R$ 460) Brasil (Mistral) R$ 1.953 (300 Euros) . Total desprezo pelo consumidor

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    Respostas
    1. E a coisa piora se considerarmos o que significa 35 Euros no salário de um europeu, e 400 reais no de um brasileiro.

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    2. Para meu azar, me apaixonei pelos vinhos da Borgonha. Principalmente os tintos. Dava para comprar um ou outro grand cru da Cote D'Or, com algum cuidado. Daí o real mostrou sua real feição e me transportei para a Cote Chalonnaise. Menos densos, mas excelentes. O real prosseguiu na sua queda, e agora me restam borgonhas básicos, tristes e ácidos, a 500 reais... Enfim, a velha e triste história de pobre latino americano querendo casar com mulher francesa de classe superior. Procure alguém da sua laia!

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  3. Há , infelizmente não no Brasil , uma série de ótimas e baratas opções que indicarei nas próximas matérias

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