Há mais de 3 décadas tive duas experiências que me marcaram muito.
A primeira foi com vinho nacional.
Em umas das minhas incursões iniciais, no mundo de Baco, lembro que
sorvia uma garrafa ao lado de uma cocotinha da ''alta'' sociedade, do interior
do estado (ela jurava que o pai era usineiro de cana de açúcar).
Ainda hoje lembro da dificuldade em encarar o vinho nacional e a
caipirinha que se autodenominava, socialite.
A memória marcante, número dois, foi minha primeira vez com uma boneca
inflável.
Bons tempos.
Leio, outra vez, que há a enésima tentativa de salvaguardar (proteger) o
vinho nacional.
Mais uma.....
Li o tal documento e nele consta que os produtores gaúchos buscam uma
competição mais justa com o vinho importado.
Não contentes, complementam a defesa, do vinho gaúcho, com entrevistas
onde defendem a importância de preservar a atividade da produção familiar,
do RGS, citando números onde constam milhares de famílias com propriedades
menores que 2.0 hectares (20.000 m2 a vocês do planeta concreto) etcétera e
tal.
Imagino que o pessoal, à frente das instituições, que pleiteiam as
“salvaguardas”, precise veicular essas bobagens de tempos em tempos, apenas para
justificar o emprego e aparências...... só pode ser.
Mais uma vez eu vou tentar colocar na tela por qual razão penso que isso
não passa de uma baita perda de tempo e uma cortina de fumaça das mais
bobinhas:
1) salvo (não guardas) raríssimas áreas, nessepaiz continental,
as terras pouco o nada servem para a cultura de uva vinífera.
Mesmo que houvesse
condições climáticas iguais às da Argentina ou Chile, ainda
não haveria produção suficiente para agredir o mercado do Mercosul.
O mercado foi, e sempre será, da Argentina
e Chile, apesar de reconhecer que a maioria dos vinhos, lá produzidos,
são muito ruins.
Como dizem, lá na roça, estamos
falando de porco brigando com porco por casca de melancia.
2) faltam recursos humanos no setor vinícola bananico.
Nossos enólogos não viajam
em inter-sem -câmbio, simplesmente porque ninguém é doido de “cambiar”
profissionais com o RGS.
Imagina o cara saindo de Bordeaux
para cair lá em Flores da Cunha e frequentar as escolas enológicas locais,
deparar com equipamentos feitos no país, técnicos de laboratório etc.…Setor
centenário com um amadorismo profissional exemplar.
Tem que ser muito bom para continuar tão amador depois de
tanto tempo (palmas).
3) O produto nacional é caro na base da base e mesmo suprimindo
impostos, tentar exportar vinho,
mesmo aqueles bem feitos que são poucos, mas existem, é difícil: Não conseguem competir.
Morrem
na largada seja em dólar ou euro.
Se fosse bom e competitivo
já estaria nos supermercados chineses e americanos mesmo em pouca
quantidade.
Dizem que o pouco vale muito.
Não nesse caso.
Aqui a raridade não provoca
nenhum desejo.
4) não se muda acordo comercial com tanta facilidade.
Eles sabem disso.
As tarifas vigentes, no Mercosul, mudariam somente se houvesse
condições pós-apocalípticas e realmente justificáveis, depois de
muito tempo de negociação e aprovação de todos os países.
Essa resolução é bem provável que mofe, por um bom tempo, nos gabinetes
e computadores pagos por nosotros lá na capital do trambique federal.
Se essas entidades estão realmente preocupadas com os “coitadinhos”
pequenos produtores, por que não denunciam os predadores que compram suas
uvas e seus vinhos e os pagam quanto e quando querem desrespeitando o
preço mínimo estabelecido na região?
Você que toma vinho desses predadores, tente lhes vender uvas. Levará dois sustos: Verificar quanto pagam
pela sua matéria prima e por quanto vendem a garrafa de vinho.
Ihhhh, oo gauchada difici, tchammmm.
Depois de mais de 30 anos as bonecas infláveis evoluíram e parecem mulheres
reais...
Em contrapartida o setor do vinho
nacional, no geral, não evoluiu nem à paulada com ou sem salvaguarda.
Em tempo: A mulher
inflável japonesa dá de 10 na nacional. Salvaguarda aqui também?
Percamos as esperanças.
Bonzo
ótimo texto, Bonzo. não sei se a boneca inflável com quem você teve uma experiência te ligou depois, se te adicionou no Linkedin ou se reclama, indignada, que foi usada. mas pelo menos os fabricantes de bonecas infláveis não pedem salvaguardas ao governo...
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