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sábado, 20 de junho de 2020

SALVAGUARDAS & BONECAS INFLÁVEIS


Há mais de 3 décadas tive duas experiências que me marcaram muito.
 

A primeira foi com vinho nacional.
 
 

Em umas das minhas incursões iniciais, no mundo de Baco, lembro que sorvia uma garrafa ao lado de uma cocotinha da ''alta'' sociedade, do interior do estado (ela jurava que o pai era usineiro de cana de açúcar).
 

Ainda hoje lembro da dificuldade em encarar o vinho nacional e a caipirinha que se autodenominava, socialite.  

A memória marcante, número dois, foi minha primeira vez com uma boneca inflável.
 

 Bons tempos. 

Leio, outra vez, que há a enésima tentativa de salvaguardar (proteger) o vinho nacional. 

Mais uma.....  

Li o tal documento e nele consta que os produtores gaúchos buscam uma competição mais justa com o vinho importado.
 

Não contentes, complementam a defesa, do vinho gaúcho, com entrevistas onde defendem a importância de preservar a atividade da produção familiar, do RGS, citando números onde constam milhares de famílias com propriedades menores que 2.0 hectares (20.000 m2 a vocês do planeta concreto) etcétera e tal. 

Imagino que o pessoal, à frente das instituições, que pleiteiam as “salvaguardas”, precise veicular essas bobagens de tempos em tempos, apenas para justificar o emprego e aparências...... só pode ser. 

 


Mais uma vez eu vou tentar colocar na tela por qual razão penso que isso não passa de uma baita perda de tempo e uma cortina de fumaça das mais bobinhas: 

1) salvo (não guardas) raríssimas áreas, nessepaiz continental, as terras pouco o nada servem para a cultura de uva vinífera. 

Mesmo que houvesse condições climáticas iguais às da Argentina ou Chile, ainda não haveria produção suficiente para agredir o mercado do Mercosul.

 O mercado foi, e sempre será, da Argentina e Chile, apesar de reconhecer que   a maioria dos vinhos, lá produzidos, são muito ruins.

Como dizem, lá na roça, estamos falando de porco brigando com porco por casca de melancia.

 


2) faltam recursos humanos no setor vinícola bananico. 

 Nossos enólogos não viajam em inter-sem -câmbio, simplesmente porque ninguém é doido de “cambiar” profissionais com o RGS. 

 Imagina o cara saindo de Bordeaux para cair lá em Flores da Cunha e frequentar as escolas enológicas locais, deparar com equipamentos feitos no país, técnicos de laboratório etc.…Setor centenário com um amadorismo profissional exemplar.  

Tem que ser muito bom para continuar tão amador depois de tanto tempo (palmas).
 

 

3) O produto nacional é caro na base da base e mesmo suprimindo
 impostos, tentar exportar vinho, mesmo aqueles bem feitos que são poucos, mas existem, é difícil: Não conseguem competir.

Morrem na largada seja em dólar ou euro.

 Se fosse bom e competitivo já estaria nos supermercados chineses e americanos mesmo em pouca quantidade.

Dizem que o pouco vale muito.

Não nesse caso.

 Aqui a raridade não provoca nenhum desejo. 

4) não se muda acordo comercial com tanta facilidade.

 Eles sabem disso.

As tarifas vigentes, no Mercosul, mudariam somente se houvesse condições pós-apocalípticas e realmente justificáveis, depois de muito tempo de negociação e aprovação de todos os países.

Essa resolução é bem provável que mofe, por um bom tempo, nos gabinetes e computadores pagos por nosotros lá na capital do trambique federal. 

Se essas entidades estão realmente preocupadas com os “coitadinhos” pequenos produtores, por que não denunciam os predadores que compram suas uvas e seus vinhos e os pagam quanto e quando querem desrespeitando o preço mínimo estabelecido na região?  

Você que toma vinho desses predadores, tente lhes vender uvas.  Levará dois sustos: Verificar quanto pagam pela sua matéria prima e por quanto vendem a garrafa de vinho. 

Ihhhh, oo gauchada difici, tchammmm. 

Depois de mais de 30 anos as bonecas infláveis evoluíram e parecem mulheres reais...

 Em contrapartida o setor do vinho nacional, no geral, não evoluiu nem à paulada com ou sem salvaguarda.

 Em tempo: A mulher inflável japonesa dá de 10 na nacional. Salvaguarda aqui também? 

Percamos as esperanças.

Bonzo

 

Um comentário:

  1. ótimo texto, Bonzo. não sei se a boneca inflável com quem você teve uma experiência te ligou depois, se te adicionou no Linkedin ou se reclama, indignada, que foi usada. mas pelo menos os fabricantes de bonecas infláveis não pedem salvaguardas ao governo...

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