Semana passada, para amenizar a mais longa quarentena do
século, organizei um almoço dominical.
Os convidados deveriam trazer os vinhos e assim o fizeram
Resultado: Eles conseguiram me apresentar alguns vinhos que
jamais pensei beber nem sob tortura
Se alguém estiver pensado na minha enésima cantilena, sobre a
ridícula qualidade dos vinhos nacionais, pensou errado: Há no mundo muitíssimos
vinhos tão ruins ou até mais do que os nossos.
Depois de me assegurar de que alguns amigos estavam, até
aquela data, livres da corona, resolvi oferecer-lhes um almoço nada banal: “Tomate Recheado ao Forno”, “Tagliatelle ai Frutti di Mare”, “Salmão ao Molho de Tomate Mostarda e Mel”.
Pratos com ingredientes bem diversos e sabores contrastantes
que exigiam “inventiva” na escolha dos vinhos.
Comuniquei o cardápio aos amigos e esperei, com vivo interesse,
a carta dos vinhos.
Interessante a escolha dos convivas: Riesling 2008 “Wiebelsberg
Grand Cru” Marc Kreydenweiss, “Macon Village”
2017 Domaine Eloy, Cava 2015 Bru Nature
“Juvé & Camps”.
Iniciamos os aperitivos abrindo a garrafa de Mâcon Village.
Uma pequena pausa para adicionar algumas informações.
Conheço razoavelmente bem a região de Mâcon e já a visitei uma
dúzia de vezes.
Em minhas viagens já me hospedei em Mâcon, Solutré Pouilly,
Saint Veran, Vergisson.
Visitaram minhas taças: Pouilly-Fuissé, Pouilly-Vinzelle,
Saint-Veran, Viré-Clessé, Mâcon-Village, Mâcon-Pierreclos, Pouilly-Loché ….
Foram tantos, nem lembro quantos, mas tenho certeza que nenhum foi tão
deplorável quanto o “Macon-Village” 2017 da Domaine Eloy......
Nem os Chardonnay chilenos, argentinos, italianos etc.
conseguem ser piores (os nacionais conseguem).
O Macon-Village”, da Eloy, nem deveria ser etiquetado com o
endereço da vinícola, cuja sede é em Fuissé.
Quem beber uma porcaria como aquela e não tiver um razoável
conhecimento vinícola, evitará para sempre os vinhos da região.
Um monumental insulto ao Chardonnay.
Quando pensei que mais nenhuma eno-tragédia visitaria, naquela
tarde, minha taça, um dos convivas apresentou, orgulhoso, o Cava Brut Nature “Juvé & Camps”.
Meu conhecimento de Cava é mais que limitado, confesso, mas
minha quilometragem “espumantistica” não é desprezível.
Minha preferência pelas “bolhas” é notória e não tenho receio
em afirmar que o vasto repertório me permite, com apenas um pequeno gole,
perceber a qualidade do espumante que há na taça.
Quando provei o Cava uma grande dúvida me assaltou: “Qual a pior
bosta do dia? O Mâcon-Village ou o Cava Brut nature?
Com a franqueza que me caracteriza, mas que contive, com muito
esforço, no julgamento do Mâcon-Village, exclamei: “Este
Cava é um dos piores espumantes que já bebi e não estivesse olhando para a garrafa
juraria se tratar de um espumante nacional de péssima qualidade”.
É difícil entender uma Espanha vinícola, que revelou, na minha
opinião, um dos melhores vinhos brancos do planeta, o Viña Tondonia,
vinificar e comercializar uma porcaria de espumante “che fa cagare”.
Se você estiver descrente, deprimido, arrasado, por ter sido
tratado como um enoloide pela Valduga e seu premiado “Melhor
do mundo 130 “, mas mesmo assim quiser ir além, cavar, cavar,
até encontrar o fundo do poço, vá de Cava Brut Nature “Juvé & Camps”...... Tudo o
que beber, depois, parecerá “Don Perignon”.
O Cava custou R$ 160 e o quase Chardonnay R$ 89 na promoção.
Após as duas experiências terríveis abrimos o Rieslig 2008 “Wiebelsberg Grand
Cru” Marc Kreydenweiss.
Continua..
Bacco
Se esse Riesling estava ruim, aí é para desanimar.
ResponderExcluirSalu2
Esse é um grande e não aquelas merdas que o atecederam
ResponderExcluirUfa! Eu já bebi vinhos do produtor e gostei muito.
ExcluirSalu2
Quase cai no golpe "rotulo bonitinho que evoca um grande vinho feito com carinho e dedicacao que segue a receita da nossa vovozinha, a primeira enologa de nossa empresa familiar" da juve y camps.
ResponderExcluirGracas a essa sala de papo virtual nunca verao a cor do meu tutu, ganho com o suor dos meus escravos da minha mina de carvao em Tocantins
Auguri, pestis emeritvs.
Auguri, para você , também. Cuidado com o seu monumento ao escravo do carvão do cerrado.....A gretinha está de olho
ResponderExcluirO comentário não tem a ver com o post, mas não posso deixar passar em branco essa notícia que acabou de sair! História se repetino...2012, nova salvaguarda:
ResponderExcluirhttps://neofeed.com.br/blog/home/produtores-brasileiros-pedem-barreiras-ao-vinho-importado/
https://revistaadega.uol.com.br/artigo/o-retorno-das-salvaguardas-dirigentes-da-industria-nacional-tentam-novamente-proibir-o-consumidor-de-escolher-o-que-quer-beber_12314.html
ResponderExcluirEstamos dizendo a mesma coisa há anos e somente agora se tocam. Picaretas e predadores que querem apenas faturar mais e mais e mais...
ExcluirSrs,
ResponderExcluirImagino que nunca tenham provado o excelente espumante Casa Valduga 130 Blanc de Blanc. Senão, não diriam tanta besteira sobre ele. Estou certa de que ele superaria o Cava supracitado e muitos champagnes disponíveis no mercado nacional. Desta forma, os convido a experimentarem o vinho, antes de espalharem suas impressões levianas sobre ele.
Quem escreveu, o comentário acima, é certamente uma funcionária da Valduga-Predadora-de- Quase-Vinhos”. Nossa cara "comentarista" nos julga como se tivéssemos o mesmo nível de desonestidade intelectual do produtor do "130". Seria muita picaretagem comentar e julgar um vinho sem o haver provado. Uma picaretagem que equivaleria àquela dos Valduga em fomentar e patrocinar a divulgação de que o “130” foi considerado o melhor espumante do mundo. Não aceitamos o convite para experimentar o “excelente 130”: Já o provamos e o colocamos no mesmo remoto lugar ao lado de outras “excelentes” porcarias. Continue bebendo o minúsculo “130”. Nós continuaremos degustando o Champagne com “C” maiúsculo.
ResponderExcluirQue dicas voces dariam para quem quer abrir uma loja de vinhos no Brasil? Como posso lutar contra as grandes importadoras e não ser mais uma do mercado? Eu vi um video no youtube sobre o assunto, mas não foi muito esclarecedor. Moro na cidade de São Paulo e queria fazer esse curso de sommelier do Senac que ele fala no video. Vocês conhecem? Será que vale a pena?
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=BYc_5bv4NeU
O vídeo é patético, não escarece nada. Abrir uma loja de vinho, quando o país está à beira de uma recessão ímpar, eu não recomendaria. Dólar e Euro nas alturas, covid 19, recessão , desemprego etc. não apontam para um cenário favorável. Aguardar seria a melhor opção. Se você tem dinheiro sobrando, afivele as malas e faça uma viagem pelos países produtores de vinho. Valerá mais do que 18 cursos de sommelier no Brasil.
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