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quarta-feira, 24 de junho de 2020

ADEGA X VÍRUS



Mês passado dei continuação aos meus insanos ataques às garrafas que ainda resistiam, bravamente, na minha esquálida adega.

Sem remorso, logica ou parcimônia, detonei quase todo o estoque dos vinhos de Thomas Morey.

Passaram pelas minhas taças: “Bâtard-Montrachet”, La Truffiere” (2), “Les Dents de Chien” e, para não deixar rolha sobre rolha, sequei, também, uma garrafa de “Bâtard-Montrachet” e outra de"Bienvenue Bâtard Montrachet" de Paul Pernot.

Thomas Morey, desde sempre, um dos meus produtores prediletos, produz algumas imperdíveis joias vinícolas.

Thomas Morey me “seduziu’ com o raríssimo 1er Cru “Les Dents de Chien”.

Não conhecia, confesso, a denominação e muito menos os vinhos de Thomas

 Morey até que, um belo dia......

Viajando, pela região, acompanhado pelo amigo Pedro Marques, proprietário

 do ótimo restaurante “Terroso”, em Cascais, enquanto dirigia o carro pela

 estradinha que de Puligny leva a Chassagne, Pedro indagou: “Você conhece

 o Les Dents de Chien?



Minha negativa provocou mais uma intervenção de Marques: “Me disseram 

que é um ótimo vinho e que as parreiras do Les Dents de Chien 

confinam com as do Montrachet”

Não é preciso dizer que depois daquela “revelação” e para aprofundar meus 
conhecimentos, em todas minhas viagens pela região, caminhei diversas 

vezes sobre o terreno pedregoso das vinhas do “Les Dents de Chien”.

Não pensem, porém, que foi fácil encontrar o “Dentes de Cão”.

Tive que pedir informações, procurar em muitos “vignerons”, ouvir quase 

sempre “Je suis désolé mais je n'ai plus de vin à vendre” e somente, após 

incontáveis buscas, encontrei o raro 1er Cru bem no centro de Chassagne-

Montrachet na vinícola de Thomas Morey.

Bom vinho, interessante, intrigante, mas que não despertou grandes emoções.

O vinho do Morey, apesar de apresentar todas as características dos 

grandes brancos de Chassagne-Montrachet, pecava, assim como os de 

Bruno Colin, pelo excesso de manteiga.

Decidi não “acelerar” os tempos e, apostando em uma evolução benéfica,

 resolvi deixar ”envelhecer” o “Les Dents de Chien.

 Um belo dia abri a gaveta dos vinhos de “guarda” e dei de cara com 3

 garrafas do “ Les Dentes de Chien”.

Fui até a cozinha, me armei com um belo saca-rolhas e voltei à carga

Após alguns anos de adega a manteiga já não posava de “prima donna” 

liberando espaço aos aromas florais, cítricos, brioches .....

 Com o “declínio” da manteiga, a mineralidade, complexidade, estrutura e 

todas as raras características, que fizeram a fama dos vinhos de 

Chassagne, ganharam espaço e importância.

Thomas Morey, em sua “Domaine” possui alguns 1er crus e Grand Cru de 

altíssima linhagem, seus preços não são assustadores, a recepção é simples, 

calorosa e profissional.

Recomendo o produtor, com entusiasmo, e indico, além do raríssimo “Dents

 de Chien”, o não menos raro e interessante “Vide Bourse” e o 

extraordinário “La Truffiere”.

Voltando ao massacre das garrafas de Puligny e Chassagne devo salientar 

que o Bâtard-Montrachet 2009, do Paul, foi um pequeno degrau superior,

 mais elegante, mais complexo do que o do Thomas Morey.


Talvez o maior amadurecimento (2 anos) tenha feito a diferença.

Bacco

 

2 comentários:

  1. Ha, ja sei o que vou tomar esse fim de semana. Valeu pela dica, peste mor. Auguri.

    Duvida entre Au Pied du Mont Chauve Les Chenevottes e o Maltroie....esse tipo de conflito de escolha que corroe minha saude mental.

    Vinhos diferentes, mulher de sempre. PQP.

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