Um amigo de longa data,
sincero, bom companheiro, bom copo, ótimo garfo, conversa agradável etc.
poderia ser considerado o amigo perfeito?
Sim!
Pois, eu tenho um amigo com todos os predicados acima
elencados e que poderia ser a encarnação do “amigo perfeito” se não fosse por
um detalhe: É “Framengo” doente.
Quando o assunto é futebol o cara se transforma no maior chato
da terra, aliás, não há torcedor mais chato do que flamenguista doente.
Certo dia, depois de uma enésima vitória do seu time, o amigo
chegou eufórico ao nosso encontro berrando, feito um maluco, seu grito de
guerra: MEEENGOOO,
MEEENGOOO, MEEENGOOO.
Sem querer, nem pensar, tirei da cartola uma frase que se
encaixa como uma luva no fanatismo futebolístico dos flamenguistas: “Cara, você está parecendo um “mengoloide”.
Desde aquele dia, quando o amigo se exalta o faz excessiva
apologia de seu time, o chamo de “mengoloide”.
O que tem em comum o futebol, o “framengo”,
o “mengoloide”, e o vinho?
Muito.....
Há anos, para definir o enófilo meio abobado e manipulado
pelas revistas, pontuações, medalhas, pontos, prêmios etc. recorro à palavra “eno-tonto”.
Chega!
A partir de hoje, sai de cena o velho eno-tonto e entra no
palco, triunfante, o “ENOLOIDE”.
O “enoloide” é tão chato quanto o “mengoloide”.
O “enoloide”, parente próximo do “mengoloide”, é o alvo
favorito dos produtores e importadores predadores.
Os predadores sabem que há, no mundo, um sem número de
enoloides prontos e ansiosos para serem depenados e que, pasmem, adoram perder
as “penas”.
Se não existissem os enoloides não existiriam garrafas de
1.000, 3.000, 10.000 Euros ou mais.
Sem os enoloides os predadores tupiniquins não teriam coragem
de lançar no mercado garrafas de R$ 400, 500, 600...... (há, no mercado, garrafas de espumante Gei$$e de R$ 700)
O enoloide é o endinheirado debiloide que faz a alegria e
enriquece os produtores que sabem como e onde encontrá-lo, seduzi-lo, depená-lo
Esta semana li este anúncio que quase me enfartou
Veja um belíssimo exemplo
de “caça aos enoloides
Brunello di
Montalcino Riserva DOCG 1955 Biondi Santi Tenuta Greppo
0,75 L, Cassetta di legno
9.200 € IVA inc. (12.266,67 €/L)
Dopo la tipica
fermentazione in rosso, la maturazione si è protratta per ben 3 anni in botti
di rovere di Slavonia, cui ha fatto seguito un lunghissimo affinamento in
bottiglia nelle cantine di Biondi Santi, al fresco e al riparo dalla luce. Il
vino risultante ha la capacità di sfidare il tempo, conservando le proprie
caratteristiche per 60-80 anni.
Não, você não este delirando, não leu errado, são 9.200 Euros
ou, se preferir, R$ 42.320, ao câmbio de hoje.
A tradicional e premiada vinícola Biondi Santi, agora, tocada
por mãos francesas, aprendeu rapidamente o idioma da Borgonha e quer se
transformar na “Romanée-Biondi” toscana e, não tenham dúvidas, que há um
expressivo número de enoloides já com cartões Gold, Platinium, Black e os
cambau, na mão e ansiosos para detoná-los na compra do “Romanée-Biondi”
O cinismo da Romanée-Biondi é de doer.
Traduzo a descrição do “pega enoloide”
“Depois da típica fermentação para tinto, a maturação se
prolongou por bem 3 anos em barris de carvalho de Eslavônia para então afinar
longamente na garrafa nas adegas da Biondi Santi no fresco e ao reparo da luz.
O vinho resultante possui a capacidade de desafiar o tempo conservando as
próprias características por 60-80 anos”
É mentira, é fantasia, é marketing, é picaretagem.
Nenhum vinho chega aos 60-80 em perfeitas condições a não ser
que.....
Na próxima matéria revelo o caminho das pedras.
Dionísio
PS. Antes de comentarem que já beberam garrafas de 50-70-100
anos e o vinho estava ótimo, aguardem a próxima matéria para não entrarem, de
vez, no clube dos “enoloides”
que o Renato Gaúcho (ou os argentinos) impeçam que o Mengoloide e as centenas de milhares de flamenguistas tornem Brasília uma cidade insuportável, caso o time ganhe a Libertadores.
ResponderExcluirfalta agora achar o equivalente enológico do Portaluppi, mas tenho certeza de que, se existir, gaúcho ele não é.