O amigo Jeriel da Costa postou, há alguns dias, no Face, a
foto de um Champanhe que o Pão de Açúcar está vendendo por “míseros” R$ 399,00.
O Champagne “Comte de Lavigny”, um ilustre desconhecido no Brasil, custa 16/20
Euros na EuroPa.
O preço, em reais, assustou, com razão, os amigos e seguidores
do Jeriel.
Até aí tudo bem, normal, previsível, pois é sempre bom lembrar
que estamos falando dos preços do ”Cão de Açúcar”......
A conversa, animada e interessante, descambou quando muitos
enófilos enveredaram pelo mesmo e de sempre, estéril caminho da comparação
entre o Champanhe e os espumantes produzidos no Brasil.
A origem da lengalenga é antiga e já nos primórdios dos anos
2000 os fabricantes nacionais lançavam uma das mais ridículas e picaretas
campanhas de marketing que presenciei: “O espumante do
Brasil é o segundo melhor do mundo”.
Acho que os industriais gaúchos, de então, aludiam ao mundo da
lua ou ao misterioso mundo da Serra Gaúcha, pois, naqueles anos, os espumantes
nacionais eram tremendas bostas.
A qualidade foi aos poucos melhorando, até porque piorar seria
impossível, e hoje já se encontram algumas etiquetas que “non fanno cagare”
(que não dão caganeira)
Vamos ser claros e honestos: Os espumantes nacionais são razoáveis, mas
nada além disso.
Quem afirmar o contrário, ou não entende merda nenhuma de
espumantes, ou está na folha de pagamento de algum produtor....
Há, na Europa, centenas de espumantes muito superiores e bem
mais baratos que os nacionais.
O eno-ufanista é
apenas um consumidor mal informado, de limitado repertório e que não tem acesso
aos bons e baratos espumantes europeus.
Não vou comentar, para não tripudiar, os bons Franciacorta ou
Trento que custam 8/12 Euros, mas os
eno-retardados precisam saber: Nas prateleiras dos supermercados, há ótimos
Champanhe que custam 15/20 Euros (R$ 70/92)
Mesmo com o câmbio beirando os 5 X 1, os europeus bebem melhor
e mais barato.
Vejam a foto e comprovem.
Dito isso, espero, apenas, que não me venham, pela enésima vez,
com a esfarrapada balela dos altos impostos.
Por mais altos que sejam, os impostos, não podem ser culpados
pelos preços praticados pelos predadores tupiniquins.
Vejamos: 1.000 hectares,
em Reims, valem tanto quanto, ou mais, do que toda a área das vinhas do Rio
Grande do Sul.
Na Champagne, um quilo
de uva (Pinot Noir, Chardonnay, Pinot Meunier) custa 5,85 Euros (R$27).
Aa mesmas uvas, provenientes de um 1er Cru,
custam 6,30 Euros (R$ 29) e de um Grand Cru 7 Euros (R$32).
A tabela da CONAB, para os anos
2018/2019, estabelece o preço mínimo, para o quilo a uva Pinot Noir, em R$ 2,68
e para a Chardonnay em R$ 2,83 (ambas com grau BABO 20).
Ou os franceses são uns idiotas, não sabem ganhar dinheiro e
entregam seus Champanhes de graça, ou os gaúchos nos roubam descaradamente.
Para terminar: Bebamos a espumante nacional, sim, mas sabendo
que não é nenhuma Brastemp e que é caro.
Ufanismo etílico serve apenas para esvaziar nossos bolsos e
encher os dos produtores do sul.
Dionísio
Muito boa esta crítica. Realmente temos espumantes bons, mas só bons. E gostei de ouvi falar que colocar a culpa dos preços altíssimos dos vinhos nos impostos é uma balela, se colocarmos 100% de impostos ainda não dá para justificar que um vinho de 20 reais na Europa custe 150 reais no Brasil
ResponderExcluirÉ duro, mas é a realidade. Não faz sentido um cava espanhol ser mais barato no Brasil que um espumante nacional. Mas muitas vezes isto acontece. E não é favoritismo pelo que é estrangeiro....temos no Brasil frutas tropicais que os europeus sonham em ter. Cada um no seu quadrado. Terroir é terroir!
ResponderExcluirPerfeito
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