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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

DUELO DE TITÃS


 
 




Sempre considerei as confrarias tremendas bobagens.

As confrarias europeias são quase sempre regionais, seus membros, grandes conhecedores de vinho, se reúnem algumas vezes por ano em datas comemorativas e nada de encher a cara.


A versão brasileira é exatamente o contrário: As reuniões acontecem uma ou duas vezes por mês, cada confrade comparece com uma ou duas garrafas e ......o final beira o ridículo.

 

Ninguém, depois de beber uma ou duas garrafas, consegue distinguir um Miolo Seleção de um Barbaresco Ca’ del Baio.

As confrarias, nas versões caboclas, são, quase sempre e apenas, ocasiões para encher a cara.

Neste final de semana resolvi convidar alguns amigos (4) para um almoço.

O menu: Entrada, risotto com alho poró, ossobuco à piemontesa.

Preço do convite: Uma garrafa de vinho, branco ou tinto, italiano ou francês.

Os convidados não economizaram e, ao iniciar a reunião, no refrigerador e na mesa poderíamos contar as seguintes garrafas: Duas de Champagne, uma de Montagny 1er Cru “La Tour Rouge” 2015, uma de Saint-Aubin “Les-Mugers-de-Dents-de Chien” 1er Cru, uma de Corton Gand Cru Bonneau du Martray 2009, uma de Brunello di Montalcino”Canalicchio di Sopra” 2007 e finalmente uma de Muffato della Sala do Antinori.

 

O “Duelo de Titãs”, entre o Corton e o Brunello di Montalcino, deveria acontecer quando o ossobuco fosse servido e....assim foi.

Quando o prato principal foi servido os convivas já haviam secado uma garrafa de Soave, que eu oferecera como aperitivo, o Champagne Le Mesnil Grand Cru, o Montagny 1er Cru e o Saint Aubin.

 

Resultado: Não consegui e nem tentei votar em quem vencera o “Duelo de Titãs”.

Quando abri o Muffato della Sala já havia conviva que trocaria, sem titubear, a taça do vinho umbro por uma rede.......

No dia seguinte enquanto o Flamengo era derrotado, em pleno Maracanã pelo Ceará, resolvi comemorar com uma bela taça de vinho.

O porre fora tão grande que …. Milagre, Milagre, Milagre!

 Os convivas deixaram, nas garrafas, dois dedos abundantes de Corton e de Brunello.

 

Naquele instante resolvi homenagear o “Beato “aberração de tão bom” Salu” e secar o fundo das duas garrafas.

Inútil defender confrarias, espernear e torcer o nariz: O melhor momento para se degustar e julgar seriamente um vinho é entre 10,30 e 12 horas.

Neste horário o gosto e aroma do café já não estão presentes e a fome ainda não afetou a sensibilidade do paladar.

Um copo de agua, um pedaço de pão e lá fui eu para o “Duelo de Titãs ”.

Dois grandes vinhos, duas denominações de altíssima qualidade e muito prestigiosas.
 

O Brunello Canalicchio di Sopra 2007 é um vinho profundo, complexo, muito equilibrado, grande estrutura, mas que exige bons conhecimentos vinícolas do degustador.

Grande vinho, mas difícil.

O Corton Grand Cru Bonneau du Martray 2009 é soberbo.

A bela cor rubi, os aromas inconfundíveis de violeta, a boca potente, mas contida e seu taninos profundos e redondos.

Ao degustar o Corton amaldiçoei aqueles remanescentes e míseros dois dedos.

Dois grandes vinhos, duas grandes interpretações do território.

 

Se tivesse que escolher uma garrafa como último desejo?

 

Corton Grand Cru.

 

9 comentários:

  1. Bem, e claro que seria sim um desperdício não apreciar conscientemente vinhos tão caros. Mas quer saber a realidade nua e crua? Minhas melhores experiências com vinhi foram justamente aquelas nas wuais todos ficaram mais bêbados do que gambás...

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  2. Respostas
    1. Acredito que sim: nunca vi passarinho ser bom nessas proficiencias, se quer mesmo uma opiniao embasada, gambas e morcegos são a melhor opção.

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  3. Bêbado igual gambá, vinho colonial vira Barolo!!!

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  4. Bacco,
    As confrarias são mesmo complicadas. Tem de tudo nelas: Os caras que adoram levar vinhos ruins; os que só levam vinhos top (o que, apesar de bom, claro, pode constranger os outros); os que bebem demais; os que enchem as taças; os que bebem sem ao menos olhar o rótulo ou se interessar em saber que vinho é; os que selecionam um vinho e não bebem os outros etc. Várias dessas me incomodam, mas o fato do cara beber sem ligar para o que está bebendo, apenas pelo álcool, me incomoda bastante. Quantas vezes joguei pérolas aos porcos!
    Para mim, uma boa confraria deve ter poucos membros (amigos, de preferência), no máximo meia garrafa por pessoa, vinhos variados e na mesma faixa, e as pessoas devem se interessar em saber o que estão bebendo. Senão, vira encontro de boteco (que é bom também, mas é outra coisa).
    Salu2,
    Jean

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  5. Exatamente o que penso. Um bom vinho, um grande vinho deveria ser apreciado em companhia de poucos amigos (2/3) e em quantidades limitadas. Se a confraria estabelece que cada confrade deve levar uma garrafa é porre na certa. Quanto mais pessoas , pior. Adorei o "encontro de boteco".

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  6. Pelos vinhos apresentados, terei que rever minha lista de amigos. :)

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    1. Faça como eu: Há alguns anos, quando oferecia um almoço regado com ótimos vinhos, exigia dos convidados, como contrapartida, uma garrafa. Quase sempre um ou dois espertinhos traziam vinhos de merda e a desculpa era sempre a mesma: "Você sabe que eu não entendo muito de vinhos, mas o vendedor me garantiu que este é muito bom". Quase sempre era uma garrafa de vinho chileno de pouco valor e menos sabor.... Como resolvi acabar com a farra do vinho chileno? Não entende de vinho? Não sabe escolher? Champagne é solução. Os espertinhos, agora, devem, forçosamente, trazer, pelo menos, uma garrafa de Champagne.

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  7. Exato... Uma confraria deveria ter como finalidade a apreciação sem pressa nem excessos.

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