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segunda-feira, 16 de julho de 2018

VELHO OU JOVEM?


 


Li um breve comentário do Diego Arrebola, no Facebook, que me deixou estupefato.


8 h · Instagram ·

E isso aconteceu durante a semana... Com frequência evito responder a inevitável pergunta sobre quais seriam meus vinhos favoritos, mas cada vez mais Barolo tende a ser a resposta. Barolo é amor!!!
Esses dois foram abertos mais de 24hrs antes, e quando os degustei com a @gabifrizon estavam sublimes! O 75, com um pouquinho de oxidação além do ideal, mas ainda com muita fruta e vivacidade, embora de caráter marcadamente terciário. Já o 57... definitivamente um dos vinhos da vida! Que vinho, senhoras e senhores, que vinho! Terciário, deliciosamente evoluído, complexo, vivo, com seus taninos ainda presentes, e acidez equilibrada, com final interminável... um vinho para sonhar acordado, para ficar na memória por mais tempo ainda do que ficou na garrafa!
Agradecimentos ad eternum ao @gabrielraele pela graça enológica alcançada.
#entrecopos #barolo #piemonte #vinho #wine #winetasting #sommelier #somm #profissaosommelier

Dionísio, como de costume, respondeu

Dionísio Ramos \Me perdoe, mas abrir um vinho de 1957 24 horas antes de bebê-lo é uma tremenda cagada: Um vinho com 60 anos se já não está mais que morto , morre em menos de uma hora

 


Diego e Dionísio continuaram postando e eu lendo.

Duas coisas me intrigaram de imediato:

a idade dos vinhos.

abrir vetustas garrafas 24 horas antes de consumi-las.

Não acredito que alguém, com um mínimo de conhecimento, se atreva a desarrolhar, 24 horas antes de bebê-las, garrafas com 43 e 61 anos de idade, respectivamente.
 

É sabido, notório, que vinhos muito velhos, se já não dobraram o cabo da boa esperança, "morrem" em poucos minutos após a abertura da garrafa.

Deixar, então, respirar por 24 horas é uma loucura sem par.

Arrebola respondeu.

Diego Arrebola o vinho foi aberto em restaurante, e o cliente não consumiu tudo. Foi um amigo que nos deu, e só pude buscar um dia depois. O vinho estava vivíssimo, e segundo meu amigo, que provou logo após aberto, melhor do que antes . Já tive essa mesma opinião que vc manifestou, mas não é a primeira vez que provo vinhos dessa idade, mais de um dia após aberto, e encontro um vinho maravilhoso. Há vinhos e vinhos, e alguns nos surpreendem...
 


Apesar da justificativa, continuo não acreditando que garrafas de Barolo de 43 e 61 anos possam resistir por 24 horas depois de abertas.

Olhando a foto, com cuidado, percebi que nenhum dos dois produtores é conhecido, renomado, tradicional e que, na realidade, são ilustres desconhecidos.

O Barolo de Scarzello, que foi produzido em Serralunga D'Alba, tradicional aldeia que prima pela longevidade de seus vinhos, tem alguma possibilidade de durar no tempo, mas 61 anos me parecem demasiados.

O outro, da "Fratelli Torrengo" de Cherasco, vinícola que já não existe, nem é produzido com uvas locais (os cachos são de Monforte D'Alba).

É bom salientar que Cherasco é uma das onze aldeias que podem ostentar a denominação "DOCG Barolo", mas as vinhas, da única vinícola da cidade, a "Cantina Fracassi", estão localizadas bem na divisa de Cherasco e La Morra.

Há poucos meses provei, mais uma vez, o Barolo Fracassi e, como sempre não me entusiasmou.

Dito isso, vou além....

Um vinho, no nosso caso, o Barolo, para ter vida longeva, precisa repousar em um ambiente muito particular: A temperatura deve ser constante, entre 11° e 14°, a umidade pode variar de 65% a 70% e, para evitar o mofo, necessita de bastante ventilação.

 
É bom não esquecer, também, que um dos maiores inimigos do vinho é a luz então...... blackout total.

Vamos à origem das minhas dúvidas

Todos os produtores de Barolo são unânimes em declarar que o famoso vinho piemontês atinge seu apogeu aos 10 anos de vida.

Algumas garrafas mais, outras menos, mas 10 anos são mais que suficientes para desarrolhar um bom o Barolo.

O Barolo é longevo?

 
Sim , assim como o são o Brunello , Taurasi, Amarone, Barbaresco, Chianti Classico etc., mas todas as denominações citadas, raramente conseguem expressar suas melhores qualidades após 20/25 anos.

Exceções há?

Sim, mas raras e nunca totalmente seguras.

 Prefiro a normalidade e a segurança de um bom beber e como diz um antigo ditado: "Meglio tre anni prima che tre mesi dopo....." (Melhor três anos antes que três meses depois...)

Arrebola termina o dialogo com a seguinte postagem
Diego Arrebola quando voltar a Itália caçamos uma garrafa dos anos 50 e abrimos juntos para tirar a prova !
Abraço 

Na próxima matéria tenho algumas surpresas sobre o assunto da "caça" de garrafas antigas.

Bacco

9 comentários:

  1. Ótima postagem, Bacco. Tem uma turma que mostra degustações de vinhos muito velhos e sempre estão maravilhosos, estupendos, incríveis, néctar dos deuses. Nunca ouvi um deles mencionar que o vinho já estava dobrando o cabo da boa esperança. Preferem ostentar a dizer a verdade. Eu também divido a opinião de que é melhor 3 anos antes que 3 meses depois. E quando os caras começam a mencionar a história dos aromas terciários etc, aí piora as coisas. A conclusão óbvia é: O vinho estava morto!
    []s,
    Jean

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    1. o Beato Salu é rei de abrir essas velharias. e, realmente, nunca vi um comentário dizendo que o vinho já estava passado...

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  2. Esses sommerdiers e a eterna vontade de terem que aparecer para reforçar a imagem que tem junto a enorme comunidade de enofilos (nao para de crescer, ja somos 300 milhoes de bebedores de vinho no Brasil).... fazem igual ao menino Neymar Jr. Papelao dos infernos.

    Sorte dos les sommerdiers que ninguem la fora presta atençao a eles.

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  3. A maior parte li bobagens, embora não concorde DE GRAÇA com o Arrebola sobre o vinho que bebeu que estava ``MORTISSIMO``, OOOOOps, ``vivíssimo``, pois, ou ele é mentiroso, ou é sortudo!
    Mas li muitas bobagens... você viaja também com tudo que acha que é como certezas...

    Anzze

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    1. Meio confuso. Viajo como e onde? Seja mais explícito

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    2. Será que é tradução do google translator?

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  4. O amigo dele o enganou !!! Rssss

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  5. Parabéns por mais uma vez expor uma das grandes mentiras contadas pelos sommeliers do país.

    Na igreja dos falsos profetas do vinho, o ídolo máximo é o Decanter, e o ritual sagrado é abrir o vinho trocentos dias antes de beber, ignorando completamente dois aspectos fundamentais:
    - A sensibilidade do vinho à grande quantidade de oxigênio recebida após a abertura (como bem colocado na matéria, vinhos de grande idade sofrem mais);
    - E a capacidade do vinho em evoluir na taça. Simplesmente esperar horas para provar um vinho já aberto demonstra completa incapacidade do degustador perceber, por si só, que o vinho chegou à sua maior expressão.

    Parabéns, mais uma vez, texto certeiro!

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