Um amigo enviou um link com matéria, inserida na coluna "Bom Gourmet", do jornal "Gazeta do Povo" de Curitiba.
A matéria: "Vinhos
Brasileiros de Pequenas Vinícolas: Veja 31 Jóias Raras".
Já nas primeiras descrições, das "jóias raras",
tive vários acessos de risos e o forte desejo de não continuar a leitura, mas a
desistência denotaria deselegância e nunca fui deselegante com um amigo.
Resolvi continuar, mas antes tomei duas pílulas de Plasil....
Quanto mais lia, mais ria.
No final da leitura percebi que as "31 jóias raras" dariam
uma bela matéria sobre as costumeiras lamurias e picaretagens dos viticultores nacionais.
No elenco das "31jóias raras", como de
costume, a presença dos quase-vinhos de "Dani dos
Mil Nomes" mais conhecido, recentemente, como Marco
Danielle.
Nosso narrador, Guilherme Rodrigues, no começo do artigo,
avisa que os vinhos elencados são quase impossíveis de serem encontrado (ainda bem...) nas lojas e enotecas e que se algum
eno-imbecil quiser comprá-los deverá entrar, diretamente, em contado com o
produtor.
Alguém certamente indagará: "Por
qual razão, você chama de eno-imbecil quem quiser comprar uma "jóia rara?"
Respondo: A primeira jóia, "Cave
do Ouvidor", felizmente esgotada, apresenta, segundo nosso
conselheiro da Bom Gourmet, "... lavanda, leve alcatrão, frutas negras maduras e
supermaduras, café, fumé, um leve toque "Amarone", seco, sedoso, uma beleza
"..... e se mais aroma houvera, lá chegara......
Vai além: "Quem afortunadamente
tiver em mãos uma garrafa provará um dos melhores tintos já elaborados".
Guilherme, sem nenhuma economia,
lasca 93 pontos para a "jóia" vencedora.
Duas considerações: Ser um dos melhores tintos, elaborados no
Brasil, não significa grande coisa e nem justifica os 93 pontos do "Cave do Ouvidor".
O melhor vinho do Brasil nunca superou, nem superará, a
barreira do mediano e já passou da hora de entender que o Brasil não é terra
abençoada por Bacco (ops) e nem o será nos próximos 100 anos.
O Brasil é terra de café, cana, melão, melancia, uva de mesa,
mas 93 pontos somente serão verdadeiros quando o cara beber vinho demais e se
arrebentar em uma ribanceira.
Aí, sim, 93 pontos serão verdadeiros e bem-vindos....
Já que o assunto é "pontos", seria justo indagar
quantos pontos nosso crítico reservaria, por exemplo, para o Amarone do Quintarelli,
Barolo Giuseppe Rinaldi, Brunello di Montalcino Pietroso
1.250, 1.310,1. 430?
Respostas, por favor.
O primeiro lugar do pódio é concorrido.
Nosso crítico paranaense
pede para o "Cave do Ouvidor"
se afastar um pouco à esquerda e, sempre com 93 pontos, manda subir o "Serena
Pinot Noir" e o "Tormentas
Barbera MMXII".
Em segundo lugar, mais um vinho do Dani das mil picaretagens: "Tormentas Monte Alegre Pinot Noir MMXII".
O que dizer?
Por onde começar?
Tentarei....
Não conheço o "Serena Pinot Noir", nunca
bebi, mas não consigo entender como possa custar R$250.
Não sou profundo conhecedor de música sertaneja, mas sei que a
melhor canção do gênero não chega aos pés da pior (se é que há alguma) do Tom
Jobim, então.....
Amigos, R$ 250 correspondem a 55 Euros e gastando um pouco
mais ou um pouco menos, posso comprar, do Jean Raphet, em Morey-Saint-Denis,
uma extraordinária garrafa de seu "Clos Vougeot".
Uma pergunta: pelo mesmo preço qual dos dois vinhos você
compraria o Serena Pinot Noir ou o Clos Vougeot?
Continuando a análise das eno-sandices nacionais.
Falar de Dani dos mil nomes e seus quase-vinhos me obriga a
ingerir mais dois Plasil....
Não conheço o Guilherme Rodrigues, não posso avaliar seus
conhecimentos e nem sua honestidade intelectual, mas qualquer pessoa que possua
um paladar normal e não um de epóxi, não pode comparar o Pinot Noir, do ex
fotografo, a um grande Borgonha.
É impossível!
Não nutro particular simpatia per Sir Edward Motta, mas sei
que o cantor anglo-brasileiro passeou várias vezes pela Borgonha, bebeu
hectolitros de Pinot Noir e quem bebe Pinot Noir da Borgonha sabe perfeitamente
que não há nada melhor nem igual no planeta.
Sir Edward certa vez elogiou calorosamente o tormentoso Pinot
Noir do ilusionista do "Atelier
Tormentas" assim, como agora faz nosso Guilherme Rodrigues.
Ora, provei todos os vinhos do ilusionista e certa feita levei
algumas de suas garrafas para a Itália onde foram avaliadas por sommeliers profissionais.
Resultado: O líquido, após o primeiro gole, foi jogado, sem cerimônia, na pia.
se alguém não conseguir entender poderei traduzir
Continua.
Dionísio
Legendas ��
ResponderExcluirEsse pseudo-jornalista ainda nao provou os pinot noirs do Chaco Paraguayo. Ali sim estao as maiores joias do continente, seguidas de perto do Chardonnay equatorial (que surpresa!) do Suriname e do espumante (mais joias raras!) feito em Manaus conservado no fundo do encontro do Solimoes com Rio Negro. As bolhas sao pequenas e duram para sempre na taca apos tanto agito!
ResponderExcluirQuem merece essa tontice de artigo, mais um? Manda para o Luisque LXI que ele le de tudo hoje em dia na cadeia.
31 semi-joias, vulgo 31 bijuterias...
ResponderExcluirA vinha serena fica em nova Pádua 15-20km do centro de Caxias do Sul onde moro. Produção biodinâmica recebo mala-direta no meu email. Pelo que o enólogo escreve (é um casal) parece ter muita paixão pelo que faz. Acredita mesmo no seu produto. Tenho curiosidade de beber mas para começar ele só vende caixa com 6. Aí vem na minha cabeça tudo o que você escreveu acima, começo comparar com o preço de outros vinhos que já tomei e não compro. Toda vez que me oferecem vinhos “icônicos” aqui da região não compro pelo preço incompatível com a realidade. Mas alguns se salvam aqui na região e por estes paguei entre 50 e 80$, o que achei justo. Salute! Alexandre.
ResponderExcluirJá a "produção biodinâmica" me deixa desconfiado. A biodinâmica tem muito mais semelhança com macumba do que ciência. Acredito que seja possível produzir algo razoável no Brasil, mas nada além disso. O problema é querer transformar o vinho nacional em algo raro , exclusivo, único. Nunca foi , não é e nem sei se , algum dia, será
ResponderExcluirConcordo
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