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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

100% II



O dia começara bem com um belo sonho com a Tammy Gretchen, dos bons tempos, quando o telefone tocou e era ligação, a cobrar, da diretoria de B&B cobrando o complemento de um artigo e avisando que o “1 Franco atrasaria esse mês”.
 
 
 
 

Com bloqueio mental, devido à pressão dos meus ídolos de infância e agora senhores feudais cibernéticos, fui até a escola onde teria mais desilusões que me acompanharão até o fim da minha carreira como consumidor e produtor de vinho.

Na primeira parte da aula o professor (um velhinho com mais de 40 anos de winemaking e enologia – duas coisas distintas—) alerta um aluno que a função dele é nos ensinar a fazer vinho bom com uva ruim.
 

“Vinho bom com uva boa quase qualquer um consegue. Basta seguir regras bem firmes de limpeza”.

Seguiu um pouco de debate e resumo a coisa assim:

1. Se você quiser produzir somente vinhos com uvas perfeitas, ou muito boas, você vai quebrar. Ainda que tenhamos maneiras na área agronômica para atenuar chuvas, secas, ataque de praga (ou de blogueiro), e doenças, isso não basta para garantir volume que feche as contas no ano. Uvas sob ataque de fungos, após muita chuva, precisam de ajuda química e não de reza. Teremos queda na produção e qualidade.

 

2.   Se você não tiver problemas na produção de uvas, mas por algum motivo maior (chuva antes da colheita, por exemplo) os cachos não estiverem em ótimo estado, o vinho tem grandes chances de sair uma porcaria e seu vinho “honesto” vai perder mercado, vendas ou até sofrer pedidos de devolução da compra por parte das lojas e clientes. Desconfio que bem mais de 90% do mercado não sabe e não quer saber das manipulações no vinho. O problema, mais uma vez, está em quem propala ser honesto sendo que não é.
 

 


3.   Várias vinícolas esticam as uvas até 3 prensas. E depois se corrige o resultado facilmente. Primeira prensa “free juice” seria para vinhos melhores. Essa é delicada e ocorre somente com pressão das uvas sobre elas. Depois tem a prensa em si onde o que sobra das uvas é realmente prensado. E ainda há (nas vinícolas mais capitalistas ou malandras) uma terceira prensa, do que sobrou da segunda prensa.

Faça sua escolha, senhores e senhoras e demais (hoje precisamos reconhecer todos os tipos de sexo).

 É totalmente aceitável ser honesto, mas você vai quebrar se nunca usar os meios disponíveis na produção ou condução do vinho. Ou então a vinícola será para hobby ou para fins não lucrativos.

A segunda parte do dia foi para acabar com meu castelinho de areia do vinho de vez.

BaccoeBocca por anos conta histórias sobre fraude no mundo do vinho em regiões famosas, sendo que, vez ou outra, alguns sabichões acabam na cadeia e por aí vai.
 

Cabernello di Montalcino me vem à memória, mas houve bem mais outras histórias.

Mas o que vou relatar, na próxima matéria, realmente me deixou mais surpreso do que constatar que a “gata” Tammy Gretchen virou um rapaz super parecido com aquele que, certa vez, trabalhou comigo num escritório.

Continua

Bonzo

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