Todos devem ter percebido que minhas "intervenções vinícolas"
rareiam e estão se tornando sempre mais esporádicas.
Escrever, para enófilos que acreditam em fábulas, como a do
Brasil possuir alguma importância no mundo do vinho (a última e imbecil piada:
um espumante da Casa Perini é o 5º melhor do mundo), se tornou, para mim, muito
difícil.
Muito difícil, também, é ter que ocupar o mesmo espaço virtual
com Beatos escaladores de cruzes medievais, Copellos, Didus e outros palhaços
das garrafas e taças.
Mas no imenso mar de eno-imbecis há, também e ainda bem, raras
e caras cabeças pensantes.
Estas raras e caras cabeças, que seguem, há anos, minhas
irreverentes intervenções vinícolas, me "obrigam" a continuar, mesmo
esporadicamente, minha quixotesca jornada e é para elas que dedico as informações
que considero relevantes e interessantes.
É para este pequeno brancaleônico
exército de seguidores que ainda teimo em escrever.
Chega de preâmbulos e vamos ao que interessa.
QUE VINHO ESPERAR DA SAFRA 2017?
Estive, mais uma vez, passeando pelo Piemonte, Toscana,
Borgonha e, como de costume, conversando com vários produtores.
Todos comentaram as dificuldades enfrentadas no corrente ano
(geadas, granizo, seca, calor africano), mas se mostraram otimista com o vinho
2017.
"Pouca quantidade, mas ótima qualidade"
"Muitas dificuldades, mas uvas excepcionais"
Muito Bla-Bla-Bla para tentar convencer o mercado que o vinho
será ótimo e que....... os preços
aumentarão.
Minha opinião: A safra de 2017, apesar das entusiastas
declarações dos viticultores, não foi das melhores e os vinhos, de uma maneira
geral, serão muito alcoólicos.
Acredito, ainda, que teremos muita água adicionada ao vinho......
Querem uma prova?
Todos exaltaram a qualidade das uvas, mas, diante de minha insistência,
tiveram que admitir um grau alcoólico mais que preocupante nos vinhos de 2017.
Em alguns casos (não vou declinar o nome das vinícolas nem sob
tortura) o grau alcoólico superou os 16º.
Brunellone (Brunello-Amarone)!
Ao perguntar se adição de água resolveria o problema, um
sorriso amarelo aflorava nos lábios dos viticultores
Concordo!
Afinal a osmose inversa
continua na moda......
Bacco
Bacco e Dionísio, que bom que resolveram escrever. podemos até ser poucos, mas somos legais...
ResponderExcluirEduardo, é quase um vício
ResponderExcluirParla, peste.
ResponderExcluirCom o advento do querido aquecimento global muita coisa esta mudando para ficar e nos vinhos tambem (salvo um vulcao que exploda e deixe o planeta frio por uma decada). Esta muito dificil em anos normais produzir vinho com teor alcoolico menor que 15% em um monte de lugar a nao ser que pare a fermentacao e fique com um monte de fructose no vinho. Esta dificil produzir vinho sem as intemperies que ja F boa parte do planeta. A concentracao desses problemas vai propiciar enorme dificuldade na conducao das parreiras (quando podar? deixa como esta?? vai ter geada mais cedo ou mais tarde?) e na producao das uvas.
Estou prevendo aqui tomando meu cafe delicioso (blend do peru com ethiopia) com pao de queijo que as autoridades regulatorias terao que afrouxar algumas regras porque a turma tera que pagar as contas.
Talvez liberar irrigacao com tecnologia (para evitar abuso em areas deserticas), talvez liberar adicao de agua ou mesmo liberar geral osmose reversa. Em alguns anos podera ocorrer a aberracao de adicao de acido tartarico e ou acucar onde nao pode. Estou falando de mais 10 anos para frente se as safras seguidas forem tao ruins.
Quando a natureza muda dessa forma fica dificil produzir das mesmas maneiras enquanto o mercado fora das DOC usa tudo que se sabe para produzir bons vinhos a precos bem mais atraentes. Fora da europa quando se estuda vinhos e regioes europeias, he relatada um alivio com as tais regras rigidas. Deixem os europeus que se F, dizem muitos.
Nao creio que bordeaux e brunello deixarao de serem vendidos nas areas onde sao produzidos, mas pergunta para turma que quer exportar o excedente se estarao ainda contentes com as regras imexiveis (saudades dele, bons tempos que um ministro roubava tao pouco?) e com a diminuicao severa na renda/lucro. Ainda mais agora que temos corporations tomando conta de tanto vinho por ai... corporation = lobby($) = bacco tomando vinho novo mundo na europa.
Auguri, peste apocaliptica.
Muito bom texto ... Grande Roedor, quando você decidirá escrevem no B&B? A água sempre foi adicionada ao vinho.Na moita nas adegas e escancaradamente nos copos dos europeus. Os "refinados" enófilos brasileiros torcem o nariz só ao pensar o fato, mas é um normal costume no velho continente. A osmose e perfeitamente legal e está quase se aposentando para fazer companhia ao vetusto concentrador: há novas e infernais máquinas à disposição dos enólogos
ExcluirEscrever ai he muita responsa. A nao ser que voces resolvam que eu pegasse uma trilha editorial mais focada. Fazer comentarios em cima do que foi escrito he a parte mais facil. Dificil he pegar uma tela em branco e botar algo que preste.
ExcluirAmadurecam a ideia em barrique de ipe roxo goiano e me mandem um email sobre como acham que eu poderia ajudar (SE for o caso. To tranquilo). Emito recibo, inclusive retroativo a 2011.
Pagamos o retroativo com garrafas de Cantina da Serra Reserva. Pega a linha que quiser e mande bala no baccoebocca@terra.com.br
ExcluirUma coisa de boa que os artigos tem aqui he que tem camadas. Carinha le algumas vezes e sempre tem algo a mais para pensar. Por mega coincidencia (nao sou paranoico ainda, nao acredito que saibam da minha agenda) ontem tive aula de osmose reversa. Professor colocou de maneira elegante a questao... disse que em muitos casos estamos dando de volta a natureza algo que ela tirou da uva. O caso de uma seca extrema que faz com que a uva fique muito carregada de acucar (se esta concentrada tem menos agua!) e com pouquissima acidez total.
ResponderExcluirAte onde vai sacanagem, fraude de uso permissivel etico de tecnologia?
Voces podem execrar isso, mas dependendo da situacao, que mal ha em adicionar agua ou retirar alcool do vinho? Eu prefiro retirar alcool, algo mais elegante e menos anti-etico que adicionar agua (que infla receita), mas dependendo da ocasiao, vai agua tambem. jesus fez sucesso com isso.
Vejo tanto vinho ruim feito com toda tecnologia do mundo, acho que o fator humano (agronomo no campo + enologo na cantina) nunca sera perdido. Fazer vinho continuara a ser uma arte dificil, mas acompanhada de ciencia, por que nao.
De volta a caverna...
Bacco,
ResponderExcluiravise ao Bocca que o Villa Borghese, o cemitério da gastronomia italiana em Brasília, faleceu. fechou as portas. não sentirei saudades.
https://www.facebook.com/villaborgheserestaurante/photos/a.719828214753262.1073741829.358795487523205/1381631675239576/?type=3
Já vai tarde . O Villa Borghese sempre foi uma bosta
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