Para um bom enófilo, percorrer a Toscana e não passar por
Montalcino é como comprar tomates sem pensar em Gilmar Mendes.....
Impossível!!!!!
Volterra, San Gimignano (não consigo apreciar o Vernaccia), Pienza,
San Quirico D'Orcia e finalmente Montalcino.
Em Montalcino, como de costume, procurei alguns produtores que
há anos reabastecem minha raquítica adega.
Nas poucas horas em que percorri o território tive a impressão
de ter errado o caminho.
Pensei que estava visitando cidades da Borgonha e não as aldeias
da Toscana: Nas três primeiras vinícolas, que visite
não consegui comprar uma única garrafa de Brunello.
Vejam os resultados de
minhas incursões nas adegas dos "ilcinesi": Na vinícola Pietroso,
para levar para casa um belo Brunello, pediram 45 Euros.
Tive que sair correndo
da adega para alcançar meu apavorado cartão de crédito que fugira desesperado.
Na Baricci não havia uma garrafa sequer para
venda (fico imaginando o preço do Brunello 2017).
Nem implorando, como já
estou acostumado, especialmente, quando visito o Jean Claude Bachelet, consegui
sensibilizar Francesco, filho de Pietro e comprar meia dúzia de seus Brunello.
Na Capanna
havia um ônibus cheio de chineses que degustavam e, certamente, inflacionavam
os preços dos tintos da vinícola.
Diante da invasão amarela, amarelei , desisti da Capanna e
rumei para a vizinha "Canalicchio" de Franco Pacenti.
Finalmente, Brunello!
Encontrei Lorenzo, jovem filho de Franco, trabalhando na limpeza
dos tanques de fermentação.
O jovem, gentilmente, suspendeu o trabalho, se prontificou em me
atender e sem delongas ou consultas, abriu uma garrafa de Rosso
di Montalcino 2015 e outra de Brunello
2012 e me ofereceu para degustação.
O Brunello 2012 revelou todas as características do vinho: Estrutura,
bom corpo, elegância, grande potencial, mas ainda "verde" para o meu
gosto.
O Rosso 2015 me agradou mais: Muito harmônico, belas nuances
aromáticas e pronto para beber.
Indaguei se haveria algumas garrafas de Brunello de safra mais
antigas e percebi Lorenzo olhando para uma pequena pilha de caixas.
"Algumas..... Quantas garrafas?"
Sem deixar transparecer minha ansiendade, respondi: "Pouca
coisa.... 6 Rosso 2015, 6 Brunello 2012 e dependendo do preço, 12 garrafas de
2007".
Preço combinado, vinhos embalados e.... Lorenzo resolveu abrir um Brunello 2007.
Aí, aquela tarde fria, esquentou.
Enquanto bebia aquele Brunello, ótimo representante da mítica
viticultura ilcinese, não consegui disfarçar um sorriso.
Lorenzo percebeu meu momento "Mona Lisa" e perguntou
a razão.
Inventei uma historia e mudei o rumo da conversa.
Na propriedade de 36 hectares trabalha toda a terceira geração
de viticultores da família Pacenti: Franco, sua mulher Carla e os filhos Lisa,
Serena e Lorenzo.
Dos 36 hectares, apenas 10 são de vinhas e 1 de oliveiras.
Os vinhos de Franco Pacenti, elaborados com seriedade e
paixão, surpreendem pela grande qualidade e seus preços justos.
Na próxima matéria: O porquê do sorriso, a degustação do
Brunello 2007 e a safra 2017
Bacco
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