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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

MAURO SEBASTE



 


O interesse, de Mauro Sebaste, em se tornar amigo de B&B, no Facebook, aguçou minha curiosidade em descobrir algo mais sobre a vinícola homônima.

Recorri, como de costume, a um amigo comum, Massimo Bergamin, proprietário da trattoria "Dai Bercau", para obter informações sobre Sebaste e seus vinhos.
 

"Produtor sério, tradicional, que vinifica com muita paixão e dedicação".
 
 
 

As palavras de Massimo me convenceram e sem mais delongas telefonei para agendar uma visita.

"Amanhã às 10 horas há um grupo de quatro alemães (como alemão gosta de Barolo....) se não se importar podemos incluí-lo na visita".

Agradeci, confirmei presença e no dia seguinte, no horário combinado, estacionava meu carro no quintal da "Cantina Mauro Sebaste".


"Os alemães ainda não chegaram, mas não devem tardar. O Mauro está trabalhando na adega, mas na hora da degustação estará presente".

Andrea, jovem enólogo, em poucas palavras comunicou que ele seria nosso acompanhante e que Sebaste estava atarefado na adega, mas comandaria a prova de seus vinhos.

Os alemães chegaram!

Apertos de mãos, sorrisos, animação e lá fomos, nós,  conhecer a vinícola Mauro Sebaste.

Pequena, mas muito organizada, a vinícola é um exemplo de limpeza e modernidade.

 

Andrea respondia às perguntas dos alemães em perfeito inglês e às minhas, em italiano.

Na adega de Mauro Sebaste o moderno e o tradicional convivem harmoniosamente.

Máquinas moderníssimas ajudam na vinificação que é realizada com métodos rigorosamente tradicionais (barrique zero).

Chamaram minha atenção os tanques de inox com fundo cônico.

Andrea respondeu à minha pergunta: "O fundo cônico permite retirar mais facilmente resíduos indesejados através de uma pequena torneira. Neste caso, e destes tanques, estamos retirando sementes de uva para evitar o excesso de taninos".

 

É a tecnologia judando a enologia......

Há idiotas que, demonizando o moderno, querem voltar ao passado e pisar cachos com os pés......

 

Esta demonização da tecnologia me faz lembrar Itamar Franco quando pediu a volta do "fusquinha"......

Outra máquina moderna e interessante, que chamou minha atenção, foi a engarrafadora.

Um dos inimigos do vinho é o ar.

A Mauro Sebaste investiu, não pouco, num sistema em que a delicada operação de engarrafamento seja efetuada sem a mínima presença do ar desde o tanque, passando pela tubulação e até o arrolhamento da garrafa.

 O ar é retirado do tanque e dos tubos mediante a adição de azoto.

 

"É necessário tamanho cuidado para uma operação que pode durar apenas poucas horas?"

A minha indagação fez Andrea sorrir.

"Imagine que, por uma razão qualquer, eu deva suspender o engarrafamento quando ainda tenho metade do vinho neste tanque. O prolongado contato com o ar poderia deixar o vinho sem proteção o que seria extremamente perigoso. Nosso cuidado com o ar não se limita ao tanque. Na hora do engarrafamento a máquina introduz azoto na garrafa, retira todo o ar e até antes do sigilo o azoto entra em cena eliminando o ar presente entre o vinho e a rolha. Não há possibilidade de oxidação prematura. Investimos muito no sistema, mas estamos satisfeitos ".

A explicação me convenceu e fiquei pensando o quanto os antigos produtores deveriam penar com os rudimentares sistemas de então.

A tecnologia , quando bem empregada, ajuda a enologia.

A presença maciça de "tonneau" me surpreendeu e originou mais uma pergunta: "Não vejo barriques e nem tonéis de grandes proporções. Vocês usam somente tonneaux?"

 

"Usamos muito os tonneaux um função de nossa pequena produção. O Barolo Ghè, por exemplo, é produzido em pequena escala e tonéis maiores seriam demasiado grandes. Chegamos à conclusão que os tonneaux de 400 litros eram os ideais para nossas necessidades. Usamos alguns tonéis, de maior litragem, para os vinhos que vinificamos em maiores quantidades".

A visita, à parte produtiva, terminou na adega das antigas garrafas.

Ali estavam expostas as etiquetas que fizeram a história da Mauro Sebaste.

Enquanto os alemães se extasiavam com garrafas de antigas safras de Barolo, eu admirava uma empoeirada etiqueta de Freisa.

A Freisa, vinificada pela mãe de Mauro, Sylla Sebaste, era a garrafa 3746 de 9500 produzidas.

 

"Vocês ainda produzem Freisa?"

"Sim! Mauro a vinifica em homenagem à memória de sua mãe que era uma fã incondicional da Freisa".

Terminado giro pela adega, chegara à hora da degustação.

Continua

Bacco


25 comentários:

  1. Parla, Ba.

    Coincidentemente degustei um barolo dele semana passada. Nao postei, mas ta la no vivino. Gostei do vinho, mas aguardo seus comentarios afinal estou longe de ser especialista na regiao.


    Auguri.

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  2. Respostas
    1. Il Prapo 2012. https://www.vivino.com/users/plowk/wines

      Era o que tinha, mas gostei!

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  3. Foi o que mais gostei, também , e comprei.

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  4. essa Freisa tem 720ml... que curioso. ou será erro de digitação?

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    1. Não havia notado a capacidade. Não sei se foi erro ou à época era usada esta garrafa , também.

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  5. Como ele convidou nos convidou para o Face, eu e Ana, provavelmente porque estava na listagem de BaccoeBocca, abrimos um Monvigliero 2005 e como minha referência é o Monvigliero do Gian Alessandria, confesso que fiquei um pouco decepcionado. Até pensei que estivesse utilizando barrique e fosse mais moderno, pois tinha notas muito evidentes de madeira.
    Também aguardo ansioso seus comentários.

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  6. Mauro Sebaste é modernista. Os vinhos são bons, mas se quiseres algo numa linha mais tradicional, com tempos prolongados de maceração, minima intervenção e uso apenas de Botti da Slavonia, segue uma lista de produtores :

    Lorenzo Accomasso
    Pietro Berutti
    Bel Colle
    Olek Bondonio (botte grande)
    Francesco Borgogno
    Fratelli Serio e Battista Borgogno
    Giacomo Borgogno & Figli
    Agostino Bosco
    Brezza
    Bric Cenciurio
    Brovia
    Comm. G. B. Burlotto
    Piero Busso
    Luigi Calissano
    Camerano
    Canonica, Giovanni
    Cappellano
    Castello di Neive
    Castello di Verduno
    Cavallotto
    Cigliuti
    Elvio Cogno
    Poderi Colla/Cascina Drago
    Giacomo Conterno
    Paolo Conterno
    Guiseppe Cortese
    Luigi & Figlio Dessilani
    Dezzani
    Dosio
    Cascina Ebreo
    Alessandro Fantino e Gian Natale
    Giacomo Fenocchio
    Feyles
    Franco Fiorina
    Fracassi
    Bruno Giacosa
    Fratelli Giacosa
    Silvio Giamello (La Licenziana)
    Cantina del Glicine
    Bruna Grimaldi (Badarina e Bricco Ambrogio, Camilla nem tanto)
    Ugo Lequio
    Marcarini
    Manuel Marinacci
    Bartolo Mascarello
    Giuseppe Mascarello & Figlio
    Massolino (excessão feita ao Parafada, em barrique nas safras 1990-2006)
    Luigi Minuto
    Cantina del Nebbiolo
    Angelo Negro e Figli
    Luigi Oddero
    Poderi e Cantine Oddero
    Cantina Parroco (di Neive)
    Pecchenino
    Giorgio Pira
    Guido Porro
    Principano
    Produttori del Barbaresco
    Punset
    Francesco Rinaldi
    Giuseppe Rinaldi
    Serafino Rivella
    Rizzi
    Roagna
    Rocca Felice
    Flavio Roddolo
    Gigi Rosso
    Giovanni Rosso (di Davide Rosso)
    Santa Maria (A. Viberti)
    Elio Sandri
    Scarpa
    Scarzello
    Societa Cooperativa Responsabilita Limitata (Soc. Coop. R.L.)- Antigamente engarrafava como Produttori del Barbaresco
    La Spinona
    Vicenziana (La Licenziana)
    Vietto
    Villadoria

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    1. Magno, de onde você tirou a ideia que o Sebaste é modernista? Eu não vi e nem provei nenhum vinho envelhecido em barrique. O único Barolo que estagia somente em tonneaux, de 400 litros, é o Ghè , os outros afinam em barris de 1.600 litros e tonneaux. Não encontrei sombra de madeira na boca

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    2. Talvez modernista possa parecer exagero, comparado com outros por aí, mas tb não dá pra chamar de tradicionalista um cara que faz maceração curta de duas semanas e usa tonneau frances novo de 400L.

      Talvez o mais justo seria colocá-lo no meio do caminho entre o moderno e o tradicional.

      Quando vc compara com a maioria dessa lista que eu postei, (Beppe Rinaldi por exemplo) fazem maceração de dois meses e só usam Botti grande da Slavonia. Esses caras são puristas, não estão muito preocupados em lançar vinhos prontos pra beber.

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    3. Magno, como vai?
      A não-preocupação em lançar vinhos prontos para beber é louvável. Quem quiser, que aguarde e guarde alguns anos suas garrafas, e estamos conversados. As perguntas que eu gostaria de fazer são: quanto tempo você considera razoável para se guardar um bom e tradicional Barolo? E os Barolos mais... "internacionais", mais prontos para beber, quanto tempo deveriam ser guardados desde o lançamento? Ou já são lançados "prontos"?

      Obrigado,
      Carlos

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    4. Acho que você deveria guardar o seu Batasiolo por uns 30 anos, debaixo da pia da cozinha ,para beber de canudinho depois. E após uma decantação de umas 37 horas.

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    5. Magno, me perdoe ,mas quem pratica macerações prolongadas (60 dias) são poucos. A maioria dos tradicionalistas macera por 15/30 dias. De sua lista de tradicionalista Gigi Rosso, Cavallotto, Oddero, Brezza, Fratelli Serio & Battista Borgogno, Bel Colle e muitos outros vinificam seus Barolo com 15/30 de maceração. Incluiria na lista alguns produtores que conheço que não superam os 25/30 dias: Aurelio Massimo, Fratelli Alessandria, Oreste Stefano eTc. eTc. Um famoso modernista , Altare, macera seu Barolo por 5 dias. Creia, os vinhos do Sebaste de "modernista", não tem porra nenhuma.

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    6. O desculpe a CAIXA ALTA é muito chato, deve ter escrito na etiqueta de Reservado Concha y TONTO, (desculpe a caixa alta) Barolo e agora quer saber quando abrir!!!!!
      Do que tem a haver sua pergunta de quanto tempo guardar e quando abrir????????????
      Faz isso pra ficar enchendo o saco depois.......

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    7. Bacco, deixe o homem responder... e pare de tentar adivinhar seu futuro. Ele será tão ridículo quanto seu passado.

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    8. sempre mais enigmático e confuso. Deixar responder? Adivinhar o futuro?
      Carlos tudo Moles , não entendi.

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  7. O Monvigliero já não é mais vinificado pelo Sebaste. As vinhas eram arrendadas e o Mauro não renovou o aluguel. Não provei o Monvigliero.

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  8. E pensar que em 40 anos (nem demora tanto) os modernistas de hoje serao os puristas do futuro, os puristas de hoje serao os ultrapassados e os modernistas do futuro serao os traidores que se renderam a tecnologia de fazer vinho sem uva e em po, ja que o aquecimento global torrou as parreiras de nebbiolo....

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    1. Matou a pau! O Debate era um pretenso "moderninho"hoje é tradicional.tempos piores virão

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  9. Ba,

    Reparei melhor nas minhas prateleiras. Tenho ate o Gavi dele para degustar...por um preco ridiculo. Chegou a experimentar os brancos dele tambem?

    A.B.

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  10. Vou comentar na matéria que está no forno

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  11. fiquei curioso com o fato de você salientar o "barrique zero"... só não seriam permitidos o uso (em questão do uso da apelação) nos Barbarescos?

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  12. Barrique é permitida em todos os vinhos Barolo Barbaresco Barbera etc

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