O interesse, de Mauro Sebaste, em se tornar amigo de
B&B, no Facebook, aguçou minha curiosidade em descobrir algo mais sobre a
vinícola homônima.
Recorri, como de costume, a um amigo comum, Massimo Bergamin, proprietário
da trattoria "Dai
Bercau", para obter informações sobre Sebaste e seus
vinhos.
"Produtor sério,
tradicional, que vinifica com muita paixão e dedicação".
As palavras de Massimo me convenceram e sem mais delongas
telefonei para agendar uma visita.
"Amanhã às 10 horas há um grupo de quatro alemães (como
alemão gosta de Barolo....) se não se importar podemos incluí-lo na
visita".
Agradeci, confirmei presença e no dia seguinte, no horário
combinado, estacionava meu carro no quintal da "Cantina
Mauro Sebaste".
"Os alemães ainda não chegaram, mas não devem tardar. O Mauro
está trabalhando na adega, mas na hora da degustação estará presente".
Andrea, jovem enólogo, em poucas palavras comunicou que ele
seria nosso acompanhante e que Sebaste estava atarefado na adega, mas
comandaria a prova de seus vinhos.
Os alemães chegaram!
Apertos de mãos, sorrisos, animação e lá fomos, nós, conhecer a vinícola
Mauro Sebaste.
Andrea respondia às perguntas dos alemães em perfeito inglês e
às minhas, em italiano.
Na adega de Mauro Sebaste
o moderno e o tradicional convivem harmoniosamente.
Máquinas moderníssimas ajudam na vinificação que é realizada
com métodos rigorosamente tradicionais (barrique zero).
Chamaram minha atenção os tanques de inox com fundo cônico.
Andrea respondeu à minha pergunta: "O fundo cônico permite retirar mais
facilmente resíduos indesejados através de uma pequena torneira. Neste caso, e destes
tanques, estamos retirando sementes de uva para evitar o excesso de
taninos".
É a tecnologia judando a enologia......
Esta demonização da tecnologia me faz lembrar Itamar Franco quando
pediu a volta do "fusquinha"......
Outra máquina moderna e interessante, que chamou minha
atenção, foi a engarrafadora.
Um dos inimigos do vinho é o ar.
A Mauro Sebaste
investiu, não pouco, num sistema em que a delicada operação de engarrafamento
seja efetuada sem a mínima presença do ar desde o tanque, passando pela
tubulação e até o arrolhamento da garrafa.
"É necessário tamanho cuidado para uma operação que pode
durar apenas poucas horas?"
A minha indagação fez Andrea sorrir.
"Imagine que, por uma razão qualquer, eu deva suspender o
engarrafamento quando ainda tenho metade do vinho neste tanque. O prolongado contato
com o ar poderia deixar o vinho sem proteção o que seria extremamente perigoso.
Nosso cuidado com o ar não se limita ao tanque. Na hora do engarrafamento a
máquina introduz azoto na garrafa, retira todo o ar e até antes do sigilo o azoto
entra em cena eliminando o ar presente entre o vinho e a rolha. Não há possibilidade de
oxidação prematura. Investimos muito no sistema, mas estamos satisfeitos ".
A explicação me convenceu e fiquei pensando o quanto os
antigos produtores deveriam penar com os rudimentares sistemas de então.
A tecnologia , quando bem empregada, ajuda a enologia.
A presença maciça de "tonneau" me surpreendeu e
originou mais uma pergunta: "Não vejo barriques e nem tonéis de grandes proporções.
Vocês usam somente tonneaux?"
"Usamos muito os tonneaux um função de nossa pequena produção.
O Barolo Ghè, por exemplo, é produzido em pequena escala e tonéis maiores seriam
demasiado grandes. Chegamos à conclusão que os tonneaux de 400 litros eram os ideais
para nossas necessidades. Usamos alguns tonéis, de maior litragem, para os
vinhos que vinificamos em maiores quantidades".
A visita, à parte produtiva, terminou na adega das antigas
garrafas.
Ali estavam expostas as etiquetas que fizeram a história da Mauro Sebaste.
Enquanto os alemães se extasiavam com garrafas de antigas
safras de Barolo, eu admirava uma empoeirada etiqueta de Freisa.
"Vocês ainda produzem Freisa?"
"Sim! Mauro a vinifica em homenagem à memória de sua mãe que
era uma fã incondicional da Freisa".
Terminado giro pela adega, chegara à hora da degustação.
Continua
Bacco
Parla, Ba.
ResponderExcluirCoincidentemente degustei um barolo dele semana passada. Nao postei, mas ta la no vivino. Gostei do vinho, mas aguardo seus comentarios afinal estou longe de ser especialista na regiao.
Auguri.
Big Rat, qual Barolo degustou?
ResponderExcluirIl Prapo 2012. https://www.vivino.com/users/plowk/wines
ExcluirEra o que tinha, mas gostei!
Foi o que mais gostei, também , e comprei.
ResponderExcluiressa Freisa tem 720ml... que curioso. ou será erro de digitação?
ResponderExcluirNão havia notado a capacidade. Não sei se foi erro ou à época era usada esta garrafa , também.
ExcluirComo ele convidou nos convidou para o Face, eu e Ana, provavelmente porque estava na listagem de BaccoeBocca, abrimos um Monvigliero 2005 e como minha referência é o Monvigliero do Gian Alessandria, confesso que fiquei um pouco decepcionado. Até pensei que estivesse utilizando barrique e fosse mais moderno, pois tinha notas muito evidentes de madeira.
ResponderExcluirTambém aguardo ansioso seus comentários.
Mauro Sebaste é modernista. Os vinhos são bons, mas se quiseres algo numa linha mais tradicional, com tempos prolongados de maceração, minima intervenção e uso apenas de Botti da Slavonia, segue uma lista de produtores :
ResponderExcluirLorenzo Accomasso
Pietro Berutti
Bel Colle
Olek Bondonio (botte grande)
Francesco Borgogno
Fratelli Serio e Battista Borgogno
Giacomo Borgogno & Figli
Agostino Bosco
Brezza
Bric Cenciurio
Brovia
Comm. G. B. Burlotto
Piero Busso
Luigi Calissano
Camerano
Canonica, Giovanni
Cappellano
Castello di Neive
Castello di Verduno
Cavallotto
Cigliuti
Elvio Cogno
Poderi Colla/Cascina Drago
Giacomo Conterno
Paolo Conterno
Guiseppe Cortese
Luigi & Figlio Dessilani
Dezzani
Dosio
Cascina Ebreo
Alessandro Fantino e Gian Natale
Giacomo Fenocchio
Feyles
Franco Fiorina
Fracassi
Bruno Giacosa
Fratelli Giacosa
Silvio Giamello (La Licenziana)
Cantina del Glicine
Bruna Grimaldi (Badarina e Bricco Ambrogio, Camilla nem tanto)
Ugo Lequio
Marcarini
Manuel Marinacci
Bartolo Mascarello
Giuseppe Mascarello & Figlio
Massolino (excessão feita ao Parafada, em barrique nas safras 1990-2006)
Luigi Minuto
Cantina del Nebbiolo
Angelo Negro e Figli
Luigi Oddero
Poderi e Cantine Oddero
Cantina Parroco (di Neive)
Pecchenino
Giorgio Pira
Guido Porro
Principano
Produttori del Barbaresco
Punset
Francesco Rinaldi
Giuseppe Rinaldi
Serafino Rivella
Rizzi
Roagna
Rocca Felice
Flavio Roddolo
Gigi Rosso
Giovanni Rosso (di Davide Rosso)
Santa Maria (A. Viberti)
Elio Sandri
Scarpa
Scarzello
Societa Cooperativa Responsabilita Limitata (Soc. Coop. R.L.)- Antigamente engarrafava como Produttori del Barbaresco
La Spinona
Vicenziana (La Licenziana)
Vietto
Villadoria
Magno, de onde você tirou a ideia que o Sebaste é modernista? Eu não vi e nem provei nenhum vinho envelhecido em barrique. O único Barolo que estagia somente em tonneaux, de 400 litros, é o Ghè , os outros afinam em barris de 1.600 litros e tonneaux. Não encontrei sombra de madeira na boca
ExcluirTalvez modernista possa parecer exagero, comparado com outros por aí, mas tb não dá pra chamar de tradicionalista um cara que faz maceração curta de duas semanas e usa tonneau frances novo de 400L.
ExcluirTalvez o mais justo seria colocá-lo no meio do caminho entre o moderno e o tradicional.
Quando vc compara com a maioria dessa lista que eu postei, (Beppe Rinaldi por exemplo) fazem maceração de dois meses e só usam Botti grande da Slavonia. Esses caras são puristas, não estão muito preocupados em lançar vinhos prontos pra beber.
Magno, como vai?
ExcluirA não-preocupação em lançar vinhos prontos para beber é louvável. Quem quiser, que aguarde e guarde alguns anos suas garrafas, e estamos conversados. As perguntas que eu gostaria de fazer são: quanto tempo você considera razoável para se guardar um bom e tradicional Barolo? E os Barolos mais... "internacionais", mais prontos para beber, quanto tempo deveriam ser guardados desde o lançamento? Ou já são lançados "prontos"?
Obrigado,
Carlos
Acho que você deveria guardar o seu Batasiolo por uns 30 anos, debaixo da pia da cozinha ,para beber de canudinho depois. E após uma decantação de umas 37 horas.
ExcluirMagno, me perdoe ,mas quem pratica macerações prolongadas (60 dias) são poucos. A maioria dos tradicionalistas macera por 15/30 dias. De sua lista de tradicionalista Gigi Rosso, Cavallotto, Oddero, Brezza, Fratelli Serio & Battista Borgogno, Bel Colle e muitos outros vinificam seus Barolo com 15/30 de maceração. Incluiria na lista alguns produtores que conheço que não superam os 25/30 dias: Aurelio Massimo, Fratelli Alessandria, Oreste Stefano eTc. eTc. Um famoso modernista , Altare, macera seu Barolo por 5 dias. Creia, os vinhos do Sebaste de "modernista", não tem porra nenhuma.
ExcluirO desculpe a CAIXA ALTA é muito chato, deve ter escrito na etiqueta de Reservado Concha y TONTO, (desculpe a caixa alta) Barolo e agora quer saber quando abrir!!!!!
ExcluirDo que tem a haver sua pergunta de quanto tempo guardar e quando abrir????????????
Faz isso pra ficar enchendo o saco depois.......
Bacco, deixe o homem responder... e pare de tentar adivinhar seu futuro. Ele será tão ridículo quanto seu passado.
Excluirsempre mais enigmático e confuso. Deixar responder? Adivinhar o futuro?
ExcluirCarlos tudo Moles , não entendi.
O Monvigliero já não é mais vinificado pelo Sebaste. As vinhas eram arrendadas e o Mauro não renovou o aluguel. Não provei o Monvigliero.
ResponderExcluirE pensar que em 40 anos (nem demora tanto) os modernistas de hoje serao os puristas do futuro, os puristas de hoje serao os ultrapassados e os modernistas do futuro serao os traidores que se renderam a tecnologia de fazer vinho sem uva e em po, ja que o aquecimento global torrou as parreiras de nebbiolo....
ResponderExcluirMatou a pau! O Debate era um pretenso "moderninho"hoje é tradicional.tempos piores virão
ExcluirSorry, Sebaste
ExcluirBa,
ResponderExcluirReparei melhor nas minhas prateleiras. Tenho ate o Gavi dele para degustar...por um preco ridiculo. Chegou a experimentar os brancos dele tambem?
A.B.
Vou comentar na matéria que está no forno
ResponderExcluirfiquei curioso com o fato de você salientar o "barrique zero"... só não seriam permitidos o uso (em questão do uso da apelação) nos Barbarescos?
ResponderExcluirBarrique é permitida em todos os vinhos Barolo Barbaresco Barbera etc
ResponderExcluirObrigado!
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