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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

BARBERA VALDEVANI


 


Há algumas décadas, mais exatamente nos anos 1980, muitos produtores do Piemonte resolveram sacrificar a tradição, para atender o "mercado", partiram decididos e "internacionalizaram" seus vinhos.

Era preciso buscar a super concentração nos vinhos, a cor "berinjela", mastigáveis, impenetráveis, alcoólicos, cansativos e previsíveis.
 

Nascem, naqueles anos, os Barolo "modernos", as Barbera barricadas e até o simples e belo Dolcetto é desfigurado na imbecilizante tentativa de torná-lo "importante", potente, internacional.
 
 

Era a moda!

 Nasce o conceito de colheita das uvas super maduras, do desbaste excessivo, do concentrador etc..

Quando o produtor não conseguia, colhendo uvas super maduras e desbaste radical (um ou dois cachos por pé), um vinho quase mastigável e mais parecido com uma geléia, o concentrador entrava em cena.

Grosso modo o concentrador funcionava com a lógica do vácuo: concentrava, sem misericórdia, não somente os açucares, mas tudo o que havia no mosto, obrigando o produtor a intervir tentando corrigir o vinho com outras operações invasivas.
 

O resultado: vinhos que podiam ser cortados com uma faca, mas que agravam Parker, seus sequazes, ao mercado americano e a um monte de eno-tontos.

Hoje, infelizmente, ainda há mercado para os vinhos "marmelada", mas o declínio do consumo é evidente e os produtores já perceberam , faz tempo, que ocorreram grandes mudanças na preferência dos consumidores.
 

Com a mesma velocidade, que tiveram ao adotá-lo, aposentaram o concentrador que hoje é peça de museu.

Mauro, que de bobo não tem nada, confessa: "Nos ano 80 e especialmente 90, nos produzíamos para agradar guias, jornalistas, pontos, bicchieri etc. Eram os anos do concentrador. Quem não tivesse um concentrador na adega era considerado jurássico, desatualizado, quase um retardado. Vinhos densos, impenetráveis estavam na moda e para obtê-los foram cometidos erros e mais erros. Eu percebi a bobagem e abandonei o concentrador há muitos anos"

Poucos viticultores teriam a coragem de confessar o uso daquela maquina de fazer compotas em suas adegas..... Mauro fez o "mea culpa", daí sua honestidade.
 

Enquanto o papo corria solto e os alemães, na mesa ao lado, não largavam o copo, eu degustava a ótima Barbera Valdevani.

Mauro Sebaste tem bom faro, conhece seu território e não teve dúvidas em investir em Vinchio comprando, naquela localidade, algumas vinhas de Barbera.

Para quem não sabe, as belas colinas de Vinchio e Vaglio Serra são consideradas entre as melhores para a produção da Barbera.
 

As terras de Vinchio e Vaglio Serra não produzem uvas comuns, banais e sem valor, doam uvas Barbera de se tirar o chapéu.

Não vou citar nomes, mas alguns (vários) produtores, de etiquetas premiadas, caras e badaladas, compram Barbera de pequenos produtores de Vinchio e Vaglio Serra, por 2 Euros o litro, engarrafam o vinho em suas adegas e o revendem, por 20/30 Euros a unidade, para a alegria dos eno-tontos, adoradores de etiquetas, "bicchieri" e pontos.

Mauro sabe o que as terras de Vinchio são capazes de doar às Barbera e sua "Valdevani Barbera D'Asti" 2015 representa, com muita personalidade, aquele território.
 

A "Valdevani Barbera D'Asti 2015", que provei na adega de Sebaste, é vinificadas com uvas de vinhas com mais de 60 anos, apresenta uma cor rubi brilhante, nariz característico, vinoso e na boca............ Bem , na boca é uma festa.

Barbera clássica, equilibrada, sem predominância do álcool, fácil de beber e que, imediatamente, lembra as antigas e ótimas Barbera que esquentavam e alegravam as tardes e noites de nossos avôs.
 

A "Barbera Valdevani": um triunfo da tradição e do bom beber.

Mauro Sebaste, inteligente viticultor, percebeu que os modismos e os Parker passam, mas a Barbera clássica, a Barbera símbolo do bem beber e do Piemonte não morrerá jamais.

"Valdevani Barbera D'Asti 2015": vale cada um dos 12 Euros que custa.

Bacco

2 comentários:

  1. a pedido do Dionísio, testando os comentários. e, Dionísio, o Taurasi que consegui foi o Pago dei Fusi, da vinícola Terredora. conhece esse?

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