"Vou até a adega procurar um vinho que você nunca
provou".
Eram 16 horas.
O almoço dominical, mais parecido com uma maratona
gastronômica, que iniciara ao meio dia e, pelo jeito, terminaria após o jantar,
fora regado com ótimas Barbera e grandes Barolo.
Olhei surpreso e não acreditei que meu tio materno pudesse me
surpreender com um vinho que desbancasse os grandes tintos consumidos durante o
almoço.
Beppe demorou longos minutos e finalmente voltou carregando,
triunfante, uma garrafa tão empoeirada que quase não deixava transparecer a cor
do vinho.
"Esta garrafa tem uma longa historia....... Nos anos 1950
fui militar no Val D'Aosta, mais especificamente em Nus. Nus não é exatamente
uma metrópole e nas noites nevadas não havia nada para fazer a nos ser jogar
cartas e, para espantar o frio, beber. Bebíamos vinhos locais: Donnas,
Torrrette, Chambave Rouge, Carema. Vinhos que custavam pouco e podíamos
comprar. Bons vinhos, mas nenhum tão diferente, intrigante e complexo como esta
"Nus Malvoisie"
Enquanto falava, meu tio segurava, com ciúmes, aquela garrafa empoeirada.
"Esta Malvasia, de 1954, é a última garrafa que restou das
seis que comprei do pároco da cidade.
Era um dia de setembro de 1986.
Aquele vinho, com mais de 30 anos, me deixou literalmente petrificado.
Olhava para meu tio, que sorria maliciosamente, olhava para
aquela garrafa e não conseguia proferir palavra.
Um extraordinário vinho de meditação de intensa cor dourada
com reflexos âmbar e..... sinceramente, não consigo lembrar e definir o aroma e
paladar.
Não quero prolongar a narrativa para não cansar, com
exaustivos detalhes, o leitor que já suporta minhas longas divagações, mas devo
declarar que dois dos melhores vinhos, de "meditação", que já bebi em
minha vida foram: um "Picolit
Perusini" e a "Nus Malvoisie" do Don Pramotton,
pároco de Nus.
Infelizmente nunca mais encontrei um "Picolit" que
me emocionasse e, com sua morte, Don Pramatton levou consigo o segredo de sua incomparável
"Nus
Malvoisie".
Tempos depois, impressionado e lembrando aquela
"Malvoisie", resolvi empreender uma viagem para conhecer, melhor, os
vinhos da Val D'Aosta.
A primeira parada, a mais importante, foi justamente em Nus à
procura de uma "Nus
Malvoisie" que pudesse me entusiasmar como aquela do padre
Augusto Pramotton.
Provei várias, mas nenhuma chegou aos pés daquela que meu tio
me ofereceu em 1986.
Quem quiser conhecer, uma interessante "Nus Malvoisie", deve
procurar aquela produzida pela "Crotta di
Vegneron" na versão "Nus Malvoisie Flétri".
A "Crotta di Vegneron" vinifica, também, um "Malvoisie"
seco que não compromete, mas não
entusiasma.
Bacco
Eu consegui
ResponderExcluirDionísio e Bacco, mais uma loucura para vossa análise:
ResponderExcluirhttp://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2016/11/globo-reporter-descobre-espumante-feito-com-agua-do-rio-sao-francisco.html
aliás, parece que o Globo Repórter de ontem foi todo dedicado à zurrapacultura no Brasil. isso merece a análise de B&B...
Eu queria muito saber quem foi o consultor para o programa. Tenho uma desconfiança.
Excluirveja outra coisa que merece análise: http://www.vemdauva.com.br/qual-diferenca-entre-o-vinho-cabernet-sauvignon-e-o-merlot/
ExcluirTemos técnicos, sobrando e obrando, no Brasil
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