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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

CHARDONNAY COSECHA TARAPACÁ 2011




"Olha, esqueci de lhe avisar que aqui não há vinho, só cerveja".

O saco, que já estava cheio, com o programa de índio para o qual fora "convidado", estourou de vez.

O convite: Aniversário, de um sobrinho-neto (5 anos), em uma fazenda no município de Corumbá de Goiás.



O telefonema me alcançou quando transitava pela charmosa, calma e bucólica Águas Lindas (212 homicídios em2013).

Onde encontrar uma garrafa de vinho, decente, em Águas Lindas?
 
Já estava resignado, com a "obrigação" de ter que beber o meu segundo copo de cerveja em 2015, quando avistei um supermercado à beira da rodovia: "Tatico".
 


Tatico (José Fuscaldi Cesílio), para quem não sabe ou não lembra ,era deputado, foi cassado e, desde 1975, acumula mais processos que cabelos...
 
Sem muitas esperanças resolvi verificar se no estabelecimento haveria um vinho decente e, assim, gastar meu dinheiro para ajudar o Tatico no pagamento de seus advogados.
 
Horror dos horrores!


Mioranza, Catafesta, Dom Bosco, Del Grano, Goes, Sinuelo e outras delícias nacionais me desafiavam ameaçadoras do alto de uma gôndola.
 
Apavorado, com a seleção de indecências, já estava batendo em retirada quando, aleluia, percebi algumas garrafas diferentes.
 
Troquei de óculos e sorri.



 Cercadas por insultuosas etiquetas nacionais, empoeiradas garrafas de Chardonnay 2011 "Cosecha Tarapacá" eram oferecidas por R$ 25,80.
 
Sem pensar, nem mais um segundo, comprei uma unidade do vinho chileno e saí correndo com receio de engordar, ainda mais, as estatísticas de violência da aprazível Águas Lindas.

 Já notaram que nos churrascos familiares a cerveja é a rainha absoluta até você abrir uma garrafa de vinho?
 
Já percebeu o fenômeno, né......

Na chegada, os cumprimentos alegres de sempre, algumas piadas mais velhas dos que andar pra frente, um barulho infernal e..... "cervejinha geladinha"  à vontade.


Com calma, disfarçando um pouco, coloquei o "Cosecha Tarapacá" no gelo e fiquei de olho.

Os cervejeiros (todos) se aproximavam para reabastecer seus copos de plástico com "a loirinha geladinha", pegavam o vinho, liam o rótulo, giravam duas ou três vezes a garrafa ainda arrolhada e recolocavam no gelo.
 
Deixei o "Cosecha" dez minutos esfriando e saí à procura do maior copo de plástico daquele churrasco.

Finalmente encontrei.

Era gigantesco , horrendo e com a logomarca da Coca-Cola.

Com decisão abri a garrafa de Chardonnay, derramei mais de metade do conteúdo no vasilhame plástico e fique à espreita.

 Os cervejeiros chegavam de mansinho, olhavam de soslaio, desconfiados e, quando julgavam não atrair olhares indiscretos ,entornavam o vinho em seus copos com resíduos de espuma.



Em três minutos a garrafa de "Chardonnay 2011 "Cosecha Tarapacá" estava mais seca do que o cerrado brasiliense em agosto.

Sem grandes ilusões, instintivamente, levei a "taça" ao nariz e quase tive um ataque cardíaco: O vinho exalava aromas incríveis!

Apesar do cheiro de carne queimada que impregnava o ar, do odor de cerveja barata e do copo de plástico, o vinho, da Tarapacá, não se dava por vencido e acariciava minhas narinas.

Sem poder apreciar com o devido respeito, percebi, porém, que estava bebendo um Chardonnay nada banal .

Os decibéis da musica, sempre mais elevados, enviavam claros sinais que o churrasco terminaria somente quando a ultima lata de cerveja fosse sacrificada.
 
Aproveitando um descuido do anfitrião, que pela milésima vez visitava o banheiro, corri para o carro e somente parei na porta do "Tatico" de Águas Lindas.

Quase correndo alcancei a prateleira de vinhos, coloquei todas as garrafas de "Chardonnay Cosecha Tarapacá" no carrinho, paguei e retomei a estrada.

A pequena história do churrasco acaba aqui, mas a do "Cosecha Tarapacá" começa agora...

Deixei as garrafas repousando alguns dias e, uma bela tarde, resolvi provar, com calma, o Chardonnay chileno.


Taça de cristal, temperatura certa , pedaços de queijo e torradas para acompanhar.....o clima perfeito
.
Não sou especialista em vinhos chilenos.

Meu repertório é limitado, mas Chardonnay já bebi inúmeros e posso assegurar que, se não soubesse a origem, juraria que na taça havia um belo vinho da Borgonha e mais especificamente, um Meursault .

Intensa cor dourada com reflexos esverdeados.

Notas amanteigadas facilmente percebíveis, mas sem excessos.

 Em seguida, após a manteiga, apareciam avelãs tostadas e, finalmente, cítricos tomavam de assalto o nariz.


Na boca as mesmas notas amanteigadas e cítricas dominavam, mas concediam espaço para um surpreendente frescor e notável acidez que garantiria vários anos, ainda, para aquele "Cosecha Tarapacá 2011"

Um único porém: pouca persistência na boca (final curto)

Não creio seja possível comprar um Chardonnay melhor por R$ 25,80.
Se alguém encontrar , compre correndo, prove  e, se puder, comente.


Dionísio

14 comentários:

  1. boa dica, Dionísio. bebi o sauvignon blanc da Bouchard (infelizmente, não tinha o chardonnay) que você indicou e não me arrependi.

    sobre a Tarapacá, um amigo de bom gosto (e que, até por isso, lê Bacco & Bocca) jura, de pés juntos, que o Gran Reserva Carmenére deles é muito bom. ainda não fiz o teste, mas, com a sua aprovação do Chardonnay deles, também fiquei curioso.

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    1. Eduardo, o Cosecha Tarapacá é superior ao Bouchard. Quero encontrar o Gran Tarapacá para comparar.

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  2. e olha o avanço do marketing...

    http://www.lastampa.it/2015/09/14/scienza/ambiente/focus/impennata-del-vino-bio-made-in-italy-il-belpaese-ai-primi-posti-nel-mondo-RymiVg0wugW9UtkvSOd76H/pagina.html

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  3. Esse post é uma pegadinha?

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  4. Não , pegadinha é alguém querendo vender um deplorável Villa Francioni por R$ 90

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  5. Eu já bebi este vinho e concordo plenamente. É imbátivel pelo preço. E não é só o Chardonnay deles que é justo.
    Salu2

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  6. Me surpreendi com o post rs. Eu, que não sou conhecedor dos brancos da Borgonha, não gostei do Taparacá Reserva Chardonnay que provei este ano. E o do post nem do Casablanca é, região tida com os melhores brancos do Chile.

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    1. Não concordo que sejam de Casablanca os melhores Chardonnay chilenos. Aquele considerado o melhor, Aristos, é feito com uvas do Vale do Bio Bio. Outro, mais barato (mas também caro) e muito bom, é o Sol de Sol, da Aquitânia, é feito com uvas do Vale do Malleco, próximo ao Bio Bio. Ambos ficam ao sul de Casablanca, uns 600 km. Ao norte de Casablanca, são feitos bons Chardonnays no Vale do Límari. Em Casablanca, talvez você esteja se referindo ao Amélia, da Concha y Toro, como um bom exemplar de Casablanca. Mas eu acho os outros melhores.

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  7. Como escrevi ,prove o Cosecha e depois comente. Os outros que vc mencionou eu nao conheço

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  8. Dionisio,

    Não poderei frequentar e fazer comentários no blog nos próximos dias, pois estarei em um evento muito importante:

    http://www.vinhosdecorte.com.br/a-melhor-sommeliere-de-charutos-do-mundo-vem-para-o-brasil/

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    1. já vi melhores sommelières de charutos em ação no XVideos, no Pornhub, no Redtube, no Alpha Pub do hotel Bonaparte...

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    2. Nossa. So de ler tudo isso ja deu virus no computador. Xvideos, classico instantaneo. Antes ainda na epoca do modem discado na AMERICA existia cumtv.com. Um frame a cada 20 segundos. Bons tempos.

      Tarapaca branco = kaiser. = dor de cabeça

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  9. A moça é chegada num charuto , hein , hein, hein. Coloca logo 2 na boca . Quero ver ela degustar a agua do Tieté em são Paulo

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