Minha adega "brasileira" não é nem a sobra do que
foi, há alguns anos, quando cheguei a armazenar perto de 300 garrafas.
A diminuição do consumo (o fígado merece respeito...), os
preços exorbitantes, os longos meses que passo na Europa, foram os motivos que
me fizeram reduzir, drasticamente, o número de garrafas armazenadas,
Hoje as prateleiras, que quase envergavam sob um peso
exagerado, guardam menos de 20 garrafas de brancos e pouco mais de meia dúzia
de tintos.
A maior quantidade de brancos se deve ao nosso clima tropical.
Nunca consegui entender como alguém, com temperaturas que atingem,
facilmente, 28/30/35º, possa beber, por exemplo, um Amarone com 16º de álcool.
Exemplo perfeito de eno-masoquismo!
Um raro domingo, com baixa temperatura, na
"invernal" e ensolarada Brasília, me animou.
Resolvi
preparar um almoço piemontês: Carne Cruda, Lingua con Bagnet, Risotto con Funghi.
Carnes condimentadas, risotto importante..... Qual
vinho?
Entrei na minha esquálida adega.
Duas garrafas de Clos-de-La-Roche 1995, duas de
Brunello Biondi Santi 2001.
Em num canto, escondida e quase envergonhada, uma
garrafa empoeirada, etiqueta danificada, chamou minha atenção.
A ergui, com o devido cuidado e sorri feliz; havia
encontrado o vinho para acompanhar o meu almoço: "Barolo Monfalletto 1997 Cordero di
Montezemolo".
Uma pequena escapada.....
Quem passar por La Morra, uma das capitais do
Barolo, não pode deixar de visitar a praça principal da aldeia, bem no topo da colina,
para admirar a estatua em homenagem ao vinhateiro e contemplar um dos mais
emocionantes panoramas vinícolas do planeta.
É de tirar o fôlego.
Um mar de vinhas, que cavalgam as suaves
"Langhe" e se perdem no horizonte.
Não ha foto ou filmagem que possa captar o
panorama em toda sua real beleza.
Impressionante!
Para o turista ocasional é quase impossível
identificar esta ou aquela colina, esta ou aquele vinícola, mas um enorme cedro
do Líbano, perfeitamente visível a quilômetros de distancia, identifica a exata
localização da propriedade: "Cordero
di Montezemolo.
O cedro, plantado em meados do século XIX, no cume
do monte Falletto, é um dos maiores símbolos da região, ponto de referência e
orientação.
Voltemos ao Barolo Monfalletto 1997.
Abri a garrafa, ainda na adega, para deixar o
vinho oxigenando por algumas horas.
Ao tirar a rolha o aroma inconfundível do Barolo
invadiu o pequeno espaço com tamanha força que me deixou sem palavras, estático.
Derramei um dedo na taça e..... foi a festa.
Sem medo de errar posso afirmar que o Barolo
Monfalletto 1997 da "Cordero de Montezemolo" foi o melhor
que provei em 2015 e um dos melhores já bebidos nos últimos anos.
No nariz, a violeta começa dominante, em seguida aparecem
aromas incríveis e incontáveis que se alternam continuamente não permitindo
fácil identificação.
Um verdadeiro desafio ao nariz.
A cor grená, com reflexos atijolados, denuncia a
idade.
Na boca, taninos quase aveludados, no ponto, bom corpo.
Um Barolo de raça, fino, elegante, complexo.
Um Barolo que convida, sempre e perigosamente, a
mais um copo.
Não lembro quando e onde comprei aquela garrafa e
curioso consultei os preços nas enotecas italianas.
O Barolo Monfalletto é o "base" produzido
pela Cordero di Montezemolo que, na Itália, custa 25/30 Euros.
Continuei a pesquisa e pude verificar que a
importadora "Tahaa" vende no Brasil o Monfalletto por "módicos"
R$ 516.
- R$516,00
A "Tahaa" deve ter comprado o vinho por 16
Euros quando o Real era cotado a três X um.
Façam as contas e......quando for à Itália compre
algumas garrafas deste ótimo Barolo.
PS. O "Barollo" com dois "L" deve ser para justificar o PRE$$O
PS. O "Barollo" com dois "L" deve ser para justificar o PRE$$O
Bacco
E ai Ba.
ResponderExcluirVamos eu de novo: Se ha tonto que pague o que voce pede por um serviço ou produto, por que nao enfiar ate as ditas bolas?
Voce acha que se esse importador fosse "justo" e vendesse o baroLLo (homenagem ao bruce lee de mello?) a margem decente (R$ 250.00) haveria correria para compra-LLo ou somente os mais espertinhos pegariam o vinho?
Ja faLLei que quem sabe como, onde e quando comprar espertamente nao paga as nossas contas.
Hooray para o eno-desavisado-ostentador.
Bananal nao é lugar para se praticar precos corretos. Nao ha potencial de vendas nem clientes espertos para isso.
Em 50 anos os jumentos perceberao que sao violentados todos os dias pelos governos, montadoras de carros, importadores de vinhos, pela industria das multas, pelas concessionarias de energia, pelos pedagios nas estradas... Falta informacao, e quando ha informacao sobra inanicao para reacao.
Merecem o destino que tem.
Auguri, bastardi.
Vc tem Razão! Vivemos em um pais do otários presunçosos . Merecemos nossos destino de sodomizados
ResponderExcluirVisitei lojas de vinho esses dias e estavam em pânico por causa da desvalorização do Real e daquele tal aumento de imposto sobre as bebidas "quentes". Em uma delas, a vendedora dizia que já incorporariam o aumento (que nem sei se já foi implementado). E nas 3 lojas que visitei, e passei um bom tempo, fiquei sozinho, em meio a vários vendedores que não vendiam uma única garrafa. Ou seja, querem aumentar o preço de qualquer jeito, mesmo que não vendam nada.
ResponderExcluirConcordo. Os predadores já estavam metendo a mão sem pudor se não frearem a ganância , quebram
ResponderExcluirVeja essa:
ResponderExcluirhttp://wineinrio.com.br/syrah-paulista-esta-entre-um-dos-melhores-do-mundo/
As vezes penso se vale a pena escrever sobre vinhos no Brasil . Há tamanha quantidade de imbecis que escrever seriamente é coisa de imbecil...me sinto um imbecil
ResponderExcluirforça, por favor. não no sentido de juntar forças para beber o Syrah paulista no calor que faz em Brasília, mas para seguir como resistência aos idiotas...
ExcluirEduardo , força temos e fazemos , mas que há uma tsunami de imbecilidades, que muitos adotam como verdades, é brochante.
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