Já falei tanto de Borgonha que tenho até medo de me tornar
repetitivo.
Algumas desastradas declarações,
proferidas por meia dúzia de palermas, sobre as qualidades excelsas de um Pinot
Noir produzido, com uvas provenientes de vinhedos de apenas três ou quatro anos,
no Rio Grande do Sul, me obrigam a retornar, mais uma vez, à região francesa.
Quando os romanos chegaram à Borgonha, há mais de 2000 anos,
encontraram vinhas que provavelmente eram as ancestrais do atual Pinot Noir.
Está claro, então, que há dois milênios a vinha era cultivada
na Borgonha.
O “Pinot Noir” aparece já no século IV com o nome de Morillon
Noir e sua atual denominação surge, definitivamente, a partir do século XIV.
Portanto, caros amigos, os franceses conhecem , selecionam ,
plantam e vinificam o Pinot Noir há mais de 2000 anos.
Será que aprenderam?
Será que os monges beneditinos e cistercienses perceberam, após
séculos de estudos e pesquisas, que a qualidade dos vinhos era melhor quando as
videiras eram plantadas na correta altitude, em terrenos de determinada composição,
clima, exposição solar e drenagem?
Será que os monges que delimitaram, na idade média, os
vinhedos e que até hoje são considerados terroirs típicos da Borgonha eram
parvos e perdiam seu tempo?
Será que toda a herança histórica e as experiências acumuladas
durante dois milênios serviram para alguma coisa?
Na opinião de quem entende e conhece vinhos, serviu, sim.
Não valeu nada para meia dúzia de babacas que entendem de
Borgonha tanto quanto os políticos de ética.
Alguns patéticos patetas (des) gustaram um Pinot Gaúcho (será gaúcho,
mesmo?) e o compararam a alguns ótimos Pinot Noir da Borgonha.
Sabe quem foi declarado vencedor?
O vinho gaúcho.
Tchan-Tchan –Tchan –Tchan... Sim, amigos, podemos finalmente
bater no peito e gritar para todo o mundo ouvir: Habemus
Pinot Noir!!!!!!!!
Um paparazzo, viajante e aventureiro, tomou uns porres na
Place Cardot, visitou cinco ou seis vinícolas e se entusiasmou com a região.
O nosso lambe-lambe se convenceu
que na idade média ele havia sido um frade beneditino criado na Borgonha e que agora,
reencarnado, sabia tudo de Pinot Noir.
Vendeu sua máquina fotográfica
e, de volta ao Brasil, resolveu transformar o território gaúcho em uma nova e
melhor Borgonha.
Os italianos também fizeram algo parecido na Toscana: Queriam transformar
a Maremma em uma nova Bordeaux.
Conseguiram, em parte, pagando
os tubos para as canetas de vida fácil e de plantão, mas, enquanto Bordeaux
continua ditando e impondo seus e preços, os produtores dos “AIA” (Sassicaia,
Ornellaia, Solaia......) não conseguem mais vender suas imitações bordolesas.
Guardadas as devidas e caboclas proporções nosso fotografo
tentou fazer a mesmíssima coisa com os críticos-patetas nacionais: Comprou suas
canetas e ridículas opiniões.
Já bebi todos os Pinot Noir do planeta (italianos, chilenos, alsacianos,
alemães, neozelandeses, sul africanos, argentinos, australianos, californianos
do Oregon etc. etc. etc.), mas nenhum chega aos pés de um, por exemplo, “Clos
de La Roche” de Jean Raphet.
O Pinot Noir , assim como o Nebbiolo , não é um Cabernet
Sauvignon que se adapta até na Guatemala, o Pinot Noir, para doar resultados excepcionais,
exige muito.
Além do clima e do
terreno apropriados o Pinot Noir exige muitíssimo do viticultor e do vinificador:
O Pinot Noir não é para um paparazzo de meia tigela e
muito menos para sommeliers de tigela comprada!
O nosso ex-monge e agora “paparazzo”, todavia, deve ter um
canal exclusivo com o criador do planeta e conversa com ele de igual para igual
com muita frequência.
“Olá, da
barba, tudo em cima? Onde posso encontrar, no Brasil, um terreno igual ao da Borgonha?”
“Caro Narciso, faça o
seguinte: Cole um mapa do Rio Grande do Sul na parede”. Feche os olhos e
coloque um dedo sobre o mapa. Eu transformarei aquele local em um novo “La
Tache”
“Não dá para transformar em um novo La Romanée?”
“Agora, não. Vamos
esperar uns dois ou três anos...”.
“Falou e Valeu. Manda bala!”
Surge, assim, o vinho gaúcho que pulverizou 2.000 anos de história
do Pinot Noir da Borgonha.
Acredite se quiser e..... Puder.
Na próxima matéria vou revelar como se pode fazer, no Brasil, um
Pinot Noir igual aos da Borgonha.
Até mais.
Dionísio
Eu curto tua acidez, de verdade!
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirUm colega do Paparazzo
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