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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Habemus PInot Noir




  


Já falei tanto de Borgonha que tenho até medo de me tornar repetitivo.

  Algumas desastradas declarações, proferidas por meia dúzia de palermas, sobre as qualidades excelsas de um Pinot Noir produzido, com uvas provenientes de vinhedos de apenas três ou quatro anos, no Rio Grande do Sul, me obrigam a retornar, mais uma vez, à região francesa.

Quando os romanos chegaram à Borgonha, há mais de 2000 anos, encontraram vinhas que provavelmente eram as ancestrais do atual Pinot Noir.

Está claro, então, que há dois milênios a vinha era cultivada na Borgonha.

O “Pinot Noir” aparece já no século IV com o nome de Morillon Noir e sua atual denominação surge, definitivamente, a partir do século XIV.

Portanto, caros amigos, os franceses conhecem , selecionam , plantam e vinificam o Pinot Noir há mais de 2000 anos.

Será que aprenderam?

Será que os monges beneditinos e cistercienses perceberam, após séculos de estudos e pesquisas, que a qualidade dos vinhos era melhor quando as videiras eram plantadas na correta altitude, em terrenos de determinada composição, clima, exposição solar e drenagem?

Será que os monges que delimitaram, na idade média, os vinhedos e que até hoje são considerados terroirs típicos da Borgonha eram parvos e perdiam seu tempo?

Será que toda a herança histórica e as experiências acumuladas durante dois milênios serviram para alguma coisa?

Na opinião de quem entende e conhece vinhos, serviu, sim.

Não valeu nada para meia dúzia de babacas que entendem de Borgonha tanto quanto os políticos de ética.

Alguns patéticos patetas (des) gustaram um Pinot Gaúcho (será gaúcho, mesmo?) e o compararam a alguns ótimos Pinot Noir da Borgonha.

Sabe quem foi declarado vencedor?

O vinho gaúcho.

Tchan-Tchan –Tchan –Tchan... Sim, amigos, podemos finalmente bater no peito e gritar para todo o mundo ouvir: Habemus Pinot Noir!!!!!!!!

Um paparazzo, viajante e aventureiro, tomou uns porres na Place Cardot, visitou cinco ou seis vinícolas e se entusiasmou com a região.

 O nosso lambe-lambe se convenceu que na idade média ele havia sido um frade beneditino criado na Borgonha e que agora, reencarnado, sabia tudo de Pinot Noir.

 Vendeu sua máquina fotográfica e, de volta ao Brasil, resolveu transformar o território gaúcho em uma nova e melhor Borgonha.

Os italianos também fizeram algo parecido na Toscana: Queriam transformar a Maremma em uma nova Bordeaux.

 Conseguiram, em parte, pagando os tubos para as canetas de vida fácil e de plantão, mas, enquanto Bordeaux continua ditando e impondo seus e preços, os produtores dos “AIA” (Sassicaia, Ornellaia, Solaia......) não conseguem mais vender suas imitações bordolesas.

Guardadas as devidas e caboclas proporções nosso fotografo tentou fazer a mesmíssima coisa com os críticos-patetas nacionais: Comprou suas canetas e ridículas opiniões.

Já bebi todos os Pinot Noir do planeta (italianos, chilenos, alsacianos, alemães, neozelandeses, sul africanos, argentinos, australianos, californianos do Oregon etc. etc. etc.), mas nenhum chega aos pés de um, por exemplo, “Clos de La Roche” de Jean Raphet. 

O Pinot Noir , assim como o Nebbiolo , não é um Cabernet Sauvignon que se adapta até na Guatemala, o Pinot Noir, para doar resultados excepcionais, exige muito.

 Além do clima e do terreno apropriados o Pinot Noir exige muitíssimo do viticultor e do vinificador: O Pinot Noir não é para um paparazzo de meia tigela e muito menos para sommeliers de tigela comprada!

O nosso ex-monge e agora “paparazzo”, todavia, deve ter um canal exclusivo com o criador do planeta e conversa com ele de igual para igual com muita frequência.

Olá, da barba, tudo em cima? Onde posso encontrar, no Brasil, um terreno igual ao da Borgonha?”

“Caro Narciso, faça o seguinte: Cole um mapa do Rio Grande do Sul na parede”. Feche os olhos e coloque um dedo sobre o mapa. Eu transformarei aquele local em um novo “La Tache”

“Não dá para transformar em um novo La Romanée?”

“Agora, não. Vamos esperar uns dois ou três anos...”.

“Falou e Valeu. Manda bala!”

Surge, assim, o vinho gaúcho que pulverizou 2.000 anos de história do Pinot Noir da Borgonha.

Acredite se quiser e..... Puder.

Na próxima matéria vou revelar como se pode fazer, no Brasil, um Pinot Noir igual aos da Borgonha.

Até mais.

Dionísio

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