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sábado, 10 de agosto de 2013

HABEMUS PINOT NOIR II




RAZÕES

Quando Dionísio me pediu para complementar sua matéria, “Habemus Pinot Noir”, confesso que relutei um pouco.

Dar visibilidade a um marqueteiro esperto, muito esperto, que surgiu do nada e hoje consegue convencer uma pequena legião que ele é um mago dos vinhos e das vinhas, não é exatamente meu grande desejo.

O paparazzo, codinome perfeito que Dionísio, em sua diabólica mente, encontrou, não pode ser levado a sério.

Muita propaganda, muita cara de pau, muita arrogância, muita mentira e.... pouco vinho.

Não provei o Pinot Noir do paparazzo e vou avisando, desde já, que não pretendo provar sua mais recente “obra prima”.

Há alguns anos tive a infelicidade de experimentar outras suas desastrosas e caras etiquetas e não cairei mais em tentação, aliás, declaro, em alto e bom som: Não acredito que no Brasil seja possível produzir um grande Pinot Noir.

Vou além: Não acredito que no Brasil possam aparecer grandes vinhos. Bonzinhos, honestos, razoáveis, sim, mas grandes..... É melhor não se entusiasmar.

Com uma viticultura descontrolada, poucos e gigantescos produtores que dominam o mercado, 80% de vinhos produzidos oriundos de uvas não viníferas, seriedade ausente ou duvidosa, consumo e conhecimento vinícola mais que modestos, chega beirar o ridículo, num cenário como esse, eleger um ex-fotógrafo: Mago do Pinot Noir.

Se você é dado às experiências radicais, insólitas, busca a agulha no palheiro e pode gastar 120 R$ (40 Euro) para comprar o Pinot Noir do paparazzo (como criticar sem ter provado?), confesso que eu não tenho o mais remoto interesse em desembolsar o mesmo valor para, também, experimentar um Pinot Noir indiano, mexicano, chinês, peruano, egípcio etc. etc. etc..

 Deixo este raro e perigoso privilégio aos fãs do paparazzo, acostumados, que estão, às emoções fortes.


NÚMEROS

Vamos analisar alguns números?

Sabe quanto custa um hectare de “Grand Cru” na Borgonha?

Não?

Não tem a mínima ideia?

Tome nota:

“Clos-de-Beze” = entre 10 e 15 milhões de Euro

“Batard-Montrachet” =20 milhões de Euro 

“Montrachet” = chegou a ser negociado, em 2012, por 30 milhões de Euro e. por aí vai(nem vou comentar o preço do La Romanée....)

A esmagadora quantidade das vinícolas da Borgonha é minúscula, familiar há gerações, todos os membros trabalham nas vinhas ou nas adegas, a produção é pequena (20-30 mil garrafas), cuidado na vinificação quase maníaco.

 Esses são os grandes segredos da excelência vinícola da Borgonha.

 Apesar da crise mundial não existem grandes estoques na Côte D’Or e, mesmo com o aumento dos preços, nos últimos anos, é quase impossível encontrar algumas etiquetas ou safras (para comprar 2 garrafas de Montrachet precisei da ajuda de Massimo Martinelli que as conseguiu com se amigo René Lamy em Chassagne-Montrachet).  

Grande procura pelos vinhos de fama mundial causada pela “invasão” brasileira, russa e chinesa dos últimos anos, é um dos fatores que alavancaram os preços das garrafas provenientes dos Grands Crus.

Apesar da “escassez” com um pouco de paciência e algumas pesquisas, 40 ou 50 Euro são suficientes para levar para casa um Charmes-Chambertin, um Clos- De-La-Roche ou um Clos Vougeot de boa qualidade.

Não sei quanto custa um hectare de vinhas no RS, mas não acredito que ultrapasse os 10.000 Euro.

Qual a razão, então, do Fulvia-Paparazzo custar R$ 120 (40 Euro)?

Já imaginou quantos reais, limpinhos, limpinhos, escorrem para os bolsos do nosso esperto paparazzo?

Faça algumas contas e você verá como é fácil lucrar em nosso país especialmente quando alguém percebe que há uma legião de otários à disposição.

Eu não quero ser mais um otário!

QUALIDADE

Clima inadequado, terra quase sempre imprópria, pouco ou nenhum controle desde o plantio até o engarrafamento, quantidade excessiva de uva por hectare, baixíssima remuneração ao viticultor, 80% de videira não viníferas... O melhor dos mundos para os predadores do setor.

Com este cenário babilônico como é possível, então, um Pinot Noir de grande classe no RS?

Há duas hipóteses:

1ª) Maquilar algumas garrafas.
Você já esteve em uma exposição agropecuária? Já notou a beleza, a perfeição, o charme dos animais expostos? Os bichos são preparados, alimentados (e tome hormônio.....), penteados, lustrados, especialmente, para o evento.

Com o vinho é exatamente a mesma coisa: Há, nas vinícolas, o que costumam chamar de “Barrique dos Jornalistas”. A “Barrique dos Jornalistas” contém um vinho maquiado para enganar os críticos, um vinho que jamais irá para o comércio.

2ª) Não é difícil trazer nas malas, voltando dos Estados Unidos ou da Europa, 50-100-200 garrafas de um bom Pinot Noir da Borgonha. Basta uma pequena ajuda de alguns amigos e familiares (20 garrafas cada) e...... pronto: Já temos a nossa famosa “Barrique dos Jornalistas” made in Brazil.

Enganar meia dúzia de “críticos” não é difícil (lembra-se do Chateau Montelena nos anos 70?) basta encontrar os tolos certos e as carteira$ exata$.

Maquiavélico? Nem tanto.

Se eu fosse mais jovem importaria bons Pinot Noir, Chardonnay, Barolo, Barbaresco, Brunello etc. reengarrafaria com minha etiqueta e...voila: Ganharia uma bela graninha.

Já tenho até o nome do meu Pinot Noir: “Fúlvio By Bacco” ou By-Bacca, como queira.

Nosso paparazzo-Mandrake sabe perfeitamente que é fácil hipnotizar as pessoas que querem ser hiptonizadas; afinal tem gente (Xuxa) que até hoje, acredita em duendes.

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