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terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

SIMPLESMENTE O MELHOR ....CHAMPAGNE

 


https://www.youtube.com/watch?v=Nd8m1tg7v9Q

Na primeira parte, da série, afirmei não recordar o que e o quanto bebi no período em que viajei à “caça” dos vinhos ideais para meu bolso, gosto e satisfação.

Depois, de todas as viagens e todos os copos, mais uma vez e definitivamente, me convenci que a esmagadora maioria dos   críticos, sommeliers, jornalistas etc. possuíam paladar totalmente diferente do meu: O paladar deles era sensível a $$$$ e quando bem lubrificado direcionava, os enófilos, para etiquetas caras, renomadas que lhes-garantissem bom dinheiro no bolso.



Dos baratos e ótimos, Grignolino, Freisa, Susumaniello, Doux D’Henry, Lambrusco, Schiava, Marzemino, Pecorino, Schioppetino, Rossese Bianco, Rossese di Dolceacqua, Coda di Volpe, Asprino, Moscato di Scanzo, Gamba di Pernice, Pelaverga, Taurasi, Incrocio Manzoni, Cannonnau, Vermentido di Gallura, Albarossa, Bardolino, Erbaluce, Fiano, etc. etc. etc. nunca, ou quase nunca, uma crítica positiva ou uma palavra sequer.



Ao me libertar da escravidão, imposta pelos pontos, estrelas, taças, palmas, e outros símbolos, dos dispensáveis “Parker-de-Vida-Fácil”, foi aos poucos afunilando minhas preferências e finalmente, no topo da pirâmide, encontrei meu vinho campeão: CHAMPAGNE.



Posso declarar, sem falsa modéstia, que bebi quase todas as garrafas mais badaladas e caras do planeta.

Algumas vezes as “raridades” eram oferecidas por amigos, mas quase sempre pagas com meu dinheiro sem jamais precisar lamber as botas de importadores ou produtores.



 Montrachet, Romanèe-Conti (das quatro garrafas, que bebi, duas eram, sem dúvida, falsificadas) Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet, Corton Chalemage, Château d’Yquem, Masseto, Solaia, Sassicaia, Barolo Monfortino, Barbaresco Gaja, Barbaresco Bruno Giacosa, Brunello Biondi Santi, Amarone Dal Forno, Barca Velha, Vega Sicilia etc. etc. etc.

Ótimos vinhos, mas acessíveis somente a bolsos recheados, afortunados, que e quando servidos em taça os sommeliers usam um conta-gotas......



Champagne é sinônimo de sofisticação, elegância, qualidade.

 Pode ser bebido a qualquer hora, acompanha regiamente todas as comidas, um vinho que agrada e alegra todos os paladares e, finalmente, insuperável como aperitivo.

O Champagne tem mais um ponto a seu favor: É barato.

Antes que alguém mencione os preços do Crístal, Selosse, Krug, Dom Perignon, La Grande Dame e outras etiquetas quase tão caras quanto o “Under The Shit”, da vinícola “Miolo-Hiena”, informo que, a partir de 20/25 Euros já é possível beber boas etiquetas que não temem o confronto com espumantes de outros países bem mais caros (quem pensou nos preços indecorosos dos espumantes nacionais acertou em cheio).



O fascinante, quase misterioso, universo do Champagne é complexo, não fácil de explorar e entender.

Graças a uma combinação de fatores raros, únicos, como terreno calcário, microclima, sapiente e secular maestria na vinificação, as bolhas da Champagne esbanjam refinada e incomparável elegância.

Nos 36.000 hectares de vinhedos, da denominação, operam 130 cooperativas 360 “Maison” aproximadamente 5.000 viticultores (RM=récoltants-manipulants) que além de vender suas uvas para as grandes “Maison” reservam uma parte da colheita e vinificam seus próprios Champagne.

As pequenas vinícolas artesanais, que se “escondem” no meio dos vinhedos, quase sempre pertencem à mesma família há muitas gerações, são verdadeiros oásis onde é possível encontrar a verdadeira tradição e autenticidade do Champagne.

Quem tiver a possibilidade de visitá-las poderá comprovar minhas afirmações.

Os preços?

Há para todos os gostos e desgostos, mas a partir de 20/30 Euros já é possível comprar boas e até ótimas garrafas.

Confira:

https://www.champagne-couvent-fils.com/champagne-couvent-fils/

“Antônio, agora gostaria de beber uma taça de “Ferrari Maximum”



O garçom, que já estava pronto para o bis de Champagne, sorriu surpreso, trocou a taça e serviu um abundante Trento DOC.

O “Ferrari Maximum” não é o top da vinícola Lunelli (faturamento de 150 milhões de Euros).



 O “Maximum”, etiqueta intermediária, da vinícola de Trento, me pareceu perfeita para “enfrentar” o também intermediário Champagne “Gratiot-Pillière”.



Espero, normalmente, alguns minutos antes de beber espumantes (brancos tranquilos, idem...) pois a temperatura de 8º, quase sempre recomendada, tende a camuflar defeitos e virtudes.

Dois minutos de “aquecimento” foram mais que suficientes para o “Maximum” revelar suas qualidades, que, todavia, não conseguiram apagar da minha memória a superioridade do “Gratiot-Pillière”.

Já as bolhas, mais numerosas, mais finas e persistentes, demonstravam que o espumante francês saia à frente.



No quesito “elegância” fui obrigado a doar mais um ponto para Gratiot-Pillière e mais outro quando comparei a complexidade.

O “Ferrari”, mais rústico e apresentando um final mais curto, não ganhava um round sequer, contribuindo, assim, para aumentar a saudade do Champagne.

Apenas um empate: ambas as etiquetas custam (20/22 Euros).




Le Champagne Tradition Brut de la Maison Gratiot Pillière est un vin gourmand frais et...

International Wine Challenge 2019:Médaille d'Argent

22,90 €

 Ao final da degustação, mais uma vez, me convenci: Quando na carta do wine-bar constar Champagne em taça…adeus Franciacorta, Trento, Alta Langa, Otrepó Pavese etc.

 Ao me dirigir ao caixa, para pagar a conta, consultei, mais uma vez, a lista dos espumantes em degustação.



Duas afamadas, badaladas e caras etiquetas, despertaram minha curiosidade.

Irresistível curiosidade.... Decidi retornar, ao “Defilla”, nos dias seguintes, para continuar a disputa entre as bolhas francesas e italianas

Continua

Bacco

   

 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

CHAMPAGNE ? SIMPLESMENTE O MELHOR

 


Depois de ler centenas (perdi a conta) de livros e revistas, após quatro inúteis “aulas”, na ABS de Brasília, cujos patéticos “professores”, à época, poderiam muito bem se apresentar, em um circo mambembe qualquer, como “os-analfas-do-vinho”, ter adquirido a convicção que todos os críticos, sommelier, jornalistas etc., eram movidos exclusivamente a $$$$$$, pensei:



“Bacco, você quer, realmente, pesquisar, conhecer, entender, de vinhos? Então esqueça o paladar do Parker, o olfato da Robinson, os conselhos do Suckling, as indicações de Veronelli, o gosto do Johnson e de os aqueles que faturam alto com o assunto. Viaje até os tradicionais países produtores, os percorra, várias vezes, de norte a sul, de leste a oeste. Só assim você poderá conseguir ter suas próprias opiniões e conhecimentos”.


                           

 Afivelei as malas e lá fui eu para as regiões vinícolas que mais me fascinavam e interessavam: França e Itália

 Nunca mais dei bola para crítico$, sommelier$, jornalista$, pontos, estelas, taças e outras arapucas que visavam apenas tomar o meu (e de todos) dinheiro, assim,  resolvi procurar e percorrer o meu próprio caminho.

 Da França optei por conhecer as vinhas da Borgonha, Alsácia, Champagne, Rhone, Languedoc-Roussillon e Provence.





Dediquei maiores atenções à Itália, por considerá-la mais próxima de minhas origens, assim, depois do Piemonte e Toscana, percorri todo os cantos da Bota incluído as ilhas, Sicilia e Sadegna.


O que bebi?



 Quanto bebi?


Sinceramente não lembro, mas lembro dos insuperáveis brancos e os elegantes tintos da Borgonha, da impressionante mineralidade dos alsacianos, da classe dos Nebbiolo piemonteses, da complexidade do Sangiovese (Montalcino) e da excelência do verdadeiro Picolit.



 “Fugindo” da França e Itália não poderia deixar de citar quatro dos melhores vinhos que já bebi: dois de Portugal, um do Líbano e um da Espanha.

Do pequeno Portugal preciso reverenciar e enaltecer duas denominações que, por sua rara excelência, não encontram rivais no planeta (até quando um picareta gaúcho resolva produzir “o melhor fortificado do mundo”): Madeira e Porto.



Do Líbano, o “Chateau Musar” e da Espanha, o “Viña Tondonia Reserva”, ambos brancos, estão na lista dos 10 vinhos que eu levaria para uma ilha deserta (pensando, bem, 10 caixas, de cada, seria melhor.....)



Toda esta matéria teve seu incept semana passada, em Chiavari, enquanto eu bebia, com calma e quase religiosidade, uma taça de Champagne no refinado “Gran Caffè Defilla”.



Antes de continuar é preciso recordar que Chiavari, cidade de apenas 28.000 habitantes, abriga mais de 160 bares e, como muito bem recordou Dionísio, em sua matéria “ENO PATRIOTA (MAIS UM…), todos servem vinhos em taça.


De todos os “botecos” da cidade o “Gran Caffè Defilla” desponta como rei absoluto e, creiam, o Defilla, da pequena Chiavari, é um dos 150 bares históricos da Itália.


Mais de 1.500 etiquetas de vinhos, de todos os cantos do planeta (do Brasil? Zero garrafas, em compensação muita cachaça...), um sem número de destilados, cafeteria, doceria, restaurante, wine-bar.

 Quatro ambientes de refinada decoração e muito bom gosto, um amplo “dehor” e, pasmem, preços mais que justos.


A carta de vinho, em taça, no bar, é extraordinariamente rica, assim, diante de tantas opções, há apenas o embaraço da escolha: 10 brancos, 13 tintos, 14 espumantes.

No restaurante, a “fartura” das etiquetas, servidas em taça, é igual.....



Enquanto bebericava o Champagne, pensei: “ O dia está frio, chuvoso, triste, não há pressa, compromissos......Por que não mais uma taça e por que não de espumante italiano para poder comparar e depois escrever uma matéria?...... Antônio, por favor, uma taça de ......”



Continua

Bacco

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

ENO-PATRIOTA (MAIS UM.....)

 


Raras as semanas em que não aparecem, nos comentários, fieis defensores do “premiadíssimo” vinho nacional.

Há, nas manifestações eno-ufanistas, inúmeras e ridículas provocações que tentam nos “desestabilizar” e até nos desafiar para degustações às cegas.



As disputas sempre sugerem a presença dos soberbos vinhos nacionais se confrontando com as banais garrafas italianas.

A escolha, dos vinhos competidores, revela, além de um profundo e imbecilizante patriotismo, um mais profundo e ainda mais imbecilizante, desconhecimento do assunto.

Já disse e repeti inúmeras vezes, que a possibilidade do Brasil se tornar um respeitável produtor vinícola é tão remonta quanto a Praça dos Três Poderes ser paradigma de probidade, dignidade, retidão, seriedade etc.



Nada contribui para a evolução do vinho brasileiro e até as informações, sobre números de produção, métodos de vinificação, consumo, área cultivada, etc., são imprecisas, contraditórias e pouco confiáveis.

Gostaria, assim, de elencar, mais uma vez e espero a última, algumas informações importantes para os parvos eno-ufanistas e patéticos influencer$-instagram.



A área plantada, para a produção de vinhos, no Brasil, oscila entre 75/78 mil hectares (ninguém sabe o número exato)

 O total da produção vinícola é de 200.000 hectolitros e, aproximadamente, 1.200 vinícolas operam no setor.

Se compararmos, com a sempre “rival” Itália, os números nacionais são, no mínimo, ridículos.

ITÁLIA

Vinhedos: 590.000 hectares

Produção: 42.000.000 de hectolitros

Viticultores: 240.000.

Comparando, os números apresentados, qualquer indivíduo, com mais de três neurônios, em bom estado, perceberia que a possibilidade de o vinho brasileiro, em uma degustação às cegas, superar o concorrente italiano, seria tão provável quanto o  maranhense, “Tuntum Futebol Clube”, golear o Real Madrid.



É sempre bom lembrar que 80% da produção vinícola nacional provêm de uvas não viníferas.

 O quase-vinho mais vendido, nos últimos 9 anos, no paraíso tropical e abençoado pelo deus Baco, é aquele insulto à enologia, produzido pela Vinícola Campestre, que atende pelo nome: “Pérgola”.



É fácil perceber, então, que dos 2,7 litros, de vinho per capita/ano, consumidos pelos quase-enófilos brasileiros, 2,15 litros são de Pérgola, Dom Bosco, Chalise, Cantina da Serra, Sangue de Boi, Mioranza e outras tremendas-bostas da vida (fácil?).

É sempre bom lembrar, também, que uma garrafa, do insulto à enologia, “Pérgola”, custa R$ 23 e uma garrafa de Barbera, na Itália, é levada para casa por R$18.



O que posso responder, então, para nosso revoltado e indignado eno-patriota gaúcho que escreveu o seguinte comentário?

Anônimo30 de janeiro de 2025 às 14:25

Dizer que so ha vinho caro, ou ruim e feito por predadores no bananal do sul ultrapassa ignorancia.

 

Caro defensor dos bravos e abnegados produtores de quase-vinho, que você defende com paixão, encha um contêiner com as renomadas e soberbas garrafas gaúchas, catarinenses, paulistas, mineiras, paranaenses etc., viaje pelos países europeus e tente vende-las pelos preços praticados no Brasil.

Exemplos: Maria Valduga Brut R$ 549 (91 Euros)

                          Storia Merlot R$ 490 (81 Euros)

Lidio Carraro – Singular Nebbiolo R$ 726 (120 Euros)

                        Singular Teroldego R$337 (56 Euros)

Miolo -             Sesmarias R$1.238 (206 Euros)

                        Lote 43 R$673 (112 Euros.

Por respeito à inteligência e bom senso dos leitores de B&B, deixo de publicar o preço do espumante Miolo: Under The Shit”.



Garanto que, em menos de um mês, você retornará ao “bananal” com o contêiner ainda e totalmente cheio de brasileiras garrafas (o saco, então, nem se fala.....).



Tenho certeza que, após a amarga experiência comercial, passará a direcionar seu entusiasmo patriótico à defensa da soja, carnes, café, alpargatas, minérios, açúcar, cachaça, cerveja etc.

Nenhum Italiano, mesmo com o QI de uma ostra, compraria um Teroldego brasileiro por 56 Euros, pois em qualquer supermercado é fácil encontrar o original italiano por 5/10 Euros.


O mesmo discurso vale para os outros insultos aos bolsos dos enófilos brasileiros produzidos pelos predadores gaúchos.

 


Mais uma observação: Em qualquer boteco, de qualquer aldeia, perdida no meio do nada, em Portugal, Espanha, França e Itália, há vinhos em taça.



Em 99% dos bares, espalhados pelo Brasil (capitais inclusas), nunca e ninguém conseguirá beber um copo de vinho.

 Em compensação, em qualquer biboca, até do Maranhão, há cerveja e pinga à vontade (Brasil é o 3º maior consumidor de cerveja do planeta).

Viva a pinga, viva a cerveja!


Caro defensor do “vinho-bananal”, acho que o consumo excessivo de Pérgola está destruído o restante de seus raros neurônios......Vá de cerveja   

Dionísio

  

 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

GASTURA

 


Bem que a redação de Bacco & Bocca tenta não bater na mesma tecla, mas a vida do enófilo brasileiro insiste em ser uma merda. 

Faz uns dez anos que parei de ler notícias sobre política, economia e cultura brasileiras, pelo simples fato de que, como dizem no Nordeste, o país me dá gastura.

 


 No caso dos vinhos, a alienação é a mesma, exceto pelas matérias e temas que pipocam por aqui – e, vá lá, nem sempre acesso as últimas novidades dos predadores que dominam o mercado brasileiro.

 


Nos comentários à receita de “Ravioli al Vino Bianco”, postada por Bacco, um comentarista, anônimo, deixou o link para a “Premium Tasting – Wine Education”, degustação de nome pomposo e com a ambição de educar seus participantes.

 Não resisti e fui ver do que se tratava.

 


Pu#*C7#!§

 

Era melhor que não tivesse visto: o evento anuncia que seus participantes, durante quatro horas, no dia do encontro, “...terão a oportunidade de degustar 39 vinhos selecionados, apresentados em degustações às cegas divididas em 6 flights”. A experiência será acompanhada por minipratos harmonizados”.

 


Pela brincadeira, a ocorrer em 24 de abril, os organizadores (aparentemente, três famosos sommeliers de São Paulo), da Premium Tasting – Wine Educationpedem nada módicos R$ 1.350 – ou, ao câmbio de quando este texto foi escrito, 223 Euros....

Nada menos do que 90% do recém-reajustado salário-mínimo brasileiro.

 


Melhor sorte (e menor gasto) têm os portugueses: entre os dias 21 e 23 de fevereiro, a Alfândega do Porto abriga a edição 2025 da “Simplesmente... Vinho”, que congregará 101 viticultores da Península Ibérica apresentando o melhor de suas produções e que, agora, terá um mini especial dedicado ao Jerez.

 


Para participar da Simplesmente... Vinho, o enófilo lusitano terá de desembolsar entre 21 e 27 euros, a depender do dia escolhido, ou pode, por 54 euros, adquirir um passe para os três dias.

 A comida não está inclusa, mas é o de menos: os 27 euros do ingresso, do sábado, dia em que evento custa mais, representa menos de 4% do salário mínimo líquido português (774 Euros).

 


O risível mundo dos vinhos no Brasil é mesmo de dar gastura...